DONA PERCILIANA - A PIONEIRA

Aqui pertinho, na praia de Atafona, converso longamente com o amigo e conterrâneo Pedro Augusto de Souza, o Pedrinho Pauzinho, cuja memória fantástica me remete aos tempos de boleiro e da nossa juventude, vivida na nossa Santa Terrinha. A Aparecida, esposa do Pedrinho, foi minha colega de sala, fizemos o Curso Normal, no Colégio Miracemense, e entre os formandos da turma de 1973 estavam o Otto Moura, o Júlio César, o Jadir, o Laelson –nosso diretor do Dois Estados- e o Lenine. E foi justamente este último que me fez entrar em um assunto interessante na mesa à beira mar.

Perguntei ao amigo se ele tinha alguma lembrança do time de Dona Perciliana, uma senhora apaixonada pelo futebol e que mantinha um time de garotos nos fundos do Campo do América, naquele tempo ainda sem os muros e o gramado renovado do Estádio Irmãos Moreira, da Associação Atlética Miracema.

Pedrinho contou, com riqueza de detalhes, tudo o que pretendia saber sobre Dona Perciliana e seu time de garotos, e um destes era o Lenine, um atarracado centro avante, que apesar de baixinho sempre foi oportunista e só não foi longe no nosso futebol porque havia, naquela época, ótimos atacantes e excelentes meias, que impediram o baixinho Lenine se destacar.

Falei com o pessoal, reunido em uma mesa à beira do mar de Atafona, um fato que me chamava atenção naquelas peladas promovidas por Dona Perciliana, que me foi lembrado pelo Lenine. “A gente não podia acertar a trave, com chutes, pois esta era de bambu e a cada bola na trava ele caia de dava um trabalho danado para Dona Perciliana arruma as barras”, dizia Lenine.

“Outro fato interessante, diz Pedrinho, eram os lanches servidos pela promotora dos eventos dos moleques, ela recolhia moedas da garotada, coisa de dez centavos de cada e quem tinha um pouco mais oferecia 20 ou cinqüenta centavos, e aos domingos, após os jogos ou peladas no Campo do América, ela servia um lance com bolos, biscoitos e sucos, feitos com ela com muito carinho e dedicação”, arremata Pedrinho.

Cito Dona Perciliana para lembrar de outros amantes do futebol e que tiveram pouco reconhecimento na cidade. José do Carmo, o Carminho, foi um dos grandes treinadores de garotos e um excelente descobridor de talentos. Botão, que os mais antigos devem se lembrar, era outro apaixonado e como Dona Perciliana se virava arrumando jogos entre times de garotos.

Chiquinho Maracanã, dono e faz tudo do fabuloso Rink, já recebeu uma crônica especial, mas é também um daqueles apaixonados, como o Edson Barros, o Sabino, o Clarindo Chiapin, o Jairzinho do Operário, e tantos outros que foram esquecidos por nossa memória e por amigos a quem pedi um apoio para esta escrever esta coluna.

E lembrando do Edson Barros, um dos grandes incentivadores do futebol miracemense, na década de 60, montou um Vasquinho com tanto esmero que saudosistas chegaram a compará-lo com o Rink, do Chiquinho Maracanã. Ele levou o Bizuca, um dos grandes goleiros miracemenses, para comandar o time e foi formado um juvenil praticamente imbatível, naquele tempo. Zé Navalha, Luiz, Teco, Gilson e Vilmar, Geraldinho, Tininho e Júlio, Tiara, Adilson e Pintinho, foi o primeiro time a jogar com a camisa do Vasquinho.

Para finalizar e arrematar com “chave de ouro” meu pensamento vai até ao amigo Alberto Cid Carvalho, o craque Bitico, que me ensinou os primeiros passos com uma chuteira e se transformou no verdadeiro ídolo de uma garotada sedenta por bola e cuja base era o citado time do Vasquinho. Bitico foi fantástico para nossa geração e criou dois times, infantil e juvenil, que irão merecer uma crônica especial muito em breve.

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