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Mostrando postagens de setembro, 2013

Pimba na gorduchinha*

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Campo do Ginásio, quatro horas da tarde. Segunda-feira de calor insuportável. Dois times no campo e mais dois de fora esperando a vez. O gramado, castigado pelas chuvas de verão, tinha o centro totalmente cercado pelo barro, que como um clarão vermelho, provocado pelos pés descalços da turma, era cercado pelo barranco, no lado direito de quem sobe; pela chácara, do lado direito de quem desce, e pela moradia atrás do gol de cima, que possuía um matagal silencioso e muros bem altos. A bola Drible branquinha, novidade da época, rola pelo gramado ruim e enche nossas vidas, humildes e bem vividas misturadas, democraticamente divididas em com ou sem camisas. Garotos com ou sem futuro misturados para conquistar a verdadeira liberdade, uma vitória em uma pelada no campo do Ginásio. O primeiro chute errado e a bola, branquinha, cai por cima do muro da moradia. Faz-se um silêncio total. O medo de não ter o retorno da Drible provoca arrepios na garotada, principalmente em Hamiltão, autor

A bomba santa do Otavinho

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No último dia da Expo o frio resolveu chegar na cidade. Saí de casa de manhã e passando pelo centro vi, com surpresa, meu velho amigo Sólon, cuja última passagem por aqui me rendeu uma crônica bastante elogiada. Sólon, saudosista e profundo conhecedor da cidade e do futebol, me propôs um passeio pelo jardim, ele trazia uma máquina digital novinha, e pretendia bater algumas fotos do lugar que julga ser o mais belo da terrinha. Fotografamos o parquinho, onde pudemos rever o Jorge Sabiá, nove filhos e quatorze netos, muito para os seus cinqüenta e poucos anos, mas o que fazer, a vida nos ensina a procriar, mas nem tanto meu caro. Sólon fitou o pé de jambo, aquele mesmo que há cinqüenta anos ele e seus companheiros de meninice invadiam constantemente sob os olhares ferozes do Cabo Atleta. Novas fotos. A fonte luminosa, que vimos juntos a inauguração, também serviu de fundo para algumas fotografias, mas ao pipocar de mais um flash ouvimos um barulho conhecido. O quique de uma

A formiguinha e o piano

Leio agora, no G1, após ver manchete no Twitter, mostrando um roubo inusitado, em Belo Horizonte, me veio a memória um diálogo interessante ocorrido há alguns anos, lá na “terrinha”, que pode não ser igual ao crime dos mineiros, cuja criatividade vem com a desocupação da cabeça, livre do trabalho e certa de que a bolsa fornecida pelo governo federal virá a qualquer momento. Se lá nas Minas Gerais os gatunos usaram “varas de pescar” improvisadas com bambus, galhos e ganchos, lá na terrinha, mais precisamente na Praça Ary Parreiras, meu amigo tentava me ensinar a domar uma formiguinha para sacar uma grana da registradora do meu avô Vicente Dutra. - Eu tenho umas dez, de vários tamanhos, que coloco na ponta de um barbante e as danadas entram pelo buraco da registradora e pegam uma notinha para eu sair pela rua e as vezes dá até para ir ao cinema, dizia-me o filho do padeiro. - E como é que faço para domar as formiguinhas? Perguntei já querendo aprender o truque. - É fácil, só não

O último gol do Belisca

Os apostadores de plantão no Estádio Plínio Bastos de Barros adoravam um papo de bola após as rodadas do Campeonato Municipal. Nesta quarta-feira, quente e morrinhento -a tevê não mostrava nada naquele tempo- o passatempo eram as fofocas e as discussões sobre o futebol local e sobre o que de melhor aconteceu na rodada. A turma se reunia, sempre no mesmo horário e no mesmo boteco do João Custódio e depois de algumas rodadas de cervejas e pingas a conversa, que parecia esquentar, caiu no melhor momento do jogo preliminar, e que tinham como adversários o Flores e Comércio, e, quem viu,  jamais esquecerá a cena pra lá de interessante.  O Vicente, ex-jogador do Miracema, acostumado a ver cenas incríveis, não se  Conteve, ironizou o assunto em pauta.  -Meus amigos, isto que aconteceu não é novidade alguma, o Toti -goleiro do Comércio- sós traz problemas para o time. Quando não é um frango é uma cena hilariante como aquela que vimos esta tarde. Mais irado e cheio de ódio, o

