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Mostrando postagens de junho, 2009

TEVES E FELIPE NA VISÃO DE UM CANÁRIO

Estávamos, como de costume, tomando a nossa cervejinha do final de semana, no Para-Raio’s Bar, quando o amigo Canário adentrou ao recinto e na bucha perguntou: - O que vocês acham do Carlitos? Fiquei meio embuchado e não respondi, achava que viria por ali mais uma gozação do Canário. Motta, mais distante por ter ido ao banheiro, chegou e ouviu somente o final da pergunta e soltou em seguida: - Foi um dos maiores gênios que vi e um dos pais do cinema moderno. Respondeu achando que satisfazia seu amigo. Não satisfeito com a resposta o entrante Canário devolveu. – Ele pode ser gênio, mas ainda não jogou nada no Corinthians. Vocês estão acompanhando o noticiário, os argentinos estão liquidando o Coringão. Dei uma boa gargalhada e a conversa chegou a todas as mesas e ao balcão, onde Paulinho e Flavinho morriam de rir e colocaram mais fogo na conversa, que começava a ficar animada depois de uns momentos de grande silencio proporcionado pela falta de assunto provocada pela decadência do fute

PINTINHO - O ATAQUE DO CÉU GANHA REFORÇO

Hoje, ao cair da tarde, encontro o bravo Ermenegildo Solon em estado deprimente. Bêbado, apenas resmungando e dizendo frases desconexas. Aproximo-me, um pouco preocupado, e vou aos poucos tentando tirar de sua alma o motivo para tanto desespero. – O que está havendo, parceiro? – Nada. Nada. Deixe-me em paz. Quero curtir a minha dor aqui nesta mesa de bar. Desabafa o doloroso Solon. Motta, que está por perto há algum tempo, apenas acompanha e ao ver que não dá para tirar nada do velho amigo ele tenta entender o que está acontecendo. – Dutra, eu tentei. Garanto que fui simpático, aconselhei e nada. Não tirei uma silaba completa do nosso Solon. Ele não está bem, é melhor chamar o Scilion, que se não resolver o problema pelo menos aplica uma injeção e o faz adormecer. - Chamar Scilion coisa nenhuma. Esbraveja Solon, já mostrando que pelo menos está entendendo o que se passa ao seu redor. – Papa, diz para ele o que está se passando, estes caras não sabem de nada e ainda querem se intromet

OS SOUZAS - UMA FAMÍLIA DE CRAQUES

Vários são os irmãos que brilharam juntos, no futebol brasileiro. Na nossa Miracema o trio Moreira (Zezé, Aymoré e Airton) é o mais famoso entre todos e chegaram ao topo do sucesso dirigindo e jogando em vários clubes de ponta do futebol brasileiro. Outros irmãos se destacaram jogando no Tupã, Esportivo, Miracema, mas ninguém fez tanta história do que a família Souza. Estou há dias tentando escalar um time, dos bons, só com irmãos e sobrinhos, mas tenho medo de cometer injustiça, até puxei um papo com um dos integrantes da turma, porém o tempo foi curto e não pude trocar um dedo de prosa com o Valdir. Assim, meio ressabiado com o que pode acontecer, tento colocar prá vocês um time, que dificilmente seria batido se todos tivessem a chance de jogar juntos. João fica no gol, afinal foi ali que ele jogou durante um bom tempo. Na lateral direita Clóvis, no fundo de zaga Valdir e Zé Augusto; o Ataíde completa a defesa formando na lateral esquerda. Até aí tudo bem, tudo bem colocado, sei qu

