CONVERSA DE BOTEQUIM 1

Mister X, tremendo apaixonado pelo esporte em geral, está pensativo. Seu semblante que não é de total alegria, deixa transparecer um pouco de tranqüilidade, coisa que há muito não se via neste esportista fanático, e, que torce até em partida de cuspe à distância.
— O que está havendo, Mister X? Entra o velho parceiro Vicente, o torneiro mecânico. Estou notando uma ponta de ironia neste seu olhar malicioso homem de Deus. Que está acontecendo? Conte.
— Seguinte, meu caro Vicente. Ando meio desligado do futebol, estou apenas me concentrando no esporte das meninas, principalmente, no vôlei de praia, onde a beleza do espetáculo é o visual das "gatas" praticantes. Estou farto de futebol, tem muita mentira, muita armação e falsidades. Estou em outra.
— Mas. você mesmo disse que o vôlei de praia é a coisa mais chata da tevê, retruca o parceiro. – Mas, você já viu as meninas? Que formosura. Rebate Mister X imediatamente.
— Olha o Vieira chegando. Pergunte a ele se não estou certo. E a pergunta foi imediatamente respondida pelo vascaíno frustrado.
— Eu não quero mais saber de Vasco, enquanto a gente fica aqui discutindo as partidas, os homens ficam nos escritórios refrigerados armando a próxima jogada de tapetão ou de sacanagem com alguém. Tô com Mister X, ligadão nas meninas da praia.
O menino Cássio, debaixo de sua santa ingenuidade, fala com paixão do seu tricolor. O menino Cássio está ainda pensando em disputar a primeira divisão e não aceita o conselho do Dr. Freitas, botafoguense, de trocar de camisa. – Menino. Você deve torcer pelo Botafogo, na primeira, e pelo seu Fluminense, na segunda.
Aí é que aconteceu a mancada. – O Senhor acredita que nós disputaremos a segundona? Sai desta. O Fluminense é o "rei do tapetão" e vamos virar a mesa de verdade. Esperem e verão.
Foi à gota dágua que faltava na conversa de botequim, daquela sexta-feira, no Bar do Cachoeira. O garçom Jacaré, já prevendo o epílogo, tratou logo de tirar as garrafas e os copos vazios da mesa, pois já esperava o murro que seria desferido pelo enfurecido Mister X.
— PÔ. Tá vendo, só esmurrando a mesa. É por isso que agora mudei de esporte, estou com as meninas e não abro. Este moleque, dirigindo-se ao menino Cássio, que mal saiu das fraldas já sabe que vai ter mutreta e espera vitória. Como é que a gente pode ficar torcendo por uma coisa que não vai acontecer. Quem garante que as vitórias dos nossos clubes são limpas e honestas?
— Sei não, diz o Vicente, a nossa parcela de contribuição já foi dada. Agora é esperar que os homens aprovem os novos estatutos dos clubes e estes passem a ser administrados por profissionais, homens competentes e com vontade de ganhar dinheiro honestamente. Do jeito que está o torcedor não vai mais ao campo.
— E, enquanto isto, as quadras do Brasil inteiro estão lotadas, garante Vieira. Os jogos de Futsal, Basquete e Voleibol, nas duas categorias, estão superlotadas. São jogos decididos dentro de campo e não nos bastidores ou por árbitros corruptos ou incompetentes.
Solta a saideira, Jacaré. Tá na hora de ver mais uma partida pela Liga Nacional de Vôlei, feminino, é claro.

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