O setentão Maracanã tem um lugar especial no meu coração


Ei, Maracanã! Nascemos no mesmo ano e seguimos nossos caminhos praticamente iguais, ou seja, ambos vivendo intensamente o futebol e nossas histórias, a sua, é claro, um milhão de anos luz a frente da minha, mas voltadas para o esporte bretão mais famoso do mundo e os caminhos paralelos que traçamos fizeram com que encontrássemos muitas vezes e, para mim, noventa por cento destas com imensa felicidade. 

Como torcedor vi, na sua Geral, alguns jogos do meu ídolo maior, Dida, meu pai sempre me carregou com ele, em viagens por trem ou no caminhão do Seu Juca Alvim, para assistir aos jogos do nosso Flamengo e, claro, dos bons espetáculos, como Santos x Milan, os dois jogos decisivos do Mundial Inter Clubes, no já longínquo 1963, muita chuva, sem capas, nós dois, eu e o Zebinho Dutra, felizes em ver o Santos virar o jogo e ganhar dos italianos, que tinha Amarildo, mas o Peixe tinha Almir, o Pernambuquinho, e Pepe. 

Pois é... Lembrar do Santos e não lembrar do Flamengo? Claro que ver o Flamengo foi a maior parte deste história nossa. Vi Zico crescer para o futebol, vi os piores times formados pelo Mais Querido, vi Fio Maravilha fazer aquele gol, contra o Benfica, que lhe rendeu uma homenagem musical do flamenguista Jorge Ben, que os idiotas dos advogados do mediano jogador impediram as gravações futuras, não conheço bem o caso e por isto fica só neste comentário. 

Vi a seleção brasileira, quando dava prazer de ver os jogos da Amarelinha, vi o milésimo gol de Pelé, acreditem, torci para Andrada pegar pois o cara me tratou bem quando passei lá por São Januário, vi aquele gol do Fluminense,contra o Botafogo,quando Ubirajara foi empurrado como também vi aquele gol do Botafogo,contra o Flamengo, quando Leonardo foi empurrado. São polêmicas e mais polêmicas assim como aquele pênalti,não marcado, aos 44 do segundo tempo, na final de 1985, quando Write disse que o jogo estava encerrado e o pênalti em Cláudio Adão não foi considerado e o Flu ficou como título. 

Ah! A melhor parte, para não ser longo demais, está  no nosso encontro jornalista/repórter e você, Maracanã véio de guerra. Foram muitos jogos incríveis que presenciei, narrei, comentei e reportei e conto alguns. 

Um momento marcante, mas bota muito marcante nisto, foi em 1983, quando a Rádio Princesinha, cuja equipe de esportes eu comandava, foi a primeira do interior fluminense a ter uma cabine de transmissão isolada, só para nós, coisa que o nosso Geneci Pestana Alvim conseguiu com o pessoal da Suderj. Foi esplendido. Eu, narrador,  Zé Luiz da Silva e Welington Ronzê, nas reportagens, Francisco David, o comentarista  e o nosso operador de som, Chiquinho Titonelli, falamos tal qual gente grande no clássico Fluminense x Botafogo. 

Depois estive em vários jogos pelas emissoras campistas, aí como repórter ou como comentaristas. Foram grandes eventos mas nenhum igualado, podem ter certeza, àqueles jogos que vi da geral, como dizia Apolinho, verdadeiro "geraldino", e daquele solo, sem proteção, sujeito a chuva e sol, as vezes nos perdíamos do jogo para poder olhar, lá de baixo, nas cabines de rádio, Jorge Cury, Valdir Amaral, João Saldanha, Rui Porto, etc e etc, foram meus ídolos e alguns destes ainda tive o prazer de dividir os corredores que levam ao gramado ou a tribuna de imprensa e travar alguns dedos de prosa. 

Foi neste Maracanã, atrás de um dos gols ou mesmo ao lado dos vestiários, já como repórter de campo, que tive o grande prazer de me sentar ao lado de Deny Menezes e por pouco não perder a voz devido a emoção de estar ao lado de um ícone do radio esportivo, foi nestes bastidores que me vi envolvido em uma confusão com um figurinha da Rádio Globo, que não merece ser citado em respeito aos seus amigos, que queria me tirar o privilégio de pedir um lanche na lanchonete do saguão. - Aqui é para jornalistas e credenciados, disse ele, e aí apareceu esta doce figura, Deny Menezes, e fez uma simples pergunta: - Você conhece o rapaz? E em seguida completou: - Ele é do interior, como você também é, e um dia pode estar tomando o seu lugar. 

No ano seguinte eu ganhei a Bola de Ouro e ele... Bem! Ele esperou mais alguns anos para ganhar a sua. E o nosso setentão faz a festa e daqui de longe, já aposentado, me dá uma inveja danada, afinal o Maracanã está conservado, ganhou umas plásticas e está revigorado,mas, com toda certeza,o Velho Maraca era muito mais elegante e bonito, além de mais empolgante. 

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