UM TRISTE DOMINGO DE CARNAVAL

Na sexta-feira, logo após o treino do Operário, ele vestia sua fantasia surrada, calçava os sapatos velhos, e acertava os apetrechos da “mulinha” junto ao pequeno corpo. Estava pronto para cinco dias de folia e brincadeiras, que começava naquele momento, dezoito ho ras da sexta-feira, e só terminava por volta das dez da manhã da quarta-feira de cinzas. Este personagem é o Nenenzinho, ponta direita habilidoso, goleador, apesar do tamanho, pelo apelido vocês devem perceber que era mignon, por isso atuava pelas laterais do gramado. Neném era uma figura folclórica. Jamais fez mal a alguém. Brincava sozinho, no verdadeiro bloco da solidão.  Sua alegria era a fuga de uma vida sofrida, barbeiro por profissão, não dava conta do trabalho, o vício do álcool o impedia de manusear com cuidado uma tesoura ou uma navalha, mas não o impedia de fazer as duas coisas que mais gostava na vida, a bola e o carnaval. há alguns anos sua “mulinha” estilizada já não tinha a alegria de outros carnavais, Nenenzi

UM MIRACEMENSE NO EXÍLIO

Creio que pela primeira vez, em quarenta e três anos, estarei ausente da maior festa dos miracemenses. Levado por uma recauchutagem coronariana, realizada em março, no excelente Hospital São José do Avaí, em Itaperuna, estou vetado pelo Departamento Médico das solenidades, dos shows, dos chopes e do bate papo com amigos presentes e ausentes nestes cinco dias de festa na cidade. Não sei se vou entoar a “Canção do Exílio”, do poeta maranhense, Gonçalves Dias, motivação para isto não me falta, afinal minha residência, em Campos dos Goytacazes, está situada na rua que lhe toma emprestado o nome famoso, ou se vou reviver o tempo de solidão, na Cidade Maravilhosa, quando declamava um verso do poema de Fernando Nascimento, que diz: “Quando a lua desce aqui no Rio, eu sinto ânsia, sinto angústia, sinto frio. Quando a lua surge cor de prata, eu relembro Miracema em serenata”. Não sei se na minha terra os sabiás gorjeiam como na terra de Gonçalves Dias, mas as palmeiras estão lá, mesmo danificad

O DIA SEGUINTE DE UM TRICOLOR APAIXONADO

Silencio, por favor, enquanto esqueço ouço a dor do peito. Não diga nada sobre meus defeitos, eu não me lembro mais o que me deixou assim. Desta forma o vascaíno Paulo César Farias, o Paulinho da Viola, narra algum sofrimento passado em sua vida, e desta forma, algum tricolor pode estar cantando desde quarta-feira, após a decepção da perda de um título comemorado antecipadamente. Algum menino, carregado pelas mãos fortes de um pai tricolor, dizia alegremente ao subir a rampa do Maracanã: “Tinha eu catorze anos de idade, quando meu pai me chamou. Perguntou-me se eu queria estudar filosofia, medicina ou engenharia”, e o animado guri, ainda sonhando acordado, dizia quere ser jogador de futebol e tricolor. Sonho de qualquer menino de catorze anos, sonho de quem vê um grande time em fase ascendente. Tudo muito natural. Na saída do antigo maior do mundo o guri, já solto das mãos do triste pai, ouve atentamente o homem se lamentando após alguns, bota alguns nisto, goles de conhaque misturado

UM ÁRBITRO TEM UM POUCO DE GUARDA-DE-TRÂNSITO

Li, recentemente, um artigo do campineiro (nascido em Campinas/SP) Valter Mariano, que falava sobre as coincidências dos gestos dos árbitros de futebol e o antigo guarda-de-trânsito. Sim, os antigos, pois os modernos não usam mais aqueles uniformes bonitos e não são exatamente guardas-de-trânsito, são funcionários das prefeituras lotados nesta função e que podem, sem problemas, exercer outras tarefas indicadas pelos seus superiores. Hoje homenageio dois personagens: um de minha infância, Marino Silva, e outro mais atual e campista, Jaburu. Marino Silva era um mulato alto, falante e que trajava sempre uma farda branca, bem vincada, lindamente passada e com detalhes em ouro e prata nos ombros e nos bolsos. Seu apito de som mavioso, era fino e de cor prateada e o silvo (ou trilhar) era ouvido com clareza. Jaburu, flamenguista e alvianil apaixonado, era o símbolo da simpatia e da competência de um organizador de trânsito. Por onde passava era cantado em verso e prosa. Estes dois policiai

