AS MARCAS DO IODO E DA ESPERTEZA
Francisco de Assis da Silva Júnior seria um cidadão comum se não tivesse sido um dos mais perfeitos jogadores de futebol de Paraíso. Conhecido na localidade como Chiquinho, foi o terror dos zagueiros durante alguns anos. Chiquinho era aquilo que se poderia chamar de craque. Jogava também na defesa, subia bem para os desarmes de cabeça e era rápido para sair para o ataque. Era quase perfeito no meio campo, mas se saiu melhor como atacante, o melhor da década de 60.
Durante anos a fio, os clubes da capital tentaram levá-lo e aqueles que por ali jogavam e viam seu belo futebol faziam propostas mirabolantes, mas Chiquinho não saia de jeito nenhum. Seu amor pelo Azulão era maior que sua vontade de ser um profissional da bola. "Não preciso de dinheiro, felizmente, não tenho mais o que fazer na capital e, hoje, só saio daqui se o nosso time acabar", dizia o craque a todos que o pretendia.
Conta a lenda, os mais próximos da fera dizem ser verdade, que na decisão do campeonato local, num domingo de festa ,na localidade, com o pequeno e acanhado estádio repleto de gente, inclusive alguns empresários da capital estavam nos bancos à beira do gramado para ver a famosa decisão de Paraíso. Chiquinho estava no seu canto preocupado e pensativo. Orlando Fota, um massagista veterano e amigo fiel do atacante, chegou de mansinho e perguntou se havia algo de estranho com ele. "Nada disto seu Fota. Vamos triturar os adversários e tirar esta banca de favoritismo que eles estão alardeando por aí. Mas se ficar difícil a gente vai ter que dar um jeitinho de mudar o rumo do jogo. Tá certo?"
Os dois combinaram uma jogada qualquer e antes de a bola rolar, Orlando Fota diz ao atacante que estava tudo certo e que não teria problema nenhum em cumprir o combinado. A torcida do Azulão estava em maior número no estádio, mas os encarnados levavam a vantagem de jogar pelo empate e tinham um conjunto melhor do que o time da casa, que via em Chiquinho o seu grande tormento, tanto que na preleção, o técnico Maninho, dos Encarnados, pedia para que Valdir e Ataíde tomassem conta do experiente atacante. "Não deixem ele andar", bradava o treinador.
Tudo pronto. O jogo começou. A mesma tradição. Ôôôôoooo... para um lado, ôôôôoooo... para o outro. Termina o primeiro tempo – 0 x O. O tempo foi passando e o Chiquinho se preocupando com o empate, que dava o título aos visitantes. Quando o relógio marcava 40 minutos do segundo tempo, Chiquinho acenou para o Orlando Fota e o mesmo confirmou com um aceno. Logo a seguir, o Azulão teve um escanteio pelo lado esquerdo, atacando para gol da padaria.
Era agora ou nunca! Bola pelo ar, Chiquinho sobe com dois zagueiros, mas não conseguiu tocar na bola, então caiu gritando com a mão no rosto. Fota entrou em campo e rapidamente entornou iodo no rosto do Chiquinho. O craque continuou gritando, principalmente quando o árbitro se aproximou. Tirou as mãos do rosto e o árbitro não teve dúvida com o que viu, e pensou: “Acertaram uma cotovelada no rosto do rapaz." De imediato, marcou pênalti. Foi um corre-corre dos jogadores encarnados em cima do árbitro, mas não teve jeito, o pênalti estava marcado. E adivinhem quem cobrou a penalidade e marcou o gol: Chiquinho.
Na arquibancada, a galera do Azulão gritava enlouquecida pelo gol que daria o título aos donos da casa. Na beira do campo, Fota dava cambalhotas, “deu certo", dizia. Parabéns Chiquinho, não por essa jogada, mas pelo que fez pelo futebol de Paraíso. Se você está longe não tem problema algum, o importante para o futebol paraisense e para seus amigos é que você jamais se esqueceu de nós e da sua terra.
TOQUE DE PRIMEIRA - Esta crônica é uma homenagem aos meus amigos Chiquinho de Assis, grande craque do Paraisense, Orlando Nascimento, o Fota, massagista do Tupan, Alcir Fernandes de Oliveira, o Maninho, de quem tenho saudades das prosas e dos ensinamentos, e aos irmãos Souza -Valdir e Ataíde- que sempre riscaram minhas canelas nos duelos entre Esportivo x Tupan. Fota e Maninho não estão mais conosco, mas os irmãos Souza, ainda em Miracema, e Chiquinho, que está nos Estados Unidos, treinando o Miami na liga profissional americana, ainda vivem para confirmar ou não esta historinha.
