Éramos felizes e sabíamos

 Certo dia, andando pelas calçadas de Miracema, olhando os belos casarões da Rua Direita, admirando a beleza de nosso jardim, me encontro com dois amigos da velha guarda, Naipe, também conhecido como Luiz Alberto Aguiar, e Jorge Neiva, nosso querido Dodote, e um punhado de recordações vieram a tona e, claro, com elas as lágrimas de alegria por estarmos vivos e de tristeza por ver o tempo passar tão rapidamente e nos tirar vários amigos queridos do nosso convívio. 


Minha prima Janete passou... parou... me deu uma abraço e um beijo e seguiu: - Depois a gente se fala com calma, vou ver algo para minha mãe ali na Leader. Andou e deixou em aberto a  pergunta: - Quem é a moça? Respondi que é filha de tia Maria e neta do Seu Pedrinho Soares. 

Boas gargalhadas dos dois amigos e as lembranças vieram de imediato, por parte do Naipe. - Eita, quantas vezes entramos no quintal do Seu Pedrinho para pegar Cajá Manga ou uma outra fruta qualquer, e mais acima subindo pelo ribeirão Santo Antônio, tinha outro pomar cheio de frutas, do Seu Lino, que era bravo e dava corrida na turma. 

Foto ao lado: Adilson, Celestino Sales e Gute Lontra. 

Então, Naipe, como não lembrar destas aventuras à beira rio? E o Dodote coloca um tema que nos traz tristes lembranças: - Algum de vocês já tomou tiro de sal na bunda? Rimos todos, e eu mostrei a perna que até hoje tem uma marca de um momento de muito sangue, adrenalina mas nenhum perigo, um tiro de sal na perna que incomodou bastante mas que não deu em nada, apenas susto e boas recordações nos dias de hoje. 


Dodote deu uma olhada pelos lados do Jardim de Miracema e recordou de uma casa, nas proximidades. - Ali morava o Didi Baiano, um dos caras mais legais e malucos da geração do meu irmão Teteca. E aí, o que vem na lembrança? As descidas a nado ou nas boias de câmara de ar de caminhões, nos dias de chuvas fortes, no Ribeirão Santo Antônio e do Didi, um era mestre dos mergulhos na ponte do Aero Clube. Lembram disto? Claro que quem viveu se lembrará e aumentará um pouco quando contar suas histórias por ali. Foto acima: Moacyr Mercante, Rubinho Tostes, filho do Ruy, Vanderley do Mustique, e Adilson. 

E a conversa seguiu em ritmo de recordações. Naipe pegou no tranco e mandou: - Só não aumentam nem inventam quando o assunto é "peladas do Miracemense", ali tínhamos dezenas de testemunhas e não há como inventar que jogou bem ou fez sucesso, a rapaziada sabe quem jogava bem por lá, certo Penacho? Você foi um deles, completou Naipe. 


Pois é a gente fica aqui conversando, trocando figurinhas com o passado distante e nos vem tudo na memória, que está ficando vacilante, mas não há como esquecer os rachas das ruas, as peladas do Rink, os piques bandeira e as andanças pela Rua Direita após a seção das seis do Cine XV, e, me lembro bem, quando fiz uma aposta com os amigos que desfilaria de calção e sem camisa pela rua logo após o fim da fita no XV, e fiz, vaiado por muitos e aplaudido por poucos. Rir no final era o melhor negócio.

Hoje, na pandemia, tenho que concordar que até este papo está complicado, ainda bem que tem o Zap para trocar ideias e contar histórias dos tempos da carochinha, opa, dos tempos de infância e juventude e concordar 

"Nossa geração foi criada com muita educação e carinho, ou com o Custódio Tostes, hoje Desembargador da Justiça, que fala com orgulho: "Nós, da nossa geração e de outras gerações de Miracema, somos todos uma família, nossos pais eram amigos e nós unidos pelo laço da amizade fraterna, e, por isto, até hoje nos respeitamos e nos amamos como verdadeiros irmãos". 

Pois é... saudade não tem idade mas muita lembrança dos tempos em que éramos felizes e sabíamos disto. 


Comentários

Beleza de texto! Memórias que estão impressas em cada um de vocês. Gostei muito!
Adilson Dutra disse…
Tempo passa e a lembrança fica. Obrigado

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