APELIDOS DE ONTEM E DE HOJE

A cultura do nome dos jogadores de futebol, no Brasil, sempre foi diferente da maioria dos outros países. Aqui, no nosso país, atualmente há uma grande mudança em relação ao passado, no que concerne a nome dos jogadores. Os nomes europeus estão sendo valorizados, vide Rafael Sobis, que teve o sobrenome europeu incluído para favorecer a negociação com a Espanha. Tenho certeza se fosse Nascimento o seu sobrenome, dificilmente teria destaque, como não teve o mais famoso dos Nascimentos, o Edson, que se tornou conhecido no mundo como o Rei Pelé, simplesmente Pelé.
Você imaginaria um jogador com o nome de Cabeludo? E Polaca? Caçarola então, nem pensar. Pois estes eram os nomes que circulavam nas décadas de 50 ou 60, que tinha em Quarentinha, Garrincha, Didi, Zito, Canhoteiro ou Pavão, os seus grandes ídolos. Um ataque com Nenenzinho, Careca e Cabeludo já deu problemas na terrinha, uma piada de gosto duvidoso, já contada por aqui tempos atrás, dizia assim: “Entra duro Careca, vai fundo Cabeludo, vão fazer Neném”. Hoje, nem lá na terrinha, é assim, pois os Diegos, os Rodrigos, os Leandros estão dominando e quando têm um sobrenome pomposo, como Diego Salles, Rodrigo Rossi ou Leandro Sena, a camisa fica um pouco mais bonita, segundo os empresários ambiciosos.
Como escalar, hoje, um time assim: Navalha, Sete Pernas, Parafuso, Pula N’água e Cabana, Pernoca, Beiçola e Fogueteiro, Neném, Careca e Cabeludo. Ficava difícil né mesmo? No Brasil, alguns desses codinomes fizeram história em menor escala do que o Rei Pelé. Tostão, Vampeta, Aleluia, Valdir Papel... Estes todos conhecem.
No meu tempo de repórter da Difusora, que andei por esse país atrás de Americano e Goytacaz, nomes esquisitos eram comuns. Tentei buscar na memória alguns nomes e nos alfarrábios encontrei estes: Jeason e Valdans, do Veranópolis/RS, Edcleber, do Ananindeua/PA, Kizzer e Warleyn, do Araguaína/TO, Kivel, do Ji-Paraná/RO, bem pior do que os apelidos você não acha? E há os famosos Ronicley, do Americano/RJ, e Ronimar, do Fast/AM.
Lá pelas bandas do Noroeste Fluminense um outro rosário de nomes incríveis como os goleiros Bizuca e Rubinho Camelo, os zagueiros Brecó e Besouro, os atacantes Chocalho, Totô, Tirrô, Tetedo, estes dois últimos de Laje do Muriaé, que também nos deu o Chupa Limão, Carreiro, Farelo, Duzentos, Lagartixa e tantos outros.
Em Cambuci havia o Pardal, irmão do Silvio e do Orlando Pinheiro, craques do mais alto nível e o meia/ponta não tinha nenhum receio em ser chamado pelo nome, quer dizer, pelo apelido que carrega até hoje e se o chamarmos pelo nome de batismo - juro que não sei - é possível que não nos atenda. Pardal foi craque, assim como Cabeludo o fora, como Caveira, um atacante de Santo Antonio de Pádua, não tão feio como o nome, mas que atende até hoje pelo famoso apelido ganho nas peladas de ruas.
Uma outra história lendária é a do atacante Belisca, que na época do fato aqui narrado jogava no Comércio, e até virou uma crônica especial para o livro. Num jogo em que o goleiro Tote, um barbeiro cismado a goleiro, não conseguia achar a bola e já havia levado cinco ou seis frangos, o nosso Belisca resolveu apelar e definir logo o que achava daquilo tudo. Num bate-rebate na área do Comércio, a bola sobrou para... Belisca! Como se estivesse na área do adversário, dominou no peito, encheu o pé e Tote Barbeiro nada pôde fazer. Foi um dos gols contra mais bonitos da história do futebol, talvez o mais doloroso para a torcida do Comércio.
E por aqui, além de Matadouro, Cebolinha ou o singelo Índio, Sérgio Tinoco me lembra outros nomes, que, também, dariam uma seleção interessante. Vejam só: Zé da Ilha, Caxola, Folha, Fumaça e Bitiu, Rebolinho, Buraca e Dotô, Jarbas Caminhão, Piscina e Petróleo. Com este time fecho a coluna e abro a imaginação do torcedor/leitor, para que juntos façamos a grande seleção campista dos apelidos.

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