CONVERSA DE BOTEQUIM 3

Passou o carnaval e todo mundo volta ao batente, inclusive Mister X, que retorna as mesas do Cachoeira Bar, de onde ficou afastado durante a folia por excesso de gente no local. Gente que não tem nada a ver com o seu papo do dia a dia, que falam de tudo, menos da paixão nacional, o futebol.
Com ele voltam os velhos amigos, e, ao que parece, a velha rotina de discutir o óbvio, como diz o velho Vicente, botafoguense desiludido com os dirigentes.
É Vicente que dá a saída para a volta do bate papo. — Chegou o Estadual. O fogão contratou o Joel Santana e seus velhos personagens. Diz o torneiro mecânico, ainda trajando a roupa de batalha. Chegaram Ailton, Pingo e Jorge Luiz, todos ex-rubronegros, e como diz a lenda, quando um ex-Flamengo vem pro nosso lado o título é certo, e agora, com o Joel, tudo pode dar certo, complementa.
Dr. Freitas, tricolor com uma queda pelo Botafogo, foi logo defendendo seu parceiro, antes que alguém caísse de pau no velho Vicente. — Amigo, por onde passou o Joel foi campeão, mas com fé e esperança o seu time chega lá, principalmente com o Djair, outro flamenguista e com o Sorato, ex-Vasco. Mas, como nem tudo são flores, Dr. Freitas ironizou: Você já parou para pensar, Vicente, que não tem mais cabeças de bagre por falta de espaço? O que pensa que irá ganhar?
Mister X, que ainda não havia entrado no papo, começou a destilar seu veneno contra o seu "arqui-inimigo", o Nélio, cuja presença, até no banco do Flamengo, irrita o velho torcedor. — Agora são dois mascarados. O irmão, que pintava como bom jogador caiu na desgraça do mais velho e irão ficar com calo nas nádegas de tanto se sentarem no banco de reservas. Graças a Deus o Júnior começa a me ouvir, diz Mister X com a certeza de que o treinador do Flamengo o ouviu. Para o Flamengo ficar nos cascos só falta um goleiro, um lateral esquerdo, um meio campo lançador e uma sombra para o Sávio, ex-xodó da torcida. Completa Mr. X.
O menino Cássio , que tudo ouviu, ficou entusiasmado. – Então Mister X, o Flamengo está fora do páreo. Vai sobrar para o nosso tricolor.
— Que nada, menino Cássio, os que têm na Gávea ainda são os melhores do Rio e os reforços são para ganhar a Copa do Brasil e depois o Brasileiro, para este campeonato desorganizado o que tem lá dá para o gasto.
A esta altura chegava o Vieira, já vestido com a camisa cruzmaltina, gritando casaca, casaca, casaca. O Vasco acabava de vencer mais um pequeno e ele, Vieira, já se proclamava campeão do Rio, pois a presença dos grandes não vai tirar o título da colina.
— Viu o Ramon? Bradava Vieira, é o nosso artilheiro. Agora temos o Almir, que veio do Japão para formar o melhor ataque do Rio.
Enquanto o Garçom Jacaré trocava os copos e colocava duas "louras geladas" à mesa, Dr. Freitas retrucava o Vieira.
— Não entendi a negociação do Almir. O Vasco deve dois milhões ao Edmundo, não paga e por isto não tem o Animal. Paga três no Almir e fica com um jogador mediano. Como é que se explica isto?
— Fácil, Dr. Vieira, interrompe Mister X, o Almir foi comprado de empresário e pode render uma gorda comissão, quanto ao Edmundo, o passe é do Vasco e não tem “gorjeta” para os dirigentes. Dá pra entender?

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