Saudades do meu primo Zé, um sonhador


Vi agora a pouco, no Discovery Chanel, uma matéria sobre o interior de Portugal e o chip da memória deu uma passada rápida por Laje do Muriaé, mais precisamente no açude da Fazenda do Paranhos, onde fui encontrar meu saudoso amigo/primo José de Freitas, o Zé da Lalá, que sempre me dizia sobre o seu amor pelas terras lusitanas, sua vontade de conhecer as fazendas e as quintas portuguesas.

- Primo, dizia ele, meu sonho é pescar um bacalhau na cidade do Porto, sentar á beira de um rio e comer com vontade um daqueles peixes gostosos e famosos. 

O Zé era um cara simplório, cheio de trejeitos roceiros e humilde como todos os homens do campo naqueles anos sessenta, mas sempre estudando e buscando aprender o que tinha de bom nos livros e nos bancos escolares, por isto era um bom papo e um cara sempre antenado na modernidade.

Certa vez eu contei para ele que queria conhecer a Itália e visitar o Coliseu, mas naquele tempo pouco eu sabia sobre o monumento histórico de Roma e somente conhecia pelos filmes e revistas. Zé não, ele sabia exatamente onde ficava, o motivo de sua construção e os espetáculos que por lá eram vistos na Roma antiga.

Mas o bacalhau e o Rio Tejo sempre foram as paixões do Zé da Lalá e por isto sento à mesa, não para degustar o bacalhau, mas sim para escrever sobre meu primo, que nos deixou precocemente, e sobre a seu desejo de visitar Portugal não realizado.

Primo, onde quer que você esteja, fique sabendo que me lembrei de ti quando realizei este seu desejo, sentar à beira do Tejo, em um bom restaurante português e me fartar de comer bacalhau de todos os tipos e gostos acompanhado por aquele vinho que você jamais bebeu, não teve tempo de vida suficiente para isto, pois se vivo estivesse eu tenho certeza de que realizaria seu sonho de menino.

Fui também ao Coliseu primo Zé e fiquei intrigado de como os engenheiros da antiguidade conseguiam fazer uma obra daquelas, lá também me lembrei de ti e de suas aulas sobre história do mundo, lembra disto? Aquele açude, na fazenda onde seu pai era o administrador, nos deu motivo para vários dedos de prosa e viajar sonhando pelo mundo afora.

Viu só, primo Zé, hoje não precisamos mais nos sentar a beira de um riacho, açude ou ribeirão, como faziam nossos contemporâneos, para conhecer a história do mundo, as tevês estão cada vez mais interagindo conosco e nos oferecendo viagens maravilhosas para nossas mentes.

Como eu tenho me lembrado de ti por estas viagens que faço. Abraço, meu querido amigo e primo José de Freitas Barbosa, o Zé da Lalá. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Miracema de luto - Faleceu Dr Roberto Ventura

Revendo textos - O nosso invicto Rink E.C.

Encontros & Reencontos - 90 Anos do Zé Maria