O REPÓRTER INICIANTE
Um amigo meu, repórter iniciante, sempre sonhou em trabalhar em uma grande empresa jornalística. Seu objetivo era ser âncora de um grande jornal esportivo, tipo o Redação Sportv, e seu grande ídolo sempre foi José Trajano, segundo ele o “dono da cocada preta”. Eu sempre o advertia e lhe dizia que tudo aquilo que pensava sobre o ambiente nas grandes redes era irreal. “Que nada, você conhece apenas de ouvir dizer”, era o que me respondia, sempre que a conversa girava em torno do seu desejo.
Um belo dia, chamado que fui pelo amigo José Maria de Aquino, dei um chegada até São Paulo e levei o Júnior comigo. “Eu vou conhecer os bastidores da Globo?” Veio logo a pergunta do alucinado pela “Vênus Platinada”, que logo em seguida emendou um pedido até certo ponto plausível: “Será que dá para a gente ir até a Espn-Brasil para conhecer meu ídolo Trajano?” Não sei, Júnior, iremos nos encontrar com o Zé Maria ele é quem traçará nosso itinerário na capital paulista. Fique quieto, afinal somos convidados e não podemos exigir muito do anfitrião.
Viajamos à noite, num ônibus confortável e com ar refrigerado, fomos recebidos pelo ex-zagueiro Célio Silva na rodoviária de São Paulo. Ao encontrar o “Gigante de Ébano”, como ele tratava carinhosamente o ex-zagueiro corintiano, Júnior empalideceu e por algum momento achei que estivesse entrando em pânico, mas nada, eram duas emoções seguida, como ele mesmo explicou. “Chegar a São Paulo para cumprir parte de meu sonho, conhecer a Globo e meu ídolo Trajano, e ainda por cima me encontrar com Célio Silva foi demais para mim, realmente meu coração disparou e deve ter chegado a cem batidas por minuto”. Passado o susto lá fomos nós em direção à casa do amigo Zé Maria, para um descanso e uma prosa sobre bola e jornalismo esportivo.
Após o almoço seguimos para uma empresa, não a Globo, para conhecer de perto o que há de melhor no jornalismo brasileiro. Júnior ficou empolgado com o que via e foi conversando com quem encontrasse pela frente.
Sempre tive vontade de conhecer essa tal de Abril, já que estava em São Paulo, por que não ir? Ainda mais depois que me disseram que lá não existe nenhum jornalista que ganhe menos do que dez mil reais, resolvi dar uma de São Tomé e ver para crer. A entrada já foi um problema. O segurança perguntou pelo meu carro - ou motorista. Quem já foi sabe muito bem: na Abril acreditem - não se entra a pé, somente motorizado. Fingi que não era comigo e entrei. Fui recepcionado por uma loira escultural com sorriso de anúncio de dentifrício, uma sósia escrita e escarrada da Ana Hickman - com direito a 1m30 de pernas, chapinha no cabelo, olho azul e muito mais.
"Where are you from?".
“Travessão de Campos”, respondi.
"I beg your pardon!"
Tava na cara que eu não era paulistano. Mas daí a me confundir com gringo, já é demais. Eu lá tenho cara de estrangeiro! Como um cão sabujo, onde eu ia, ela ia atrás. Dos vários jornalistas que admirei boquiaberto, uma em particular me encantou e depois de uma breve conversa ao pé de ouvido –o Júnior sempre teve fama de conquistador- o cara já estava na maior prosa com a loura da portaria.
"Vamos almoçar?"
"Almoço? Estou almoçado e jantado!"
“Depois de conhecer quase tudo descobri que aqui é uma espécie de zoológico sem grades. Só que os bichos somos nós. Eu e você”, mas a loura queria era curtir com a cara do nosso jornalista e o levou para um restaurante chique, daqueles que você paga até para entrar, mas lá foi ele com a cara e a coragem, afinal dinheiro não seria problema o cartão de crédito do pai estava a sua disposição.
Acabado, esparramou-se num confortável sofá. Enquanto esperava o resto da turma chegar, abriu um livro e relaxou. Mal virou a segunda página, dois novos ricos falando alto sentaram ao seu lado esnobando:
"Amanhã vamos para o nosso haras em Catanduva. O réveillon será no Guarujá".
Me deu uma raiva...
Júnior pegou seu celular e resolveu entrar no jogo dos jovens milionários.
"Fulano, não encontrei nenhum 'Summer' para o réveillon. Abastece o jatinho. Partimos amanhã cedo para Paris. Este restaurante está um lixo!"