SOLON VOLTA A MIRACEMA

Num final de tarde, ainda com muito sol devido ao horário de verão, sentávamos eu e o Solon, um velho amigo, à beira de um meio fio, em qualquer ponta da cidade, e proseamos como dois guris, como se tivéssemos acabado de sair de uma roda de bola de gude. Sólon, mais experiente, me falava sobre os carnavais de Miracema, que por sinal lembro-me muito bem até dos pequenos detalhes. Meu amigo, muito mais vivido - foi parceiro do Polaca em andanças por estes morros afora atrás de um rabo de saia- sente na pele o que o fim de uma tradição. - Aqui, conta com lágrimas nos olhos, apontando para a rua em frente à calçada onde estávamos, nos reunimos para o melhor baile da cidade. A matinê do Primavera -nos altos do Cinema Sete- tinha um glamour todo especial. A orquestra - naquele tempo havia orquestras- iniciava o pula-pula exatamente às três da tarde e por lá já estavam a fina flor da malandragem e o que havia de melhor na sociedade alternativa. Quem tinha mais posse frequentava o Aeroclube, o

UM TREM PARA MINAS

O “seu” Albino, um pacato cidadão mineiro, 94 anos de idade, 60 de serviço público, lúcido com um adolescente de 15 anos, é um dos mais animados na viagem entre Vitória/ES e Governador Valadares/MG. O bom velhinho, apelido conquistado pelo “Seu” Albino na viagem, traçava de tudo que lhe era oferecida pela “ferromoça”, no bom sentido é claro, e não se cansava de emitir opinião sobre o que está acontecendo no país. Sobre o referendo, que tivemos neste final de semana, “Seu” Albino foi claro: “Não há como votar no sim. Moro, sozinho, em um sítio às margens do Rio Doce, e preciso de minha velha carabina para me defender dos larápios”. O homem contou que devido a sua grande experiência com armas, serviu ao Exército Brasileiro durante 35 anos e foi um dos heróis brasileiros em solos italianos durante a Segunda Guerra Mundial. Uma opinião esportiva do “Seu Albino” ficou atravessada até o retorno, no domingo, quando senti a profundidade de seu comentário. “Ninguém muda de mulher por acaso

UM SENHOR JUIZ

Emilio era um perna-de-pau de nascença. Filho de um zagueiro botinudo e que um dia ousou pensar em seleção brasileira, Emilio era a frustração de uma família de boleiros. Todos os tios e o pai, claro, vestiram a camisa grená do Tupã e um dia sentiram o gostinho de ser ídolo do time da Nilo Peçanha, muito embora nenhum destes tenha jogado uma bola como os caras da família Souza, estes sim, craques e, o piorzinho, era melhor do que qualquer um dos esforçados jogadores da família Azevedo. - Chuta a bolinha, chuta a bolinha! – o pai pedia, de frente para a cria. E o menininho, três aninhos de idade, chutava... a metros de distância de onde o pai estava. Este insistia nos exercícios de coordenação motora com os pés do filho, enquanto a mãe achava que o talento dele era outro. Bem parecido com o filho de um famoso cronista esportivo conhecido de vocês. No Natal de 88 uma surpresa. A criança, então com doze anos, recebeu um presente inusitado. Um apito. Isso mesmo, um pequeno apito de latão,

