Eu, Júlio e Gutinho...


Thiara (Gutinho), Eu e Júlio 
Agora a pouco estava na minha poltrona favorita, mesmo com o intenso calor que faz em Campos, assistindo ao show que marcava os cinquenta anos de estrada de Erasmo Carlos e me emocionei quando adentrou ao palco o velho amigo/irmão do Tremendão, o espetacular Roberto Carlos.
Ao ver o ídolo chorar confesso que desceu duas ou três lágrimas neste rosto cansado de emoções e alguns detalhes a mais. Não é vergonha um homem chorar, abraçar ou beijar os amigos como a dupla famosa fez no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde o show rolava para uma seleta platéia.


Voltei no tempo, como sempre faço nestas horas de grande emoção, e me vi na Praça Ary Parreiras, lá na terrinha, ao lado dos meus grandes amigos/irmãos Júlio Barros e José Augusto Botelho, que formavam comigo um trio sempre presente nas peladas da rua, nos piques ao lado das meninas e meninos da prefeitura, dos jogos inesquecíveis do time do Bitico e porque não nas peladas do Rink e da Praça Dona Ermelinda?

Se Erasmo e Roberto escreveram “Amigo” e colocaram na letra um pedaço da amizade de ambos, não fica longe e nem fora de hora escrever por aqui que Júlio e Gutinho são meus amigos de fé, meus irmãos camaradas, companheiros de longas jornadas e separados por motivos alheios as nossas vontades.

Certa vez, ainda jovem lá na “Terrinha”, cheguei a casa do Gutinho e experimentei chama-lo de Thiara, apelido que já tomava o nome real do meu amigo, e Dona Antonia nem sequer deu bola para os meus chamamentos apesar de insistir com a pergunta: Dona Antonia, o Thiara está por aí?

- Aqui não tem Thiara nem Gutinho, aqui tem José Augusto e se você não chama-lo pelo nome eu vou proibir você entrar aqui na minha casa, detonou a mãe do meu amigo de fé, irmão camarada.

No canto as irmãs dele, Guta, Terezinha e Luzia, morriam de rir e faziam sinais para que eu voltasse depois e chamasse o amigo pelo nome para agradar a mãe, já enjoada de ver o filho ter o nome trocado por toda a cidade.

Nós tínhamos livre acesso em todas as casas, os dois eram bem recebidos ali no meu cantinho e eu, mais extrovertido e mais falante do que os outros dois, vivia de prosa com Dona Yolanda e seu Zé Barros, pais do Júlio, e sempre levava um papo com a Vera Lúcia, irmã de Júlio, uma das mais belas moças da cidade.

O que falar do Seu Botelho? Pai do Gutinho, amigo leal e que me deu a primeira oportunidade de escrever em um jornal. Seu Botelho me deu uma coluna no jornal A Voz do Povo, de Bom Jesus do Itabapoana, do qual ele era o correspondente em Miracema, e por aí despertou o interesse pelas letrinhas e o jornalismo.

Eu, Júlio e Gutinho, por uma destas coincidências do destino, nunca estudamos juntos, os três na mesma sala de aula, mas jogamos futebol nos mesmos times, e cá prá nós, formamos um trio ofensivo que deixou saudade em todos que gostam do esporte bretão, servimos os três, em 1968, no Tiro de Guerra 217, com o saudoso e querido Sargento Couto, e encaramos muitos adversários com nosso time de futebol de salão, o Gemine V, que marcou era na quadra do Rink.

Se poeta fosse escreveria um verso bem bacana para homenagear meus amigos, se compositor fosse eu comporia uma sinfonia para marcar 60 anos de grande amizade entre mim e meus bons amigos José Augusto Machado Botelho e Júlio Fernando Cascardi de Barros, velhos e saudosos companheiros das peladas e da vida, mas como não sou repito Milton Nascimento: “Amigo é coisa prá se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração”, em sua Canção da América. 

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