A cara que os dois fizeram, não tem preço. Aí, foi uma gargalhada total e rumamos todos para a Globo, onde Júnior conheceu todos os departamentos da emissora e conversou longamente com quem queria, exceto José Trajano, já que a visita a Espn-Brasil foi suspensa devido a sua verve conquistadora, o tempo passou depressa demais e Trajano fica para uma próxima viagem.
Um belo dia, chamado que fui pelo amigo José Maria de Aquino, dei um chegada até São Paulo e levei o Júnior comigo. “Eu vou conhecer os bastidores da Globo?” Veio logo a pergunta do alucinado pela “Vênus Platinada”, que logo em seguida emendou um pedido até certo ponto plausível: “Será que dá para a gente ir até a Espn-Brasil para conhecer meu ídolo Trajano?” Não sei, Júnior, iremos nos encontrar com o Zé Maria ele é quem traçará nosso itinerário na capital paulista. Fique quieto, afinal somos convidados e não podemos exigir muito do anfitrião.
Viajamos à noite, num ônibus confortável e com ar refrigerado, fomos recebidos pelo ex-zagueiro Célio Silva na rodoviária de São Paulo. Ao encontrar o “Gigante de Ébano”, como ele tratava carinhosamente o ex-zagueiro corintiano, Júnior empalideceu e por algum momento achei que estivesse entrando em pânico, mas nada, eram duas emoções seguida, como ele mesmo explicou. “Chegar a São Paulo para cumprir parte de meu sonho, conhecer a Globo e meu ídolo Trajano, e ainda por cima me encontrar com Célio Silva foi demais para mim, realmente meu coração disparou e deve ter chegado a cem batidas por minuto”. Passado o susto lá fomos nós em direção à casa do amigo Zé Maria, para um descanso e uma prosa sobre bola e jornalismo esportivo.
Após o almoço seguimos para uma empresa, não a Globo, para conhecer de perto o que há de melhor no jornalismo brasileiro. Júnior ficou empolgado com o que via e foi conversando com quem encontrasse pela frente.
Sempre tive vontade de conhecer essa tal de Abril, já que estava em São Paulo, por que não ir? Ainda mais depois que me disseram que lá não existe nenhum jornalista que ganhe menos do que dez mil reais, resolvi dar uma de São Tomé e ver para crer. A entrada já foi um problema. O segurança perguntou pelo meu carro - ou motorista. Quem já foi sabe muito bem: na Abril acreditem - não se entra a pé, somente motorizado. Fingi que não era comigo e entrei. Fui recepcionado por uma loira escultural com sorriso de anúncio de dentifrício, uma sósia escrita e escarrada da Ana Hickman - com direito a 1m30 de pernas, chapinha no cabelo, olho azul e muito mais.
"Where are you from?".
“Travessão de Campos”, respondi.
"I beg your pardon!"
Tava na cara que eu não era paulistano. Mas daí a me confundir com gringo, já é demais. Eu lá tenho cara de estrangeiro! Como um cão sabujo, onde eu ia, ela ia atrás. Dos vários jornalistas que admirei boquiaberto, uma em particular me encantou e depois de uma breve conversa ao pé de ouvido –o Júnior sempre teve fama de conquistador- o cara já estava na maior prosa com a loura da portaria.
"Vamos almoçar?"
"Almoço? Estou almoçado e jantado!"
“Depois de conhecer quase tudo descobri que aqui é uma espécie de zoológico sem grades. Só que os bichos somos nós. Eu e você”, mas a loura queria era curtir com a cara do nosso jornalista e o levou para um restaurante chique, daqueles que você paga até para entrar, mas lá foi ele com a cara e a coragem, afinal dinheiro não seria problema o cartão de crédito do pai estava a sua disposição.
Acabado, esparramou-se num confortável sofá. Enquanto esperava o resto da turma chegar, abriu um livro e relaxou. Mal virou a segunda página, dois novos ricos falando alto sentaram ao seu lado esnobando:
"Amanhã vamos para o nosso haras em Catanduva. O réveillon será no Guarujá".
Me deu uma raiva...
Júnior pegou seu celular e resolveu entrar no jogo dos jovens milionários.
"Fulano, não encontrei nenhum 'Summer' para o réveillon. Abastece o jatinho. Partimos amanhã cedo para Paris. Este restaurante está um lixo!"
A cara que os dois fizeram, não tem preço. Aí, foi uma gargalhada total e rumamos todos para a Globo, onde Júnior conheceu todos os departamentos da emissora e conversou longamente com quem queria, exceto José Trajano, já que a visita a Espn-Brasil foi suspensa devido a sua verve conquistadora, o tempo passou depressa demais e Trajano fica para uma próxima viagem.
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