Crônica de um Fla x Flu inesquecivel

 Domingo, dia internacional do futebol, e este escriba resolve atender a “patroa” e deixa o gravador no ponto, para gravar o Fla x Flu, e parte para Atafona para ver a maravilhosa Rita Lee. Duas medidas sensatas e decisivas para quem está evitando emoções. O show foi relaxante e, apesar da multidão, foi super agradável e sem problemas no entorno. 


O jogo foi eletrizante e com doses de emoções não recomendadas a um safenado. Fiz a troca certa. Deixei o jogo gravando no DVD e parti para São João da Barra, certo de que não conseguiria meu intento, de ver o vídeo, sem saber do que acontecera no Maracanã. As tevês por assinatura se proliferaram entre nós e em cada canto deste país há um televisor ligado nestes canais pagos, que transmitem o futebol pelo Brasil inteiro. Final de show, no Balneário de Atafona, e final de primeiro tempo, no Maracanã. 

O povo, saindo feliz da festa proporcionada por Rita Lee, tinha duas caras: Aqueles que envergavam a camisa tricolor, com orgulho, cantavam mais alto as músicas da musa do rock and roll. Por outro lado, os que vestiam, não tão animados assim, o manto rubro-negro, saíram de um jeito chororô do balneário. As feições das torcidas mostravam uma possível derrota do Flamengo, na virada do primeiro para o segundo tempo. Entramos no carro e o que não queria ouvir aconteceu: “O Fluminense está vencendo por 2x1”, me disse Lucinha, mãe de Karine, uma flamenguista apaixonada.

 É pode ser, respondi, ouvi três gritos de gols ali no Quiosque Posto 4. Mas não havia certeza, poderia ser 3x0 para um dos dois ou até mesmo 2x1 para o Flamengo. Os gols saíram, mas qual seria o placar do primeiro tempo? Não procurei saber, o vídeo estava em casa, me esperando. O transito estava infernal no caminho para casa. A estrada São João da Barra x Campos, com 35 km do centro até a minha casa, foi atravessada em exatos 55 minutos, tempo suficiente para que o jogo do Maracanã se encerrasse e ouvir, no engarrafamento, um grito de Nense e uma ou duas bandeiras tricolores tremulando nos tetos dos carros. 

 - Perdemos o jogo, Karine. O Fluminense venceu o clássico e lidera o Grupo A da Taça Guanabara, comentei ainda ali em Cajueiro, onde o engarrafamento era pior. Chegamos a Campos e o jogo, na tevê e no Maraca, ainda tinha alguns minutos, a tevê, ligada ali nas imediações do Braseirinho, perto da Uenf, ainda reunia em seu entorno algumas dezenas de torcedores. Mais um pouco a frente a multidão começava a se espalhar e isto era sinal que o jogo terminara. Aumentei o volume da música, no rádio do carro, para não captar as emoções dos torcedores, mas o que vi, nas proximidades da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, me deu a certeza de que o Flamengo virara a partida. 

Olhei de soslaio e vi uma bandeira rubro-negra nas mãos de um torcedor, em uma bicicleta, e disse para a Marina: - O Flamengo virou. - Como você sabe disto? Indagou Marina. - Simples, ninguém sai às ruas, após uma derrota em um jogo como este, tremulando uma bandeira. E, ao chegar à casa, abri uma geladinha e liguei  a televisão, pude ver todo aquele espetáculo nas arquibancadas, no gramado e no vestiário, onde Andrade virou o jogo com duas alterações inteligentes e ousadas. Sacou Petkovic, que não jogou nada,  mudou o panorama da partida, e venceu, mesmo com um jogador a menos. Isto é Fla x Flu, e, graças a Deus, o safenado ficou fora das emoções e foi colhendo informações extras para que o coração não sofresse um abalo durante os noventa minutos de um clássico extraordinário.

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