Causos de viagem - A primeira vez no Nordeste

Uma das primeiras viagens que fiz, já tentando ser um viajante fanático, foi em 2000, meu cinquentenário, e fomos até o Nordeste pela primeira vez e escolhemos Natal e Fortaleza para começar nossa saga "viajandeira". 

Claro que correu tudo bem, um giro de 12 dias bem proveitoso e fizemos de tudo que estava no programa e um pouco mais, como buscar um velho sonho de minha mãe, que era conhecer o "Gogó da Ema", um ponto turístico de Fortaleza que era constante nos livros de geografia de nossa época. 

Mas aqui se fala em causo de viagem e não narrativas dos passeios, e como sempre nas minhas andanças, tem causos e casos que interessam a todos nos papos de botequim e o primeiro a ser contado foi logo no primeiro dia, em Natal, e foi bem gratificante para este que vos escreve. 
Chegamos ao hotel após cinco horas de voo e quase duas de espera no aeroporto e traslado para nosso primeiro lugar de hospedagem. Chegamos quase na hora do almoço e, já na portaria, o primeiro causo. 

- Boa tarde, as bagagens são só estas? Perguntou o recepcionista. 
- Sim, só estas duas malas e, por favor, agilizem o mais rápido possível e nos indique um bom lugar para almoçar, estamos varados de fome. 

E aí a surpresa: - Oi, tudo bem? Você é Adilson Dutra, radialista no interior do Rio? Pergunta um companheiro, que também chegava para trabalhar na recepção do hotel. 
- Sim, sou eu, me conhece de onde? Perguntei. 

- Não conheço você, pessoalmente, apenas a sua voz e ao ouvir você me veio rapidamente a lembrança de nossos papos na Rádio Cabuji, nas transmissões esportivas,  me surpreendeu o moço. 
Feitas as apresentações, Raimundo Cordeiro é o nome do cara, começamos a nos falar e aos poucos nos transformamos em grandes amigos, ele nos recomendou um bom restaurante, um bom guia para passeios e passamos cinco dias bem legais por Natal. 

Estes momentos é que gratificam o profissional do rádio, que infelizmente hoje não está mais em sintonia e aos poucos vai se perdendo, Raimundo lembrou as transmissões que fiz para eles, quando o América e o ABC vinham a Campos jogar pelo Brasileiro Série C ou B e foram grandes jornadas esportivas que passamos, tanto que ele reconheceu a minha voz em plena recepção do hotel em que trabalha. 

E na outra semana estávamos em Fortaleza e por lá também rendeu um causo que vale a pena ser narrado por aqui. Encontramos em Natal um casal, ele engenheiro da Globo, trabalhava no Nordeste fazendo o programa "No Limite", lembram deste programa? Ela minha colega do Banerj, agência Catete/Rio, e na ida para Fortaleza combinamos de nos encontrar para outros programas. 

O primeiro foi conhecer o famoso "Forró do Pirata" um dos mais famosos da região, e lá fomos nós quatro, com mesa comprada e ávidos para ver um show do mais tradicional e típico ritmo nordestino.

E, para nossa desagradável surpresa, naquela noite não teríamos forró e sim axé baiano com uma banda que já era sucesso, Asa de Águia, mas eu e o casal amigo não queríamos axé e sim forró.
Fui a direção e disse que comprei forró porque estava na melhor casa de espetáculos do Ceará e se quisesse axé iria para Salvador. O cara não quis muita conversa e me encaminhou ao gerente geral e este, educadamente me perguntou: - O senhor quer ir embora ou quer conhecer a casa? 

Eu gostaria de conhecer, porém, tem sempre um porém, não vim aqui para ouvir axé e sim pagode e não pago para ouvir música baiana ou coisa que eu não gosto. Entendeu? Respondi.

- Posso sugerir? Os senhores são nossos convidados vips e não pagarão nada para assistir ao show, não posso devolver o dinheiro, mas poderão consumir todo o valor pago e não terão outras despesas, o que passar do valor pago será por nossa conta. Tá bom assim?

Olhei para o Bandeira e para Marina e esperei a resposta deles, que foi positiva e lá fomos nós, em mesa vip, beber e comer por conta do Forró do Pirata e assistimos a um ótimo show do Asa de Águia e não nos arrependemos. 

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