Durante anos a fio, os clubes da capital tentaram levá-lo e aqueles que por ali jogavam e viam seu belo futebol faziam propostas mirabolantes, mas Chiquinho não saia de jeito nenhum. Seu amor pelo Azulão era maior que sua vontade de ser um profissional da bola. "Não preciso de dinheiro, felizmente, não tenho mais o que fazer na capital e, hoje, só saio daqui se o nosso time acabar", dizia o craque a todos que o pretendia.
Conta a lenda, os mais próximos da fera dizem ser verdade, que na decisão do campeonato local, num domingo de festa ,na localidade, com o pequeno e acanhado estádio repleto de gente, inclusive alguns empresários da capital estavam nos bancos à beira do gramado para ver a famosa decisão de Paraíso. Chiquinho estava no seu canto preocupado e pensativo. Orlando Fota, um massagista veterano e amigo fiel do atacante, chegou de mansinho e perguntou se havia algo de estranho com ele. "Nada disto seu Fota. Vamos triturar os adversários e tirar esta banca de favoritismo que eles estão alardeando por aí. Mas se ficar difícil a gente vai ter que dar um jeitinho de mudar o rumo do jogo. Tá certo?"
Os dois combinaram uma jogada qualquer e antes de a bola rolar, Orlando Fota diz ao atacante que estava tudo certo e que não teria problema nenhum em cumprir o combinado. A torcida do Azulão estava em maior número no estádio, mas os encarnados levavam a vantagem de jogar pelo empate e tinham um conjunto melhor do que o time da casa, que via em Chiquinho o seu grande tormento, tanto que na preleção, o técnico Maninho, dos Encarnados, pedia para que Valdir e Ataíde tomassem conta do experiente atacante. "Não deixem ele andar", bradava o treinador.
Tudo pronto. O jogo começou. A mesma tradição. Ôôôôoooo... para um lado, ôôôôoooo... para o outro. Termina o primeiro tempo – 0 x O. O tempo foi passando e o Chiquinho se preocupando com o empate, que dava o título aos visitantes. Quando o relógio marcava 40 minutos do segundo tempo, Chiquinho acenou para o Orlando Fota e o mesmo confirmou com um aceno. Logo a seguir, o Azulão teve um escanteio pelo lado esquerdo, atacando para gol da padaria.
Era agora ou nunca! Bola pelo ar, Chiquinho sobe com dois zagueiros, mas não conseguiu tocar na bola, então caiu gritando com a mão no rosto. Fota entrou em campo e rapidamente entornou iodo no rosto do Chiquinho. O craque continuou gritando, principalmente quando o árbitro se aproximou. Tirou as mãos do rosto e o árbitro não teve dúvida com o que viu, e pensou: “Acertaram uma cotovelada no rosto do rapaz." De imediato, marcou pênalti. Foi um corre-corre dos jogadores encarnados em cima do árbitro, mas não teve jeito, o pênalti estava marcado. E adivinhem quem cobrou a penalidade e marcou o gol: Chiquinho.
Na arquibancada, a galera do Azulão gritava enlouquecida pelo gol que daria o título aos donos da casa. Na beira do campo, Fota dava cambalhotas, “deu certo", dizia. Parabéns Chiquinho, não por essa jogada, mas pelo que fez pelo futebol de Paraíso. Se você está longe não tem problema algum, o importante para o futebol paraisense e para seus amigos é que você jamais se esqueceu de nós e da sua terra.
TOQUE DE PRIMEIRA - Esta crônica é uma homenagem aos meus amigos Chiquinho de Assis, grande craque do Paraisense, Orlando Nascimento, o Fota, massagista do Tupan, Alcir Fernandes de Oliveira, o Maninho, de quem tenho saudades das prosas e dos ensinamentos, e aos irmãos Souza -Valdir e Ataíde- que sempre riscaram minhas canelas nos duelos entre Esportivo x Tupan. Fota e Maninho não estão mais conosco, mas os irmãos Souza, ainda em Miracema, e Chiquinho, que está nos Estados Unidos, treinando o Miami na liga profissional americana, ainda vivem para confirmar ou não esta historinha.
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