A paz do jardim e a fonte luminosa

Estou plugado no computador e navegando pelo mundo a procura de novidades ou mesmo um pouco de cultura. Abro o e-mail e vejo a cobrança do Nelson Barros, nosso gerentão daqui do Dois Estados. 

– Caro Dutra, estou esperando pela coluna. Pego de surpresa começo a procurar por algo diferente para contar para os amigos e não encontro. A cabeça não anda nada legal e é preciso concentração para escrever, principalmente perto do Natal, quando a turma está pensando na festa de amigo oculto, nos presentes da (o) amada (o) ou até mesmo perder um tempinho para olhar as vitrines.

E aí eu me pergunto: Será que as vitrines da Rua Direita estão coloridas este ano? Tomara. E nesta de olhar e-mail abro um bem feito, me enviado pela mana Celeste, que me faz algumas perguntas interessantes e repasso aos amigos da coluna, que por sinal hoje está estreando uma cara nova, tem até foto para eu me lembrar de um dos cartões postais mais bonito da cidade, a Fonte Luminosa, que eu vi ser inaugurada ao lado do Dua (Dr. Eduardo Faver).

E por falar em amigos, como o Dua, eu pergunto a você, caro leitor. Quantas vezes você andando pela rua, sentiu um perfume e lembrou de alguém que você gostava muito? Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e se imaginou lá com alguém, que você gostava muito, do seu lado? Lembra quantas vezes você voltou naquele lugar onde você começou uma das melhores fases da sua vida?

É isto. Eu pedi ao Laelson para colocar esta foto justamente para eu me lembrar de um lugar que adoro.Todas as vezes que estou na Terrinha compro o jornal ali na Banca do Souza, pertinho da Igreja Matriz, e sento-me bem em frente a Fonte Luminosa e fico fingindo que estou lendo. Vejo o ir e vir de grandes amigos, pessoas desconhecidas (para mim, é claro), meninos correndo pelas cercanias ou entrando e saindo do nosso parquinho de diversões. Vejo o tempo voltar e esqueço a leitura do jornal.

E continuo a ler o e-mail enviado pela Celeste e mais uma vez retorno o pensamento para o jardim e para Fonte Luminosa. Ali fico observando o ir e vir das pessoas e digo, comigo mesmo, tentando me relacionar com os transeuntes. 

Quantas vezes você olhou para uma pessoa nas ruas e pensou: -Eu te conheço de algum lugar!?  Alguma vez você notou que alguém precisava de ajuda e simplesmente não fez nada e algum tempo depois quando você precisou aquela mesma pessoa te ajudou? Quantas vezes você já abraçou seus amigos?

Abraços. Isto é o que não falta quando chego por aí, meu povo do esporte ou do dia a dia. Sinto falta destes abraços apertados, fraternos e que chegam assim do nada e que dizem tantas coisas que não sei dizer no momento. 

Abraços. Nada melhor do que um abraço amigo vindo do nada, assim sem querer, simplesmente por querer abraçar e ser abraçado. Abraço distante, mas com muita saudade, como eu e o Otto Guilherme Moura trocamos pelo telefone em um dia destes. É muito bom ser abraçado por amigos. Concorda comigo?

Mas acordando e saindo da fantasia que a saudade da Santa Terrinha provoca, me vejo novamente aqui na minha rua, a Gonçalves Dias, onde máquinas fazem um barulho enorme, estão asfaltando a bendita, e o ronco dos motores me tiram do sério, atrapalham a minha música lenta.

Cá estou a ouvir a Rádio GNT, onde o jazz e a música brasileira têm espaço, esta paz que acabou, me levava a sonhar acordado com os amigos da Santa Terrinha que queria rever no Natal, mas tudo acabou com a explosão de um cano dágua, que foi bombardeado pela pá mecânica e a paz, que era tão sublime quanto a encontrada no nosso jardim, foi embora e o pensamento, que era tão legal, foi interrompido pelo assustador grito da vizinha, que aos prantos chegava à janela perguntando o que era aquilo. 

Desliguei o computador e fui tirar o carro da garagem, afinal os homens querem transito fechado e a obra interromperá por pelo menos mais cinco dias e, enquanto dura, a música suave e as lembranças junto ao computador estão também interrompidas

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