Rink EC ou Seleção Brasileira? Publicada em setembro de 2013

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O primeiro tempo da seleção brasileira, contra a Hungria, na última quarta-feira, me fez voltar ao tempo, e bota tempo nisto. Eu me vi sentado nas arquibancadas do Estádio Municipal Plínio Bastos de Barros, em um domingo de sol quente, assistindo a um dos mais brilhantes times de futebol que vi atuar em minha vida.  O Rink, que trazia em sua formação jovens estudantes colegiais, tinha uma vocação para vencer incrível, era raro o dia em que o time jogou mal e perder, bem isto não era verbo conjugado por aqueles rapazes, tanto que no dia em que perderam a primeira o time naufragou e jamais se reuniu outra vez, nem mesmo para uma despedida. Claro que existem algumas exceções, a zaga, por exemplo, formada por Alvinho e Márcio, era bem melhor do que a brasileira, com Juan e Roque Jr, enquanto os zagueiros do Rink exibiam talento e categoria, os veteranos da CBF multiplicavam a batida de nossos corações a cada ataque húngaro. O nosso Eduardo, goleiro galã, e barbeiro nas horas vagas, tin

Papo com o Plínio

Cara, quando eu te conheci não sabia sequer falar corretamente, era trazido pelo Nijel ou pelo Alvinho, hoje estou aqui, já grandão, falando em você, sobre você e praticamente conversando com você, que durante alguns anos me deu um punhado de alegrias. Alguém falou em tristeza? Não, jamais fiquei triste ao lado deste velho moço, que está recebendo nova roupa e se porta como se tivesse novamente poucos meses de vida. Quantas vezes cheguei aqui, solitário, falando baixinho pra você, que um dia seria famoso e jogaria em um grande time brasileiro? Quanta ilusão. Você não respondia. Ficava calado. Seu silencio parecia prever que nada disto aconteceria. Você viu passar por aqui o grande Lauro Carvalho, que cracaço, o Milton Cabeludo, meu primeiro ídolo do futebol, viu nascer a geração Rink, liderado pelo incrível, e gordo, Chiquinho Maracanã, viu o Tupã, onde o meu velho pai, Zebinho, jogava ao lado de craques como Olavo Cueca, Noqueta e tantos outros da geração anos 20, não poderia pen

Soldado 42: Magalhães

O pior de chegar a terceira idade é o medo de perder o que há de melhor nesta vida, os amigos. Este 2008 me deu susto, me trouxe tristezas com os falecimentos de Luis Delco e Gustavo Rabelo, tio e sobrinho, duas gerações distintas, mas cada um com um lugarzinho guardado neste peito rasgado por uma cirurgia salvadora realizada em março. Outros se foram, como a Gelsa, irmã de meu amigo Gilson, ausente há alguns anos do nosso convívio, mas sempre presente em nossa lembrança, aliás lembrança que hoje está detonada com a notícia da morte do Olegário Siqueira Magalhães, o nosso Olegarinho, o soldado Magalhães, número 42, do nosso TG 217. O Olegarinho bom de dança, bom de papo e um grande companheiro dos longínquos anos 50 ou 60, quando ainda crianças fazíamos nossa festa na Praça Dona Ermelinda ou nos gramados da prefeitura. Éramos um grupo unido e fraterno. Júlio, Thiara, David, Olegarinho, Gilson, Gilberto, Chuta, Rogério, Valadão, Cagiano e tantos outros que vão chegando a minha mente

