Doce lembrança de um amargo episódio político

A gente vai ficando mais velho e o tempo nos faz entender muitas coisas, as descobertas são interessantes e surpreendentes, como esta amarga lembrança de um dia de eleição, na minha Miracema, no meu espaço favorito, a Praça Ary Parreiras, e no meu lugar dos sonhos, minha casa e o bar do meu avô Vicente Dutra. 

O tempo passa e aos poucos vamos descobrindo nossos traumas, nossas certezas e motivos diversos para diversos bloqueios em nossa memória e em nossas decisões, que poderiam ser importantes para nosso futuro, aqui no caso o passado, mas tudo tem seu tempo certo, já dizia o já saudoso Tito Madi, até tempo para amar, crescer, brincar e fazer a vida muito mais interessante para todos nós. 

Com a aproximação do dia da votação para Presidente, Senador, Deputado e Governador, marcada para o próximo domingo (07/10) e com a onda de saudade que me invade o coração nestes últimos meses, acho que o longo tempo, seis meses, sem ir a "terrinha" me deixa triste e saudoso, me vem a cabeça e a mente um episódio que me marcou muito, de forma decisiva, e que influenciou bastante para que eu me afastasse de todo o movimento político em minha juventude, fase adulta e agora, na chamada terceira idade, ainda me abate e me deixa de fora dos movimentos eleitorais. 

Sempre me vi envolvido com os políticos da cidade, nos anos 60 tive o privilégio de ser o garoto de recados da Câmara de Vereadores, naquele tempo formada pela nata da sociedade do município e por homens dignos de serem chamados de representantes do povo, não cito nomes para não cair no esquecimento e deixar passar um dos grandes políticos da cidade, mas não há como esquecer de Jofre Salim, Antônio Laureano, Armando Azevedo, Nilo Ronzê, Nilo Lomba, Jamil Cardoso, José Carvalho, Salim Bou-Issa, entre tantos outros ilustres miracemenses que me deram motivos para que um dia me tornasse um deles. 

Altivo Mendes Linhares, o grande líder, era frequentador assíduo do Bar do Vicente Dutra, amigos pessoais e até se chamavam de parentes, não sei se havia ou há parentesco entre eles, mas o Capitão foi um dos meus incentivadores. "Ele leva jeito, Vicente", dizia o prefeito quando me via na Prefeitura fazendo algum trabalho para os vereadores ou para os Juízes do nosso fórum, que também tinha sede na Praça Ary Parreiras. 

Porém, tem sempre um porém, uma briga generalizada, iniciada nas mesas do nosso bar, por pessoas sem qualquer visão de liberdade de expressão ou democracia, foi para as ruas e se tornou uma verdadeira batalha campal, felizmente sem vítimas fatais.

Briga iniciada em uma distribuição de cédulas eleitorais, naquele tempo se votasse por cédulas, quando um cabo eleitoral não aceitou troca de suas cédulas pelas do adversário, e ali começou a "guerra" e meu descontentamento com a política e com os puxa saco dos políticos. 

Hoje, pelas redes sociais, eu revejo aquela briga generalizada, iniciada pela falta de respeito com a opinião alheia, e me sinto pequeno e impotente para conter, como naquele ano da década de 1960, e. novamente digo que a política não é minha praia e não me cabe nas manifestações pelas ruas e muito menos, nos tempos modernos, nas redes sociais. 

Não sei se a política perdeu um grande figurante ou se eu ganhei em não ser um destes criticados e odiados, mas amados por meia dúzia de correligionários dispostos a fazer de tudo para vê-los no poder e, quem sabe, em algum momento usufruírem um pouco do mandato eletivo daquele que ajudaram a eleger? Eu tô fora de todo movimento e me sinto bem assim, política é para quem gosta e quem sabe faze-la com elegância e sabedoria, mas isto é coisa para uma grande minoria. Certo? 

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