MAIS TIME DOS SONHOS

Minha caixa postal ficou cheia de e-mails comentando minhas crônicas “O Time dos Sonhos”. Sinceramente, eu não pretendia polemizar e muito menos buscar mais nomes para ilustrar minhas colunas, mas devido aos pedidos de amigos leais e que têm por mim uma simpatia muito grande, recíproca verdadeira, começo a sonhar com os navegantes/leitores e juntos vamos passeando pelo passado e traçando um paralelo com o que há de bom nos dias de hoje, que deve ser muito pouco, ninguém fala sobre jogadores do presente e sim do passado. O Rubeni Brandão me cobra umas palavras sobre o Juarez Beiçola, um grande jogador que atuou no Miracema FC, dirigido pelo Jair Polaca. Juarez era daqueles meias, estilo Ademir da Guia, que parecia lento, mas quando o Milton Cabeludo descia em velocidade o cara o descobria e enfiava aquela bola com açúcar e afeto para que o maior artilheiro da cidade em todos os tempos, apenas descobrisse o caminho das redes. Boa, Rubeni. O Juarez merece ser lembrado neste time. Ele e o

O JUÍZ HONESTO PAGOU POR SEU ACERTO

Pedro Paulo Rosa era o árbitro mais famoso de toda região. Respeitado por muitos e odiado por poucos, tinha na competência e na honestidade sua marca registrada. As partidas mais importantes, seja em que cidade fosse realizada, lá estava PP para comandá-las. Mesmo quando apitava os clássicos locais e cheios de rivalidades, suas atuações eram elogiadas e marcada pela decência e imparcialidade. Pedro Paulo Rosa estava se tornando uma lenda viva do apito e até foi cogitada a sua filiação no quadro de árbitros da CBD, naquele tempo ainda era a Confederação Brasileira de Desportos. Inauguração dos refletores do estádio de Paraíso das Flores, sonho antigo dos desportistas daquela localidade. A liga programou o clássico do lugar, Paraíso EC x Flores FC, coincidentemente a decisão do Campeonato Rural, que envolvia times da zona rural e dos distritos do município, e por exigência do Paraíso, que tinha o mando de campo, foram buscar PP, um árbitro incorruptível, para comandar a partida, que teri

A paz do jardim e a fonte luminosa

Estou plugado no computador e navegando pelo mundo a procura de novidades ou mesmo um pouco de cultura. Abro o e-mail e vejo a cobrança do Nelson Barros, nosso gerentão daqui do Dois Estados.  – Caro Dutra, estou esperando pela coluna. Pego de surpresa começo a procurar por algo diferente para contar para os amigos e não encontro. A cabeça não anda nada legal e é preciso concentração para escrever, principalmente perto do Natal, quando a turma está pensando na festa de amigo oculto, nos presentes da (o) amada (o) ou até mesmo perder um tempinho para olhar as vitrines. E aí eu me pergunto: Será que as vitrines da Rua Direita estão coloridas este ano? Tomara. E nesta de olhar e-mail abro um bem feito, me enviado pela mana Celeste, que me faz algumas perguntas interessantes e repasso aos amigos da coluna, que por sinal hoje está estreando uma cara nova, tem até foto para eu me lembrar de um dos cartões postais mais bonito da cidade, a Fonte Luminosa, que eu vi ser inaugurada ao l

Micaela - A Gazela Negra do Basquete

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Enquanto assistia aos jogos de basquete, do Pan, pensava em qual seria a definição que usaria para homenagear Micaela, a leve e solta atleta miracemense do esporte da cesta. Encontrei algumas, mas existia uma diferença básica entre o meu pensamento e a realidade. Eu pensava em poesia, mas o time brasileiro não era nada poético e obrigava o trio Janeth, Adrianinha e Micaela a matar um leão por jogo. E neste caso o que eu mirava para minha conterrânea foge dramaticamente de um leão. Pensava em um animal veloz, que tivesse na inteligência a sua grande arma. Pensava apenas, porque não encontrava este ser no mundo da floresta. Pensei em vários, mas me fixei em apenas um, que fugia como um coelho assustado foge do Rei Leão. Foge porque o esforço físico não é a dele, mesmo porque, estes animais normalmente são magros e, na época em que não havia os preservadores, morriam as centenas, diariamente, ora triturados pelos predadores naturais, ora caçados impiedosamente pelos homens, o mais ter

