Viagens, causos e o pânico do Biro

Uma das minhas prosas favoritas tem o tema viagens como destaque, no momento atual do futebol brasileiro eu até prefiro "viajar" por aí do que sentar e falar sobre bola, "craques" ou sobre meu time ou discutir quem está melhor. Falar de futebol, no estágio que estão as redes sociais e as mesas de bares, onde ninguém tem mais paciência para te ler ou te ouvir, está até perigoso.

Certo dia cheguei à terrinha e encontrei um velho amigo, viajandão e cheio de ideias sobre roteiros e programas para o futuro, meu baita irmão/amigo Geneci, e nas prosas bem sacadas fomos andando pelo mundo, caminhando sobre ondas, sobre nuvens e pelos trilhos da vida que nos levam a bons lugares e a ótimos passeios.

Geneci viveu o mundo, nos navios que o leva para singras os oceanos, é conhecido como "o dono do mundo" e falamos de tudo, turbulências, medo de avião, comidas que nos dão prazer, vinhos que nos abrem conversas, cervejas que nos trazem prazer em beber, relembramos dicas incríveis que ele me deu no início de minhas aventuras pelo Brasil e pelo mundo e sufocos vividos em hoteis e pelas ruas das grandes cidades da Europa.

Enquanto conversávamos a tevê estava ligada no futebol, nosso Flamengo jogava e nos trazia pouco interesse no futebol e mais interesse em olhar fotos em nosso celulares, relembrar dos lugares que passamos e sonhar poder voltar a voar doze horas, atravessando o Oceano Atlântico em rumo de outros caminhos desconhecidos até agora. Falar de Guerrero, Arão ou Márcio Araújo não estava no nosso programa, mas se fossemos falar do nosso Tupã, do nosso Esportivo ou da Associação, fusão destes dois gigantes de Miracema, até que daria liga, mas...

No meio do papo alguns amigos chegaram e entraram no nosso ritmo, cada um contando suas peripécias e aventuras em viagens, aqui ou no exterior, os medos voltaram a ser narrados e as turbulências ou jogo de navio voltaram a tona e cada um relatou o seu momento de pavor. 

Falei sobre as várias passagens pelo Sul do Brasil, onde há sempre uma turbulência para quem vem do Uruguai ou Argentina passando por Porto Alegre, um tremor mais forte nas aeronaves que atravessam o Atlântico, saindo do Brasil pela rota de Recife/Paris, sempre um medo a mais após aquele terrível acidente com um avião da Air France, e dos sufocos vividos em navios que cortam os mares com tranquilidade, porém, tem sempre um porém, as vezes dá susto e enjoa.

E a conversa fluia legal e um da mesa, nosso amigo Biro, não desgrudava o ouvido do papo e, para poder interagir, usando a palavra da moda, prestou atenção e, na primeira oportunidade, botou o seu pitaco, muito interessante e que arrancou aplausos da mesa:
- Eu também passei um sufoco danado em uma das minhas viagens, turbulência brava, diz ele, muito sério. Saí da rodoviária Miracema, com destino a Pádua, e lá pelo trevo o ônibus estourou um dos pneus dianteiros e foi um sufoco danado, turbulência total e pânico em todo ônibus, ficamos com medo da tragédia de Teresópolis, com a 1001, se repetisse, falou Biro muito sério.

E a turma da mesa não riu, não zoou e respeitou a opinião, sincera e bem colocada do amigo Biro, mas o papo terminou por ali e veio a conta e o convite para novos encontros no Snob's ou em outro cantinho qualquer de nossa Miracema.

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