Causos de viagem - O dançarino de polca polonesa

Continuamos na Polônia, onde também visitamos o campo de concentração de Auschwitz, uma rede de campos de concentração e extermínio construídos e operados pela Alemanha nazista na Polônia ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, um dia triste e cinzento para todos nós do ônibus da Abreu-tour. 

Tudo bem, se teve a lembrança amarga do extermínio dos judeus, no dia seguinte, em Varsóvia, teve a alegria de recordar meus bons momentos em Miracema, minha juventude foi bem feliz e sequer pensava nestas viagens ou em conhecer lugar como estes que estive durante minhas viagens por aí. 

Nevava demais, a temperatura variava entre 2 graus positivos e 5 graus negativos e, à noite, nosso guia perguntou se queríamos uma boa opção para sair e, este que vos fala, sempre tomando decisões acertadas, ufa, decidi que só sairíamos do hotel se fossemos para um lugar bem protegido, tipo bunker, para um show de música e dança polacas. 

Bingo! Ideia aprovada por todos e bem acolhida pelo nosso guia, um português inteligente e cheio de histórias e por isto nos entendemos muito bem. E por volta das vinte horas, hora de lá, saímos bem agasalhados, a pé, em direção ao restaurante, distante três quarteirões do nosso hotel. 

Uma casa simpática, acolhedora e ao chegar eu comentei com Marina e o Chico, que estavam à mesa comigo. - Hoje será uma grande noite, a música e a dança polaca me faz voltar ao tempo de Miracema e as audições da professora Onidéia, onde eu, por várias vezes, dancei as músicas de vários países em shows ensaiados por ela. 


E depois de alguns vinhos e algumas danças dos bailarinos poloneses, veio a surpresa da noite. O guia perguntou quem queria dançar com eles, lá no palco, e o Chico, que já ouvira meus causos de dançarino, disse alto e em bom tom:  - Chame o Dutra, ele está contando que sabe dançar a polca. 
E fui, sem medo de ser feliz. Dancei, segundo a polaca que fez par comigo, maravilhosamente bem e dei o meu show particular, fui aplaudido e pediram bis, e eu, polidamente recusei para não pagar mico na segunda chance. 

E aí, em conversa entre eles, lá nos bastidores, os dançarinos resolveram em surpreender e, com certeza surpreenderam, me chamaram de volta ao palco e tocaram uma polca mais alegre, mais movimentada e, se eles pensaram que iriam me derrubar se estreparam, novamente surpreendi a todos, inclusive a mim mesmo, e, com a mesma polaca da música anterior, deslizamos pelo palco como dois dançarinos profissionais. 

Foi um barato, gostei demais e sequer sabia que Marina estava fotografando e filmando tudo aquilo, e o Chico, aplaudindo de pé, dizia que queria me ver dando vexame porque eu falava demais em Miracema e na nossa velha tradição de excelentes dançarinos, e o cearense teve que me engolir. 

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