A FESTA QUE NÃO HOUVE

Alguém me perguntou: “Adilson, quando será a festa dos sessenta anos?” Ficou difícil de responder, não há interesse em fazer alguma festa comemorativa e razões para isto é que não faltam. Não iria justificar, mas o amigo insistiu no assunto e queria saber quando é que seria o evento.

Expliquei que a grana está curta e que prefiro viajar por aí com Marina. Uma festa deste porte, sessenta anos merece uma comemoração bem marcante, não está cabe no meu orçamento de aposentado. Disse que era meio complicado reunir meus amigos, são muitos e não gostaria de esquecer de nenhum destes, mesmo aqueles que estão longe do meu convívio.

Tentei argumentar que os que comemoraram, com pompa ou até mesmo de forma simples, esqueceram de uns ou de outros e a bronca foi ouvida por celular, fixo e até mesmo pela internet. Não queria esquecer ninguém e assim é melhor não fazer nada e passear por aí e conhecer novos lugares e fazer novas amizades.

Aqui prá nós, bem baixinho, que ninguém nos ouça: Como é que eu organizaria uma festa de arromba sendo um “chato de galocha” quando o assunto é música, bebida ou comida? O que eu faria se o DJ contratado colocasse um pagode bem ao estilo “mela cueca”? Mandaria desligar e assim 20% dos meus convidados sairia do recinto.

E na hora do forró, destes que a turma curte todos os finais de semana? Eu mandaria tirar e outros 20% sairiam do lugar. Tem aquela turma que só bebe a que desce redondo, mais 20% fora pois só teria cerveja da Boa. E aqueles que gostam da número 1? Outros 20% fora da festa. Então, posso fazer alguma festa? Não. Sou chato demais.

Ainda sobraram vinte por cento dos convidados, afirmaria você após fazer as contas dos que saíram pela música e pela bebida.

- É, Adilson, realmente a sua festa não iria agradar ninguém, já pensou ser obrigado a ouvir Jovem Guarda, boleros, rock das antigas e estes caras da MPB tradicional? A Boa ainda vai, mas a música é de lascar, quem vai curtir um churrasco ouvindo este tipo de música?

E quem disse que eu faria um churrasco para comemorar os meus sessenta anos? Tá redondamente enganado meu amigo, serviria uns canapés finos e compraria um vinho tinto, não aquele do garrafão, e sim um destes chilenos que estão chegando no país e serviria queijos para degustar enquanto ouvimos música italiana e francesa na altura que gosto, ou seja, bem alta e com um som de grande qualidade e potencia.

Viu o porque prefiro viajar e não comemorar com os amigos? Sou mesmo um exigente e um “chato de galocha” como muitos me rotulam.

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