Padres holandeses na terrinha

As festas de Natal já não eram as mesmas dos anos
anteriores, claro que me lembro muito bem de um presépio montado no altar mor,
claro que me lembro dos cânticos, totalmente novos, que vieram com eles,
Alberto, Luiz e Antônio, os padres holandeses que, no meu ponto de vista,
revolucionaram a paróquia e deram uma movimentação mais jovem nos corredores da
igreja.
Mais tarde um pouco chegou o mais jovem da turma holandesa,
Padre André, um cara do bem, alegre, amigo da garotada e logo formou um coro,
não confunda com um coral, era apenas um coro de garotos e garotas que cantavam
alegremente todas as tardes nas escadarias da igreja.
Hoje a música de Padre André é cantada pela turma da Galinha
Pintadinha, e há algum tempo eu não a ouvia, mas quando Luna cantou e Felipe
hoje também a canta, eu me sinto criança novamente ouvindo os versos da “Loja
do Mestre André”, que mantem a jovialidade daquele longínquo qualquer ano
daquele 1970.
Foi na loja do mestre André, aliás, foi na aula do Padre
André que aprendi a tocar um tambor, foi na aula do Padre André que aprendi a
gostar de música, foi na aula do Padre André que comecei a aprender a ler uma
partitura, pouco tempo depois o Maestro Zeca Garcia completou meu conhecimento,
com sabedoria e paciência, e me tornei um músico, mas jamais esquecerei o
primeiro incentivador, o Padre André.
Padre Antônio, que paixão este homem tinha por minha avó
Maria, a chamava de "Lua", que lhe convidava sempre para um almoço, com comida brasileira, e ele,
recém chegado de sua Holanda, mal conhecia os quitutes nacionais e se apaixonou
pelo bolinho de aipim e ficou alucinado pelo pastel da vovó, quando comia carne
seca com abóbora Padre Antônio “lambia os beiços”, no sentido literal da
palavra.
Padre Alberto, o mais velho do quarteto holandês, era mais
severo, menos sorridente e o melhor orador dos quatro, seus sermões eram
fantásticos, porém, tem sempre um porém, seu português era simplesmente
horrível e arrancava risos dos fiéis e isto o deixava nervoso e irritado e
Padre Luiz, o bonachão e mais popular, ria a vontade já que tinha o melhor
português de todos por ter mais tempo de Brasil.
Muito gostoso lembrar destes padres holandeses neste período
de Natal, homens maravilhosos que deixaram seus nomes gravados em nossa
paróquia e que são, pelo menos por mim e minha família, lembrados eternamente.
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