Nossos craques eternos

Para não falar da Turma do Funil, do Bloco Levanta Povo, da turma do Fogaréu, do Mané Badeco, do Zé Faca, vou parar por aqui para não me esquecer de ninguém e ser cobrado na próxima vez que por aqui chegar, volto a minha velha rotina de relembrar os bons jogadores, alguns craques e aqueles esforçados imprescindíveis, que passaram pelo futebol da terrinha e que hoje estão por algum canto contando histórias e pedindo testemunho de quem os viu jogar no Municipal ou no Campo do América, já que a memória de nosso povo, aqui e acolá, só está aberta para o que viu, ou vê, na telinha da televisão.

RUBINHO - Ele e Bizuca foram os grandes goleiros da cidade, mas Rubinho era o meu favorito. Quieto, educado, até pequeno para a posição, Rubinho "Camelo" era um monstro dentro da área e excelente debaixo das traves. A gente tem conversado pouco ultimamente, prometi a ele que teríamos um dedo de prosa lá no seu cantinho, mas a dívida ainda será paga. Joguei com ele, assisti bons jogos nas arquibancadas e tenho grande admiração pela pessoa e pelo goleiro que foi Rubinho, irmão do meu grande amigo, já morando no andar de cima, Haroldo Bodica. Se um dia vocês ouvirem dizer que Rubinho fazia milagres no gol do Miracema FC, podem acreditar, eu assino embaixo.

VALDIR - Jamais passou perto de ser chamado de craque, mas se fizermos uma seleção, dos anos 60/70, na cidade ele não pode estar fora dela. Valdir do Táxi, como hoje e conhecido, foi um zagueiro-zagueiro, daqueles xerifes que impões respeito e que sabiam sair jogando e impor respeito na área. Diziam que muitos atacantes eram medrosos e que não chegavam à área do Tupã, depois Associação, por causa do Valdir. Ele batia, quando precisava, saia jogando, quando podia, e não dava bola para chiadeiras dos atacantes. Se fosse no futebol atual Valdir tinha vaga em qualquer time destes aí, que jogam o Brasileiro ou Estaduais, Odivan, Fábio Luciano e muitos outros não teriam vez se tivessem um Valdir no elenco.

MANOEL LIMA - Taí um craque. Polivalente, clássico, raçudo e com um toque de bola diferenciado. Manoel Lima, que eu conheci jogando no time do TG 217, e dai prá frente jogou em todas e em todas se saiu bem. Se o colocassem no meio campo, armava como poucos, como segundo atacante sabia chegar para finalizar, como lateral já atuava como os alas de hoje e na quarta zaga, com ultima impulsão e noção de espaço, foi excelente. Um nome para entrar na história do futebol da cidade.

ADEMIR - Já que falei em craque, no tópico acima, este foi um dos mais brilhantes meias que vi jogar em todas as partes por onde andei. Ademir, irmão do Valdir, do Chocalho, do Pedrinho, do Ataíde, do Clóvis, do Zé Augusto, foi o mais brilhante da família Souza. Craque e com visão de jogo excepcional. Se um dia eu fiz alguns gols metade destes eu tenho que colocar em sua conta. Craque.

JÚLIO - Um dos meus mais fraternos amigos, ele e Tiara (veja abaixo) foi um dos caras mais perfeitos que vi em campo, ele e Ademir foram no grupo dos intocáveis em qualquer seleção de sonhos. Júlio só tinha um defeito, não ligava muito para futebol e jogava apenas para ficar com os amigos. Seus passes eram geniais e já o conhecia desde criança, fomos criados juntos ali na Ary Parreiras, e sabia de cor e salteado as suas jogadas preferidas. Lançamento perfeito, ótima visão de jogo e um passe tão bom que até Jucão se cansou de fazer gols com seus passes. Além do grande amigo que é Júlio é um dos meus personagens preferidos quando o assunto é futebol.

VADECO - Um dia, vendo Toninho Cerezzo jogando, eu disse: Este é filho do Vadeco. Cerezo foi um dos ótimos jogadores brasileiros e Vadeco foi um dos ótimos jogadores de nosso tempo. Perfeito na marcação, saída de bola com qualidade, arrancada de coração forte e disciplina tática muito boa. Vadeco jogou no tempo em que não se dava oportunidades aos interioranos, mas deixou seu nome escrito em qualquer página que lembre o futebol miracemense.

LAURO - Este, sem dúvida, foi um dos maiores talentos surgidos em nosso futebol. Eu não o vi em seus áureos tempos, era muito pequeno e não sabia distinguir quem era aquém no futebol, mas joguei com eles nas peladas e nos times avulsos da cidade e, tenho certeza, de que hoje teria lugar no Milan, Real Madrid, Chelsea, Manchester, etc e tal. Lauro Carvalho é saudade, como pessoa, é saudade como craque, é saudade como amigo, mas está vivo na memória de quem gosta, ou gostou, do futebol classudo e cheio de arte e malícia.

MILTON CABELUDO - Meu grande ídolo e um dos maiores craques do meu tempo, claro que quando comecei a jogar ele estava parando, mais por problemas físicos do que ela idade, mas tive o orgulho de jogar ao seu lado e ouvir dele alguns elogios e conselhos. Fez sucesso no Porto Alegre e deixou sua marca de qualidade pelos campos de todo Noroeste Fluminense. Milton Cabeludo era um fora de série e qualquer comentário sobre ele estaria "chovendo no molhado". Cracaço.

GENUÍNO - Desde os tempos das peladas do Ginásio ele já se destacava pela qualidade do seu futebol e pela fome de bola, não passava, não cruzava e só tinha um objetivo: Fazer gols. Genuíno foi um dos grandes atacantes do nosso futebol, mas como gostava mais de dinheiro do que de bola, e naquele tempo o futebol pagava pouco, optou por trabalhar duro para juntar uma graninha e deixou o futebol como uma forma de prazer, mas cá prá nós, prazer mesmo era ver Genuíno dar seus dribles desconcertantes e marcar seus gols sensacionais.

TIARA - Meu grande companheiro de ataque, rápido, inteligente, dono de um bom chute e de um cruzamento perfeito, Tiara cansou de me colocar na cara do gol e, infelizmente, me tirou vários títulos de artilheiros de campeonatos, pois também sabia marcar os seus golzinhos. Jogamos juntos desde os cinco anos de idade e formamos, eu, ele e Júlio, um trio de amigos inseparáveis e até hoje, quando a gente se vê, dá para tirar um pouquinho de prosa e lembrar de nossos bons momentos nos campos do ginásio, no Rink e nos gramados da região.

Não é uma seleção de sonhos, eu já disse acima, mas são jogadores de minha geração que eu acredito serem diferenciados. Claro que existem outros tantos ou muito mais, com qualificação para entrar neste pequeno grupo, mas o que me leva a escrever este texto é a tentativa de fazer você lembrar da sua turma e me enviar nomes daqueles craques que você viu jogar. 

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