O perigo das lentes da TV



Na quarta-feira, quando via a abertura da jornada pelo Sportv HD, para Santos x Botafogo, assisti o desfile da câmara pela Vila Belmiro e um foco em um casal, que namorava nas arquibancadas. O moço, instantaneamente, deu um passo para trás e fugiu do foco das lentes neles direcionadas.

Dei um giro no tempo e voltei ao ano de 1986 e ao Rock In Rio, primeira edição, quando dois amigos meus, não me cobrem os nomes por favor, ambos já não estão entre nós, foram ao festival de rock escondidos, um da esposa e outro da então namorada. 

Show de James Taylor bombando e a Globo mostrou parte do espetáculo ao vivo e deu ênfase ao público, que lotava a primeira “Cidade do Rock” montada por Roberto Medina. E, para a surpresa de ambos, as lentes se voltaram para a dupla e Campos inteira viu a festa de ambos, não com namoradas, mas vivendo o melhor momento do artista norte-americano.

Não sei como é que os dois explicaram no trabalho ou em casa, mas alguns anos depois a cena se repetiu com um vizinho meu, no Maracanã e novamente as lentes das câmaras globais traíram um amigo meu.

O tricolor disse a esposa que iria a um congresso médico em São Paulo e que não voltaria no final de semana, aproveitaria para uma visita a um hospital paulista, no final de semana, para se especializar em alguma novidade médica que chegava ao Brasil.

Tudo bem. Nada que um casal amigo não pudesse fazer para o jovem médico. Porém, tem sempre um porém, a esposa resolveu assistir Palmeiras x Fluminense e me ligou como é que comprava o jogo na Globosat. Expliquei que seu marido tinha o pacote completo e era só sintonizar no canal 122 para ver o jogo na íntegra.

Dez minutos de jogo e o telefone toca:
- Adilson, você está vendo o jogo?
- Sim. Estou vendo Palmeiras x Fluminense, respondi a esposa aflita.
- Olha só aquele vigarista vestido com a camisa do Fluminense bem ali na arquibancada, é o meu marido. Filho...
- Qual o problema, menina, ele deve ter arrumado uma folga e foi ao Parque Antártica.
- Pode ser Antártica, Brahma ou Skol, eu não me importaria, mas o desgraçado está abraçado com uma piranha e eu conheço aquela p....

Olhei mais atento e realmente o amigo pisou na bola e levou de goleada. Nem sei se o Fluminense venceu o jogo, mas ele, o jovem médico, ficou sem esposa naquele domingo à tarde e por sorte naquele tempo não havia celular para um esculacho ao vivo.

Hoje, com as lentes potentes das emissoras de televisão, é preciso ter cuidado para não ser flagrado, como foi o paranaense na Copa dos Estados Unidos, em 1994. O moço era fugitivo da Polícia Federal, aqui no Brasil, e resolveu dar as caras no estádio onde o Brasil jogava contra a União Soviética e, azar do dele, acompanhado de uma loura de “fechar o comércio”. 

O devedor ficou a ver navios e foi preso logo ao sair do estádio e voltou ao Brasil sem a loura espetacular e ao invés de uma aliança para o casamento ganhou um par de algemas bem apertado.

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