Naquela mesa não estará mais Paulinho Máquinas

Nesta mesa estará faltando ele, Paulinho (camisa preta) 
O dia corria muito bem apesar da quarentena imposta pelo vírus da moda. O sábado era alegre, tinha a cara de um sábado normal e,embora difícil de lidar, o tal de recolhimento voluntário, imposto pela necessidade de fugir da infecção de um vírus que pode ser letal, até que veio a notícia que bombardeou meu velho coração, cortado e cicatrizado, me passada pelo amigo Marco Aurélio Mota. 

- Morreu Paulinho Máquinas, nosso amigo e irmão, disse Marco com a voz embargada e já demonstrando que o "soco" foi realmente forte e que nos fez curvar de dor ao receber o impacto da péssima notícias. 

Paulo César Barreto, um cara que aprendi a gostar desde os tempos do Banerj, agencia Miracema, onde o conheci fazendo trabalho de manutenção das máquinas e equipamentos eletrônicos, e, quando aqui aportei, na final da década 1970, foi o primeiro a me dar a mão, me patrocinar no rádio e me abrir as portas de seu grande coração para eu entrar como amigo de fé. 

Paulino Máquinas, um cara que todos que o conheceram admiravam, um craque do futsal, um craque na educação, fino no tratar as pessoas que se relacionavam com ele, e, como chefe de uma grande família, foi o exemplo digno do que se dever ser um pai, um marido e um avô bonachão e cheio de amor para dar. 
Nossa turma em Tiradentes - MG

Temos muito em comum, o amor pela música, pela arte e por uma boa cerveja e um vinho de boa qualidade. Quantas foram as noites de "serestas" em sua casa ou no Armazém do Lenílson? Inúmeras. Quantas foram as canções que colocávamos para os amigos decifrarem e nós, grandes conhecedores dos intérpretes e autores, desafiávamos um ao outro para descobrir quem sabia mais, claro, perdi a maioria das vezes para o "sabe tudo" da música mundial. 

Terei a partir de hoje um companheiro a menos na mesa dos bares e do Teatro Trianon, onde sempre estávamos nas noites de serestas ou shows de artistas campistas, seus amigos e patrocinados. Terei a partir de hoje menos um amigo de viagem e companheiro das prosas dos hotéis e bares por onde passamos. Terei a partir de hoje menos um parceiro para me dar boas dicas de bons filmes e excelentes discos. 

Estivemos juntos em alguns passeios, Conservatória ficará para sempre, foram dias maravilhosos, com frio de zero grau, e nós, após um bom vinho, saímos as ruas para cantar com os seresteiros e voltar para o hotel, distante do centro, sem pensar no amanhã e apenas cantando e andando pela rua enquanto a cerração caia e o frio apertava. 

Estivemos juntos, o quarteto inseparável que agora será um trio, eu, ele, Zé Mário e Marco Aurélio, em São João Del Rey e Tiradentes, em uma semana santa daqueles que ficam marcadas para sempre. Nós, acompanhados das esposas, vivemos três dias inesquecíveis no Caminho Real, e as fotos que estão guardadas registram os belos momentos em que passamos por lá. 

Tudo agora será saudade. Tudo, a partir de hoje, será lembrança de um grande camarada, um baita amigo e um camarada que jamais será esquecido por todos os seus amigos. E aqui cabe, saudade sim... tristeza não. Mas hoje estou triste, muito triste, morreu meu amigo Paulo César Barreto, ou simplesmente, Paulinho Máquinas, torcedor do Flamengo, do Americano e amante das boas coisas da vida. 

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