CONVERSA DE BOTEQUIM 4

Mister X, desta vez irritado com os políticos brasileiros, principalmente os cariocas que pensam em sediar os Jogos Olímpicos, em 2004, está bem pra baixo. Mister X. quando nervoso, não ouve ninguém e só diz que tem que ser aceito pelos seus pares.
Vieira, um velho e experiente companheiro de mesa, já conhece o cara e pergunta na bucha.
- Mister X, tá na bronca com quê? A derrota da seleção te encheu?
- Que nada Vieira, o caso é o seguinte: - O Brasil não tem segurança está deseducado, e, para encerrar o papo, o Brasil está quebrado e, mesmo assim, tem gente querendo promover Jogos Olímpicos.
O meu velho, aposentado pelo INSS, recebe uma ninharia e minha mulher professora do estado, tem tanto dinheiro quanto você, um policial militar, ou Amim, um médico famoso do Posto de Saúde. Isso é um absurdo.
- Deixa prá lá, Mister X fala Amim, já sabendo o temperamento do provocador comentarista.
- Deixa não Aminzinho, a coisa tá feia. Vamos ser campeões no “Assalto triplo”? Medalha de ouro na maratona? O brasileiro faz uma verdadeira maratona para sobreviver, veja o seu caso. Trabalhas em hospital, no SUS, com convênios diversos, com particulares e outros casos extras. Tudo isso pra sobreviver. O policial ali tem que fazer segurança particular para reforçar o orçamento, e, nas horas vagas, atacar de vendedor ambulante.
-E você aí Mister X, fica resmungando enquanto os outros estão pouco lixando para isto, deixa pra lá homem de Deus, grita lá do banheiro o Neco Chaveiro.
- Nada; Não deixo não. Eu vou falar sempre. Você viu o que pensam em construir? Um túnel submarino ligando Rio de Janeiro e Niterói. E o hospital para os velhinhos, que estão morrendo naquele asilo que tem um nome de santa? Quando farão?
-E o Maracanã? Cutuca Vieira, já encampando a bronca do companheiro, precisa de reformas há muito tempo e agora, com este pensamento, irão privatizá-lo, mesmo assim o governo vai liberar verba para construir um complexo esportivo de primeiro mundo.
O Doutor Amim, mais preocupado com a saúde do que com o esporte, encerra a discussão e também defende nosso personagem central. -Com o dinheiro que irão gastar com a preparação do estadio para receber 12 mil atletas os governos: Federal e Estadual, preparam uma centena de pequenos hospitais, fazem um saneamento básico em todo o país; fazem um verdadeiro rebuliço, positivo, com a educação e ainda sobram alguns para gastar com a moralização do INSS, detona o médico.
- Mas, espera aí. Nós estamos sonhando muito alto, retruca Mister X, já antecipando a resposta dos políticos e interessados no evento. O dinheiro vem da iniciativa privada e nada será gasto pelos cofres públicos.
- Então pra que a visita de parlamentares a Atlanta? Fala Vieira. Se somente o COB e a iniciativa privada irão investir, deixa que eles resolvam.
Um vizinho de mesa, querendo dar mais um toque no assunto, mas já com cara de quem tomou umas a mais, diz:
- Segundo os americanos são duas cidades brasileiras a disputar o direito de sediar os jogos de 2004, Rio e Buenos Aires. Vamos fingir que a capital dos argentinos também é Brasil e deixar os gringos ganharem. Assim ficamos livres.
O assunto terminou e todos puderam degustar o tira gosto que estivesse chegando e o papo ficou para a ser decidido depois das eleições.

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