INGLATERRA 66 – UMA COPA PARA SER ESQUECIDA
Na Copa da Inglaterra, em 1966, eu já acompanhava de perto o noticiário e lia, em O Jornal, os preparativos da nossa seleção. Lembro-me bem uma discussão que tive com o Gilson, que hoje está no Mato Grosso, lá bem pertinho da Bolívia, que também era um apaixonado pela bola e fã de carteirinha dos programas da Rádio Globo. O Gilson me garantia que o Ditão, do Corinthians, estava convocado pela CBD, como era chamada a CBF naquele tempo. “Os dirigentes do Corinthians impuseram a convocação de mais um do elenco e a comissão técnica chamou Ditão, o zagueiro central corintiano”. Eles erraram meu caro Gilson, retrucava o companheiro, escondendo o fato ocorrido nos bastidores, contado por Oduvaldo Cozzi em seu programa das 18h na Rádio Tupi.
- Gilson, o convocado foi o Ditão, do Flamengo. Cravei como um entendido no assunto. Isto já na hora do recreio, por volta das 21h, lá no Colégio Nossa Senhora das Graças. – Que nada, ouvi na Rádio Globo que o Vicente Matheus exigiu junto ao Havelange que incluísse mais um do time dele entre os convocados, retrucava-me o amigo. O negócio foi o seguinte: Na elaboração da lista de 43 jogadores convocados para a preparação da Copa de 1966, um dirigente da CBD ponderou que havia poucos jogadores do Corinthians e sugeriu a convocação do zagueiro Ditão. Na hora de datilografar os nomes de batismo, porém, a secretária escreveu o nome de outro Ditão, o do Flamengo. Para não cair no ridículo, a comissão técnica não desfez o mal-entendido, e tudo ficou por isso mesmo, o Ditão do Flamengo foi e completou a lista, 44 nomes convocados, ou seja quatro times.
Um outro fato me chamou a atenção antes da Copa, você me perguntará por que falo tanto da pré-copa e não da competição em si, antes de continuar com as curiosidades, arremato de primeira: a Copa foi um fiasco para o Brasil. Uma incrível bagunça tomou conta da delegação brasileira, desde a convocação, passando pelos treinos e finalmente, nos três jogos que disputamos: duas derrotas e apenas uma vitória magra sobre a fraca Bulgária, portanto é melhor contar “causos” como o do cachorrinho que achou a Taça Jules Rimet do que falar dos jogos do Brasil.
Três meses antes da Copa, a taça Jules Rimet foi roubada de uma exposição no Westminster Central Hall. Os ladrões pediram um resgate de 15 mil libras. Três dias depois, porém, a Scotland Yard prendeu Edward Betchley, que se recusou a revelar o paradeiro da taça. A polícia procurou o troféu, sem sucesso, até que um vira-lata chamado Pickles farejou algo enrolado em jornais durante uma caminhada por South London. Seu dono, David Corbett, logo viu que se tratava do troféu roubado. Pickles se tornou uma celebridade nacional e, ao lado de Corbett, foi convidado de honra da partida de abertura do Mundial. Dezessete anos depois, a taça seria roubada definitivamente no Brasil.
O fato originou uma série de batismo de vira-latas nas ruas da cidade. Qualquer cachorro que passava pela Rua Direita ou na Avenida Carvalho, caminho do Estádio Municipal, a molecada já batizava o bicho de Pickles, até as meninas do Grêmio Estudantil, que carregavam cachorrinhos nas capas de seus cadernos, escreviam em vermelho o nome do bichano para agradar os namorados.
Meu avô, que ficou fã do Amarildo, disse que não iria torcer pela seleção brasileira por causa do Vicente Feola. “Este gordo sonolento não levou o Amarildo por ele estar jogando no Milan, da Itália, leia aqui no Diário de Notícias esta barbaridade, meu filho”. E lá estava a notícia “Amarildo foi o primeiro estrangeiro a ser convocado para a seleção brasileira. Ele, que jogou no Milan, Fiorentina e Roma, estava entre os 47 chamados por Feola na fase de preparação, mas não foi inscrito para o Mundial”, dizia a matéria que provocou a ira no velho Vicente Dutra.
