AMAURY E O RESERVA BONITÃO
O Paduano foi um dos destaques da semana no nosso Papo de Bola, não por estar realizando uma excelente terceira divisão, longe disto, o Paduano foi destaque pela seqüência de derrotas e pela troca de treinador, assumiu o ex-goleiro Amaury, que teve ótima passagem pelo Flamengo, onde começou, pelo Goiás, onde fez sucesso e até hoje é lembrado como o goleiro de maior invencibilidade na meta alviverde. Amaury jogou com a gloriosa camisa do Americano e encerrou a carreira vestindo outra número um alvinegra, a do Tupi, de Juiz de Fora. Não ficou rico, de dinheiro do bolso, mas é rico em causos e histórias, segundo ele verídicas, vividas no mundo da bola.
Hoje, por ser domingo, trago uma passagem deste grande amigo e adversário, nossos duelos são famosos na região, e aconteceu justamente naquele período de longa invencibilidade no gol do Goiás EC. – Meu reserva, conta Amaury, era considerado um dos jogadores mais bonitos do Brasil, vinha do São Paulo e até que era um bom goleiro.
Os jogos iam seguindo e eu, graças aos meus companheiros de defesa e a minha boa fase, não tomava gol e não tinha susto com bolas de longa distância, a zaga mandava todas para as arquibancadas. Um dia tinha que chegar a vez do reserva, mas estava difícil colocar o garoto em campo, eram jogos decisivos, naquele tempo os campeonatos eram jogados em três turnos e não tinha Brasileiro prolongado.
No primeiro clássico, segue a narrativa, contra o Atlético Goianiense, a torcida até se assanhou pedindo a entrada do Barbiroto, o goleiro galã. Fiquei com a pulga atrás da orelha, diz Amaury, depois fiquei sabendo que eram as meninas da faculdade que formavam um coro para me derrubar e dar vaga para o ídolo delas. Tudo bem, diz o goleiro paduano, sua hora vai chegar, ao passar pelo companheiro no intervalo da partida.
Veio um jogo fácil, contra o Goianésia, e a invencibilidade foi mantida. O time esmeraldino continuava na ponta e cheio de moral com os torcedores e eu, diz Amaury, estava com tudo e me sentia um verdadeiro Marcial (ídolo do Flamengo na década de 60) dentro dos três paus do verdão.
No domingo, o clássico mais famoso do estado, contra o Vila Nova, que vinha logo atrás da gente com dois pontos perdidos (naquele tempo a derrota contava dois pontos apenas) e uma vitória embolaria a competição e levava para uma decisão extra. Bola rolando e o nosso time não se acertava. O ataque parecia nunca ter jogado junto ou feito um coletivo. Nossa defesa era um queijo suíço, cheia de buraco, sobrava pra mim o bagaço da laranja. Fiz milagres e o zero a zero continuava incomodando os adversários, já que o empate nos dava o título de forma antecipada, o último jogo era contra um pequeno, cujo nome me esqueci. Segundo tempo. Nosso treinador ajustou as peças e fizemos dois a zero antes dos quinze minutos. Aí começaram os gritos histéricos das meninas e como estava ficando fácil, prometi que daria chance ao garoto bonito. Cai no chão, conta Amaury, pedi os médicos e deixei o campo de maca. Na troca das luvas ele me disse: “Vai me botar numa fria”. No que respondi de pronto “Eu segurei até agora e você insistia em jogar, agora é sua vez de mostrar serviço, vá lá e se garanta junto a sua pequena torcida”.
Eu sabia que tinha colocado o menino numa fria, mas era minha vingança contra as gurias e contra os dirigentes mais chegados (entenderam?) que viviam no vestiário abraçado com o meu reserva, mas com segundas intenções. Ele entrou e na primeira bola, saco, o Vila Nova marcou o primeiro. No segundo lance, saco, o Vila Nova empatou. A metade do Serra Dourada calou e as meninas, que faziam algazarra também se calaram. Os jogadores olhavam prá mim como se eu fosse culpado e o jogo se arrastou até o final, quando o empate nos deu o título e os dirigentes, os não chegados, dispensaram o rapaz que nunca mais se firmou no mundo da bola.
