CONVERSA DE BOTEQUIM 2

CONVERSA DE BOTEQUIM 2

Hoje, é dia de alegria no Bar do Cachoeira. Mister X mandou fechar as portas e convocou o garçom Jacaré para servir a todos, por sua conta.
— Qual o motivo de tanta felicidade, Mister X? Pergunta o Jacaré, prevendo uma tarde cheia de serviço e de grandes papos.
— A grande derrota dos "olímpicos cariocas". Você viu menino, quanta decepção nos rostos dos responsáveis por esta farsa? Viu a cara do banqueiro Coelho? Viu as feições fechadas do Presidente Havelange? Aquilo é rosto de quem pretendia dar alguma alegria ao povo? Que nada. Eles demonstravam frustração por não poder continuar ganhando fortunas com a condição de cidade candidata.
— Mas o Senhor Viu que o Ministro Pelé estava de cabeça erguida, demonstrando estar feliz com a escolha de Buenos Aires? Não viu? Pergunta o Menino Cássio, também triste.
— Filho. Pelé é um só, rebateu Mr. X. Esse cidadão é a figura mais importante que temos no país e temos que preservá-lo. Ele sabe chegar, sabe sair e se comporta como verdadeiro cavalheiro. Pelé ainda vai ser o nosso homem forte, esperem. É o único motivo que me deixa ainda com esperança no esporte brasileiro.
Entrando no papo, Vicente, o torneiro mecânico, chama para si as atenções: - O Brasil é o país do jeitinho. O banqueiro Coelho acreditava que com tudo o que falta no Estado do Rio e no Brasil, os homens do COI, entidade dirigida por gente séria, iria dar esta oportunidade para os brasileiros? O que o nosso povo precisa é acreditar em sua força e reivindicar os melhoramentos que foram oferecidos em caso de a cidade ganhasse a condição de sede olímpica. Junte-se ao povo carioca, exija o que lhe foi prometido.
— Muito bem, Vicente. O que precisamos agora é de alguém que promova uma mudança radical em toda a estrutura esportiva e cultural deste país - fala Dr. Freitas. O nosso povo é sofrido demais e já sabe o suficiente para tentar mudar isto tudo. Vamos, com muita esperança, torcer para que desta derrota saia resultados positivos para o futuro. Nada de 2008, isto tudo é ilusão, define o advogado.
— Curitiba tem mais chance que o Rio, em 2008. Volta o Menino Cássio à conversa. O Paraná é o primeiro mundo no Brasil. Seus governantes, sem querer aparecer, fazem do estado sulista uma potência nacional e o dinheiro está é por lá. Eu já estive naquela região e posso dizer, sem medo de errar: Se Curitiba quiser consegue. Tem homens e dinheiro para isso.
O Garçom Jacaré, catando as dezenas de garrafas de "louras geladas", que os debatedores degustavam, deixou escapar, com ironia, a sua opinião sobre tudo o que aconteceu.
— O projeto olímpico é igualzinho ao meu Vasco da Gama. Tem um cara que quer aparecer e manda em tudo e, no finalzinho, acaba tudo em pizza. Querem conquistar título para as nossas cores, mas os investimentos realizados só interessam aos bolsos dos empresários e dirigentes vascaínos, que há muito não pensam no time, só em votos e dólares.
— É isto aí, Jacaré. Bradou o Vieira, que tudo escutou e, somente, no final, deu ar de sua graça. Concordo plenamente com todos vocês, mas é bobagem a gente ficar aqui discutindo como idiotas, pois daqui a quatro anos esses mesmos homens estarão de novo em evidência e nós, no mesmo atoleiro.

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