Como foi uma Copa para a gente esquecer, juro que apaguei da memória e por isto abrimos um capitulo para a Copa de 70, a primeira transmitida pela tevê para o Brasil e a primeira que realmente vi uma torcida organizada. Bem este papo fica para domingo.
- Gilson, o convocado foi o Ditão, do Flamengo. Cravei como um entendido no assunto. Isto já na hora do recreio, por volta das 21h, lá no Colégio Nossa Senhora das Graças. – Que nada, ouvi na Rádio Globo que o Vicente Matheus exigiu junto ao Havelange que incluísse mais um do time dele entre os convocados, retrucava-me o amigo. O negócio foi o seguinte: Na elaboração da lista de 43 jogadores convocados para a preparação da Copa de 1966, um dirigente da CBD ponderou que havia poucos jogadores do Corinthians e sugeriu a convocação do zagueiro Ditão. Na hora de datilografar os nomes de batismo, porém, a secretária escreveu o nome de outro Ditão, o do Flamengo. Para não cair no ridículo, a comissão técnica não desfez o mal-entendido, e tudo ficou por isso mesmo, o Ditão do Flamengo foi e completou a lista, 44 nomes convocados, ou seja quatro times.
Um outro fato me chamou a atenção antes da Copa, você me perguntará por que falo tanto da pré-copa e não da competição em si, antes de continuar com as curiosidades, arremato de primeira: a Copa foi um fiasco para o Brasil. Uma incrível bagunça tomou conta da delegação brasileira, desde a convocação, passando pelos treinos e finalmente, nos três jogos que disputamos: duas derrotas e apenas uma vitória magra sobre a fraca Bulgária, portanto é melhor contar “causos” como o do cachorrinho que achou a Taça Jules Rimet do que falar dos jogos do Brasil.
Três meses antes da Copa, a taça Jules Rimet foi roubada de uma exposição no Westminster Central Hall. Os ladrões pediram um resgate de 15 mil libras. Três dias depois, porém, a Scotland Yard prendeu Edward Betchley, que se recusou a revelar o paradeiro da taça. A polícia procurou o troféu, sem sucesso, até que um vira-lata chamado Pickles farejou algo enrolado em jornais durante uma caminhada por South London. Seu dono, David Corbett, logo viu que se tratava do troféu roubado. Pickles se tornou uma celebridade nacional e, ao lado de Corbett, foi convidado de honra da partida de abertura do Mundial. Dezessete anos depois, a taça seria roubada definitivamente no Brasil.
O fato originou uma série de batismo de vira-latas nas ruas da cidade. Qualquer cachorro que passava pela Rua Direita ou na Avenida Carvalho, caminho do Estádio Municipal, a molecada já batizava o bicho de Pickles, até as meninas do Grêmio Estudantil, que carregavam cachorrinhos nas capas de seus cadernos, escreviam em vermelho o nome do bichano para agradar os namorados.
Meu avô, que ficou fã do Amarildo, disse que não iria torcer pela seleção brasileira por causa do Vicente Feola. “Este gordo sonolento não levou o Amarildo por ele estar jogando no Milan, da Itália, leia aqui no Diário de Notícias esta barbaridade, meu filho”. E lá estava a notícia “Amarildo foi o primeiro estrangeiro a ser convocado para a seleção brasileira. Ele, que jogou no Milan, Fiorentina e Roma, estava entre os 47 chamados por Feola na fase de preparação, mas não foi inscrito para o Mundial”, dizia a matéria que provocou a ira no velho Vicente Dutra.
Como foi uma Copa para a gente esquecer, juro que apaguei da memória e por isto abrimos um capitulo para a Copa de 70, a primeira transmitida pela tevê para o Brasil e a primeira que realmente vi uma torcida organizada. Bem este papo fica para domingo.
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