Meus ídolos do rádio esportivo

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José Silvério é um dos ícones da narração esportiva brasileira, os cariocas e os mais novos não se lembrarão dele, os primeiros porque o rádio paulista não é bem ouvido na capital e os segundos porque rádio é figuração e não se ouve mais como nos meus tempos de garoto, quando ainda menino, lá em Miracema, era meu fiel companheiro e minha Internet bem moderna naqueles tempos de pouca informação.  Bem, eu dizia que José Silvério, um dos grandes noves do radialismo esportivo, me abriu a memória e me levou a mergulhar em um passado maravilhoso, quando o rádio nos oferecia as mesmas emoções que hoje nos são trazidas pela televisão, quando o assunto é futebol ou noticiário geral, ou pela Internet, quando buscamos informações quentinhas sobre o cotidiano. José Silvério foi o convidado do programa Bola da Vez, da Espn, que foi ao ar esta semana. O locutor esportivo, nascido no interior de Minas Gerais, que começou a sua carreira no Rio, Emissora Continental, ao lado de Clóvis Filh

Uma festa para nossos ídolos

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Estava pensando com meus “botões”, será que a cidade aceita minha ideia de homenagear craques inesquecíveis e aqueles bons jogadores, que jamais ninguém se lembrou dele, exceto eu e outros amigos que os vimos jogar? Será que a municipalidade aceita a sugestão de fazer uma confraternização com estes grandes talentos não reconhecidos do nosso mundo da bola? São perguntas que me faço constantemente para depois me lembrar de várias seleções de craques não famosos e outras tantas de jogadores que tem seus nomes registrado na história da bola e nunca receberam sequer um muito obrigado do torcedor miracemense. Já contei aqui das minhas seleções, de meus times do sonhos, melhores que vi jogar, melhores que já joguei e até você, que me lê agora, sabe de cor e salteado a minha escolha pessoal, mas não sabe, ainda, quem são aqueles que sempre admirei e foram coadjuvantes de grandes craques, tipo, lá no Flamengo, o volante Merica, que era o faz tudo enquanto os meias tocavam o piano que ele

Os filhos de Manoel Rogério

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Estou prometendo a mim mesmo que precisava contar por aqui as histórias da família Nascimento, que tem o saudoso Manoel Rogério como líder. Os filhos, se não puxaram muito o talento artístico do pai, um marceneiro de alto nível, o exemplo, para quem não sabe, são os móveis da nossa Igreja de Santo Antônio, a Matriz de Miracema, que foram executados por ele, nasceram com uma veia de boleiros de fazer inveja a muitas famílias da terrinha.  No meu ponto de vista, e também de quem o viu jogar, principalmente o José Maria de Aquino, o craque da família foi o Cleto, que nos deixou recentemente, um toque fino, inteligência a serviço dos companheiros, que ficavam sempre com o gol a disposição para marcar um gol para o Tupã, paixão de todos estes rapazes do Seu Manoel Rogério. Seu Nézio, vizinho da família, sempre me dizia que Cleto era gênio da bola e gostaria de vê-lo no Botafogo, mas naquele tempo era difícil sair da terrinha para tentar a vida na cidade grande ou em um time da capital.

Desabafo

Na semana passada, passeando pelo calçadão de Campos, encontrei meu médico cardiologista começando sua caminhada. Por um momento pensei em seguir seus passos e lhe fazer companhia na sua andança diária. Porém, tem sempre um porém, nem sempre a gente sabe se as pessoas gostam de caminhar conversando, proseando com alguém ou preferem o silêncio durante as passadas.  Parei a sua frente e o cumprimentei e, para minha surpresa, recebi dele o convite: “Aperte o passo, vamos andar comigo, preciso conversar contigo. Citei você em uma consulta com um paciente e me parece que está dando resultado, quero lhe explicar e pedir permissão para continuar a conversa com ele, não vou lhe dizer o nome mas é seu amigo também”, me disse o doutor.  Como eu estava bem paramentado para uma caminhada, bermuda leve, camisa do Boca Júniors, tênis especial e uma meia curta, resolvi seguir o doutor para ouvir a novidade sobre a sua nova terapia, que teve este que vos fala como exemplo, aliás fiquei todo bobo a