Minha gente humilde da terrinha

Tem certos dias em que eu penso em minha gente, diz a canção de Chico, Garoto e Vinícius, e pensando bem eu todo dia penso em minha gente e recordo, com muita emoção, as cadeiras na calçada e sinto meu peito apertando de uma jeito que ele fala "estou com saudade", e parece que tudo acontece de repente sem que a gente menos espera acontecer.

Vejos, nos meus pensamentos, as casas simples, as ruas sem paralelepipedos e sem trânsito, e me pego andando de bicicleta, pelas ruas da terrinha, sem pensar em futuro, em passado e olhando só o presente, que na verdade foi um presente de Deus em minha vida ter nascido e crescido olhando gente passando e vivendo sem se deixar notar.

Gosto de falar das pessoas. Gosto de falar dos lugares. Gosto de falar da vida dos anos 60 e 70. Gosto de recordar os amigos meus, os amigos de meus pais, os amigos de meus avós, e porque não os amigos da família Dutra, que são muitos e espalhados por todas as ruas da nossa cidade?

Na minha rua, a famosa Praça Ary Parreiras, onde tudo se concentrava, ali está a Igreja Matriz, estava a Prefeitura, o Forum, os Cartórios e ali fica a Praça das Mães, o Rink e o velho e lindo Jardim de Miracema, não existiam mansões, eram casas simples, com cadeiras nas calçadas e nem precisava escrver "aqui é um lar", a união dos moradores já distinguia os lares de todos os nossos vizinhos queridos e saudosos.

Já narrei aqui as peladas na Rua José da Silva Bastos, já contei neste espaço as brincadeiras de pique bandeira, amarelinha, as descidas nos carrinhos de rolemã ou patins na ladeira onde ficava, no início (ou seria no fim?) a casa do seu Amaro Leitão, já discutimos que naqueles anos 50 e 60 tinhamos infância e andávavamos com roupas sem grife, as vezes improvisadas ou heradadas de irmãos ou primos mais velhos.

E como na música tema deste texto "sem o despeito de não ter como lutar", a luta era constante, como ainda é nos dias de hoje, só que a gurizada menos abastada, naqueles anos dourados, tinha que ralar o umbigo para ter a matinê nos Cines XV ou Sete, um giro na Rua Direita ou até mesmo um sorvete no bar do Vavate.

Depois de tudo isto me dá uma saudade no meu peito, e aí me dá até vontade de chorar, mas peço a Deus por minha gente, que é gente humilde e que sempre possa a todos abraçar.

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