Futebol não é lugar para mocinho bonito e sim para homens. É num jogo destes é que se dividem os meninos dos homens, encerra o goleirão que ainda tem grande prestígio em terras do centro-oeste brasileiro.
Hoje, por ser domingo, trago uma passagem deste grande amigo e adversário, nossos duelos são famosos na região, e aconteceu justamente naquele período de longa invencibilidade no gol do Goiás EC. – Meu reserva, conta Amaury, era considerado um dos jogadores mais bonitos do Brasil, vinha do São Paulo e até que era um bom goleiro.
Os jogos iam seguindo e eu, graças aos meus companheiros de defesa e a minha boa fase, não tomava gol e não tinha susto com bolas de longa distância, a zaga mandava todas para as arquibancadas. Um dia tinha que chegar a vez do reserva, mas estava difícil colocar o garoto em campo, eram jogos decisivos, naquele tempo os campeonatos eram jogados em três turnos e não tinha Brasileiro prolongado.
No primeiro clássico, segue a narrativa, contra o Atlético Goianiense, a torcida até se assanhou pedindo a entrada do Barbiroto, o goleiro galã. Fiquei com a pulga atrás da orelha, diz Amaury, depois fiquei sabendo que eram as meninas da faculdade que formavam um coro para me derrubar e dar vaga para o ídolo delas. Tudo bem, diz o goleiro paduano, sua hora vai chegar, ao passar pelo companheiro no intervalo da partida.
Veio um jogo fácil, contra o Goianésia, e a invencibilidade foi mantida. O time esmeraldino continuava na ponta e cheio de moral com os torcedores e eu, diz Amaury, estava com tudo e me sentia um verdadeiro Marcial (ídolo do Flamengo na década de 60) dentro dos três paus do verdão.
No domingo, o clássico mais famoso do estado, contra o Vila Nova, que vinha logo atrás da gente com dois pontos perdidos (naquele tempo a derrota contava dois pontos apenas) e uma vitória embolaria a competição e levava para uma decisão extra. Bola rolando e o nosso time não se acertava. O ataque parecia nunca ter jogado junto ou feito um coletivo. Nossa defesa era um queijo suíço, cheia de buraco, sobrava pra mim o bagaço da laranja. Fiz milagres e o zero a zero continuava incomodando os adversários, já que o empate nos dava o título de forma antecipada, o último jogo era contra um pequeno, cujo nome me esqueci. Segundo tempo. Nosso treinador ajustou as peças e fizemos dois a zero antes dos quinze minutos. Aí começaram os gritos histéricos das meninas e como estava ficando fácil, prometi que daria chance ao garoto bonito. Cai no chão, conta Amaury, pedi os médicos e deixei o campo de maca. Na troca das luvas ele me disse: “Vai me botar numa fria”. No que respondi de pronto “Eu segurei até agora e você insistia em jogar, agora é sua vez de mostrar serviço, vá lá e se garanta junto a sua pequena torcida”.
Eu sabia que tinha colocado o menino numa fria, mas era minha vingança contra as gurias e contra os dirigentes mais chegados (entenderam?) que viviam no vestiário abraçado com o meu reserva, mas com segundas intenções. Ele entrou e na primeira bola, saco, o Vila Nova marcou o primeiro. No segundo lance, saco, o Vila Nova empatou. A metade do Serra Dourada calou e as meninas, que faziam algazarra também se calaram. Os jogadores olhavam prá mim como se eu fosse culpado e o jogo se arrastou até o final, quando o empate nos deu o título e os dirigentes, os não chegados, dispensaram o rapaz que nunca mais se firmou no mundo da bola.
Futebol não é lugar para mocinho bonito e sim para homens. É num jogo destes é que se dividem os meninos dos homens, encerra o goleirão que ainda tem grande prestígio em terras do centro-oeste brasileiro.
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