GOLAÇO AS ESCURAS

Numa destas caminhadas matinais, que passo pelo centro e revejo vários amigos, dou um tempo na Banca do Calçadão para um dedo de prosa com o Orlandinho Santana, dono de um repertório de “causos” de fazer inveja a grandes contistas do esporte. Tem dias que ficamos horas e horas em pé, em frente a banca, só podia ser em um local destes a nossa prosa, falando de futebol, do passado, dos filhos e do momento atual do Brasil, aí em todos os sentidos –esportivo e político- e chegamos a conclusão que no nosso tempo era bem melhor. Orlandinho me conta uma história, eu lhe conto outra e paramos para relembrar mais uma dos tempos da Lapa, onde as peladas eram disputadas ao estilo de decisão de mundial e os participantes, muitos ainda entre nós, deixaram pérolas como esta que transcrevo a vocês, vividas –com o Genuíno em destaque- em um dos estádios da baixada campista. Finalíssima de campeonato e os donos da casa, o Operário, precisava desesperadamente da vitória. O empate daria o título ao arqui

O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Um dia chego a casa mais cedo, tive um dia cheio e enervante no trabalho, e encontro uma cerveja na geladeira, um petisco fresquinho sobre a mesa e uma pergunta: O Flamengo joga hoje? Com a resposta afirmativa minha mulher faz outra pergunta. Posso convidar uma amiga para assistir contigo? Ela, sabendo que não gosto de dividir o sofá com mulheres, em dia de futebol fica bem claro, jogou um charme e, a cerveja era chantagem, para que pudesse aceitar o pedido todo especial, que diga-se de passagem aceitei sem nenhum contragosto, afinal era a Deca, nossa prima, que estava na cidade nos visitando e queria ver o seu Flamengo jogar. Deca é daquelas que sabe tudo do esporte, assim como a minha mana Teresa, que compra pacote do “paga prá ver” do Brasileiro, do Carioca e até do Paulista. Deca, a nossa Angélica, é fera como o mano Zé Renato. Sabe tudo sobre qualquer esporte e tem sempre uma resposta pronta e assunto diverso, sobre o mundo dos esportes, para colocar em discussão, e não perde uma.

FESTA DO PEDAL

Seis de agosto é um dia especial para o campista, principalmente os mais tradicionais e amantes do ciclismo. Hoje, por ser domingo, é mais especial ainda. Seis de agosto é dia de sair de casa cedo, colocar uma roupa esporte e ir para a Pracinha do Canhão ver a largada da mais tradicional prova ciclística do país, a Prova Ciclística do Santíssimo Salvador, criada e comandada por décadas por este fabuloso Gerardo Maria Ferraiolli, o Patesko, mentor único desta conceituada competição. Hoje é dia de lembrar de José Nunes da Fonseca e suas histórias sobre a prova e seus comentários sempre bem humorados no palanque da Campos Difusora. Dia de ficar perto de Pessanha Filho, o monstro sagrado do radialismo campista, para escutar os causos de pedalistas e chefes de equipes que por aqui passaram durante as mais de sessenta provas (este ano é a 62º) e, acredito eu, que Pessanha tenha participado de quase quarenta destas como repórter especial da cinqüentenária Campos Difusora. Não tenho muitas his

