AS HISTÓRIAS DE JUCÃO, O ARTILHEIRO
Geralmente, quando revejo amigos antigos, o prato principal das conversas é o futebol, assunto preferido por dez entre dez amigos da roda de prosa nos botecos e na praça. Normalmente falo muito e conto casos e “causos”, mas desta vez me vi forçado a ficar mudo, calado mesmo, pois na roda estavam alguns trabalhadores aposentados e aposentados boleiros, que faziam um exercício incrível de memória para poderem, juntos, me convencer de que foram os reis das peladas e dos gramados de qualquer canto da cidade ou do distrito.
Jucão, que se intitula um emérito cabeceador, narrava sua trajetória e se comparava ao Careca, o Sérgio Roberto Nascimento, um dos maiores cabeceadores de minha geração. Mas Jucão exagerava e, por isto, eu e Betinho Dias, as vezes, nos entreolhávamos espantados com o sonho de Jucão. Mas o papo fluía legal e na mesa ao lado, que logo depois se juntou a nossa, Fabrício e outros contadores de histórias, também se espantavam com a narrativa, que a cada gole de cerveja ficava mais impressionante.
Liminha, serralheiro e companheiro de Jucão durante anos, estranhamente saia da mesa de cinco em cinco minutos em direção ao banheiro. Perguntei ao Nico, que acabara de chegar à nossa mesa. “O que tem o Liminha? Problemas na bexiga?” – Não, amigo Dutra, o Liminha detesta mentira e para não se aborrecer com o amigo ele dá umas voltas e finge não ouvir as bravatas do Juca.
E nosso personagem, naquele dia, estava impossível. Contava que certa vez seu time foi jogar contra o maior adversário de uma cidade vizinha, e ele, com o joelho machucado, não pôde ser escalado.
Ao final do primeiro tempo, seu time já perdia por 3 x 0. Após o intervalo, a coisa piorava a cada instante: aos 30 minutos o placar apontava 5 x 0 para a equipe da casa. Foi quando o técnico o chamou:
- Meu ídolo, eu sei que você não está em condições de jogar, mas preciso que entre para evitar um vexame maior.
E o nosso herói começou a contar para os amigos, mais uma de suas proezas:
- Aos 35 minutos, escorei um córner de cabeça e fiz 5 x 1. Aos 37, driblei três adversários e de virada diminuí para 5 x 2. Aos 40, arrematei de voleio: 5 x 3...
Ia narrando o antigo craque, embalado pelas “louras geladas”.
Em um canto, impassível e aparentemente dormindo, Liminha apenas ouvia.
- Aos 43, de bicicleta, fiz 5 x 4...
E Liminha parecia mesmo cochilar.
- Aos 45, quando o juiz já se preparava para terminar a partida, peguei a bola na intermediária, passei por três zagueiros, invadi a área, fintei o goleiro...
Mas antes que o nosso craque concluísse o lance, Liminha interrompe a narrativa, levantando aos berros:
Jucão!!! Se você empatar este jogo eu lhe enfio a mão na cara...
Jucão, que se intitula um emérito cabeceador, narrava sua trajetória e se comparava ao Careca, o Sérgio Roberto Nascimento, um dos maiores cabeceadores de minha geração. Mas Jucão exagerava e, por isto, eu e Betinho Dias, as vezes, nos entreolhávamos espantados com o sonho de Jucão. Mas o papo fluía legal e na mesa ao lado, que logo depois se juntou a nossa, Fabrício e outros contadores de histórias, também se espantavam com a narrativa, que a cada gole de cerveja ficava mais impressionante.
Liminha, serralheiro e companheiro de Jucão durante anos, estranhamente saia da mesa de cinco em cinco minutos em direção ao banheiro. Perguntei ao Nico, que acabara de chegar à nossa mesa. “O que tem o Liminha? Problemas na bexiga?” – Não, amigo Dutra, o Liminha detesta mentira e para não se aborrecer com o amigo ele dá umas voltas e finge não ouvir as bravatas do Juca.
E nosso personagem, naquele dia, estava impossível. Contava que certa vez seu time foi jogar contra o maior adversário de uma cidade vizinha, e ele, com o joelho machucado, não pôde ser escalado.
Ao final do primeiro tempo, seu time já perdia por 3 x 0. Após o intervalo, a coisa piorava a cada instante: aos 30 minutos o placar apontava 5 x 0 para a equipe da casa. Foi quando o técnico o chamou:
- Meu ídolo, eu sei que você não está em condições de jogar, mas preciso que entre para evitar um vexame maior.
E o nosso herói começou a contar para os amigos, mais uma de suas proezas:
- Aos 35 minutos, escorei um córner de cabeça e fiz 5 x 1. Aos 37, driblei três adversários e de virada diminuí para 5 x 2. Aos 40, arrematei de voleio: 5 x 3...
Ia narrando o antigo craque, embalado pelas “louras geladas”.
Em um canto, impassível e aparentemente dormindo, Liminha apenas ouvia.
- Aos 43, de bicicleta, fiz 5 x 4...
E Liminha parecia mesmo cochilar.
- Aos 45, quando o juiz já se preparava para terminar a partida, peguei a bola na intermediária, passei por três zagueiros, invadi a área, fintei o goleiro...
Mas antes que o nosso craque concluísse o lance, Liminha interrompe a narrativa, levantando aos berros:
Jucão!!! Se você empatar este jogo eu lhe enfio a mão na cara...
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