As badaladas da Ave Maria





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O Casal Vicente e Maria 
São várias lembranças que me fazem buscar ocomputador e escrever, antes de que desapareça de meu pensamento, sobre o cair da noite, ou o cair da tarde na linguagem poética, principalmente de Augusto Calheiros em sua Ave Maria, datada de 1953, e que fez um punhado de senhorinhas, que sentavam à beira da calçada, suspirarem com a passagem do seu possível par romântico nos bailes da vida. Pode ser também a angústia que me bate nestes períodos, lembrando dos dias solitários no Rio de Janeiro, quando pensava em Miracema e declamava os versos de Fernando Nascimento: 

"Quando a lua desce aqui no Rio, eu sinto ânsia, sinto angústia, sinto frio. Quando a Lua nasce cor de prata eu relembro Miracema em serenata."E seria a lembrança de minha mãe, que nesta segunda-feira, 29 de julho, completaria o seu centenário, que não será comemorado em vida, mas a lembrança das velas acesas, para esperar as dezoito badaladas, que na verdade eram as seis badaladas da manhã repetidas à noite, e que também sentia um pouco de temor com este cair da tarde, ou da noite, como queiram. 

Sei que a música, a Ave Maria, tocada na Rádio Mundial, todos os dias, para lembrar que já chegávamos às dezoito horas, e neste momento, eu e meu avô Vicente, nos aproximávamos do rádio e eu irritava o velho amado e querido Vovô, cantando a música do Augusto Calheiros, sempre o mesmo verso, aquele que ele mais gostava e sempre era cantado por minha vó Maria: "No alto do campanário, uma luz simboliza o passado. De um amor, que já morreu. Deixando um coração, amargurado". E, depois de muitos anos, já velhinho, ele me revelou que a música o irritava porque a vó sempre pensava naquele amor de juventude e nunca nenhum dos dois confirmava, ela dizia que era invenção dele e eu acreditei nos dois. 



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