Futebol de Botão, a alegria de Micão

Quem não sonhou, pelo menos em uma madrugada mal dormida, em se tornar um craque de futebol? Eu, que um dia tive a oportunidade de mostrar um pouco de talento, ainda sonho com a fama e o prestígio de um craque da bola, não só da bola número cinco, do futebol, mas de vez em quando me vejo com dois metros de altura, uma envergadura de fazer inveja a Magic Johnson e com uma bola laranja (de basquete) nas mãos. É o sonho de quem quer fama. Você nunca sonhou assim? Nem com uma bola branquinha de vôlei? Mas algumas crianças sonham mesmo é ser craque das peladas de rua, encantar as garotas vizinhas, ser observado, por olheiros de algum time grande, que possam passar por ali naquele momento em que está marcando um golaço ou fazendo uma assistência espetacular. Todos sonham. Sonhar não é proibido e, por enquanto, ainda não pagamos por ele. Meu amigo Micão, desprovido de habilidade com qualquer bola, não sonhava nem com futebol, nem com basquete ou voleibol, de vez em quando ele dava um

DE PAI PARA FILHO UMA PAIXÃO PELO FUTEBOL

Na década de 80, quando o Botafogo amargava um longo jejum de títulos, Arthur, meu cunhado, sofria com a eliminação de seu time. Um belo dia virou para o pai e disse: "Agradeço ao senhor tudo o que tem feito por mim. Pela minha formação, minha educação, mas não posso lhe agradecer pelo time que você me influenciou a torcer e que há muitos anos só me faz sofrer". Logo depois desse desabafo Arthur ficou triste, foi uma das raras vezes (ou a única) que ele viu o velho Olavo com um olhar triste em sua direção. Ele não respondeu, mas pelo olhar de decepção a resposta estava dada. ”Agora, mais maduro, entendo o seu comportamento. Lembro-me perfeitamente todo o tempo que meu pai perdia falando de futebol comigo e a paciência de discutir o que estava escrito nos jornais. Até hoje, depois de qualquer jogo eu me pego lembrando e ávido para ele para comentar a partida, mas ele está longe, em outra vida e de lá só pode ouvir as minhas lamentações”, diz meu cunhado Arthur. O Silvinho, pri

O último gol de Belisca

Os apostadores de plantão no Estádio Plínio Bastos de Barros adoravam um papo de bola após as rodadas do Campeonato Municipal. Neste domingo, quente e morrinhento - a tevê não mostrava nada naquele tempo - o passatempo eram as fofocas e as discussões sobre o futebol local e sobre o que de melhor aconteceu na rodada.  A turma se reunia, sempre no mesmo horário e no mesmo boteco do João Custódio, depois de algumas rodadas de cervejas e pingas a conversa, que parecia querer esquentar, caiu no melhor momento do jogo preliminar, aquele esquenta sol jogado por volta das 13h e que tinha como adversários o Flores e Comércio, que esfriaram o sol e, quem viu jamais vai esquecer a cena pra lá de interessante. O Vicente, ex-jogador do Miracema, acostumado a ver cenas incríveis, não se conteve e ironizou o assunto em pauta. -Meus amigos, isto que aconteceu não é novidade alguma, o Tote, goleiro do Comércio, sós traz problemas para o time.  Quando não é um frango é uma cena hilarian

PIMBA NA GORDUCHINHA *

Campo do Ginásio, quatro horas da tarde. Segunda-feira de calor insuportável. Dois times no campo e mais dois de fora esperando a vez. O gramado, castigado pelas chuvas de verão, tinha o centro totalmente cercado pelo barro, que como um clarão vermelho, provocado pelos pés descalços da turma, era cercado pelo barranco, no lado direito de quem sobe; pela chácara, do lado direito de quem desce, e pela moradia atrás do gol de cima, que possuía um matagal silencioso e muros bem altos. A bola Drible branquinha, novidade da época, rola pelo gramado ruim e enche nossas vidas, humildes e bem vividas misturadas, democraticamente divididas em com ou sem camisas. Garotos com ou sem futuro misturados para conquistar a verdadeira liberdade, uma vitória em uma pelada no campo do Ginásio. O primeiro chute errado e a bola, branquinha, cai por cima do muro da moradia. Faz-se um silêncio total. O medo de não ter o retorno da Drible provoca arrepios na garotada, principalmente em Hamiltão, autor do chu