Papo de Futebol - No Armazém tem craque

 

Há muito tempo não escutava uma prosa tão pessoal, naquela base do "eu fui...", "eu sou..." " eu sou f...", e, como sempre, foi no nosso buteco, o Armazém que se transforma em bar ao cair da noite, que Ricardinho, muito sumido do pedaço, reapareceu em alto estilo e, como sempre, ninguém fala e ninguém o supera. 

- Por onde andou, meu amigo? Penguntou Fernandinho. 

- Estive trabalhando, sou olheiro do meu Vasco da Gama, e ando por aí em busca de novos talentos e a indicar jogadores para o clube. Hoje a despesa é por minha conta, recebi a comissão pela indicação de Pedro Raul, aquele centro avante do Goiás, para os diretores da SAF. 

Acho que o rapaz se esqueceu que à mesa estavam alguns bem entendidos do negócio chamado futebol e a Internet nos traz notícias diárias e não mais aquelas velhas histórias de Goytacaz e Americano, que o usavam para buscar jogadores pelo interior, coisa que os dirigentes jamais confirmaram mas a turma deixava passar por ser ele, Ricardinho, um cara do bem e apenas falador demais. 

Mas esta de indicar Pedro Raul foi demais, pior até daquela que ele contou depois de copo e meio de cerveja alternados por uma boa pinga. 

- Dutra, lembra quando fui para o Nacional, do Uruguai? Que fase boa que eu estava, só não fui para seleção por causa do meu joelho bichado. 

Todo mundo olhou esperando minha confirmação, ou não, e eu, quieto estava quieto fiquei, nem sequer balancei a cabeça. Fui ao banheiro e quando voltei ainda de tempo para ouvir o falastrão: - O Dutra tá meio gagá, nem lembra mais do que ele já falou no rádio dos meus tempos de craque do pedaço. 

Saí e fui para casa ver o jogo das dezoito horas na televisão. Forte demais este Ricardinho. 

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