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Mostrando postagens de julho, 2009

UM DEDO DE PROSA COM O ARIZÃO

Na quarta-feira, logo após o final do jogo contra o Duque de Caxias, derrota com sabor de chocolate amargo, como disse o Leandro Dutra, fiquei um bom tempo observando a reação do torcedor do Goytacaz, que saia do Arizão triste, com o coração sangrando, como se acabasse de perder um ente querido. De repente uma voz, rouca e nervosa, me chama. - Dutra, você que um dia conversou com o estádio lá da sua terra, li isto em um jornal caído aqui nas minhas arquibancadas, não dá para tirar um tempo para levar um dedo de prosa comigo? – Fiquei louco ou minha sina agora é papear com cimento armado? Pensei. Bem, já que os gigantes de cimento estão se comunicando eu me rendi. – Diz aí, Arizão, o que pretende com este velho escriba? - Você, Dutra, é feliz. Viu jogadores maravilhosos em seu estádio, eu também os vi por aqui, em número bem maior, porém, como você gosta de dizer, tem sempre um porém, tenho um compromisso mais sério do que o seu Municipal, também chamado Plínio Bastos de Barros. Aqui a

O FUTEBOL COMO HERANÇA

Na última semana recebi uma série de e-mails, de amigos e conterrâneos, que falaram-me com carinho sobre a coluna da última quinzena. Foram palavras carinhosas e, por coincidência meu guru, Ermenegildo Solon, me contou um “causo” interessante, passado em épocas passadas, mas que poderiam ser retratadas nos tempos modernos. Diz a lenda, conta o velho Solon, que um senhor rico, dono de engenhos e fazendas, tinha por hábito comprar terras vizinhas, principalmente as mais prósperas. Dom Camargo era apaixonado por futebol e criou, em sua fazenda, um belo time e trouxe jogadores de todos os cantos da região. Rico, Dom Camargo não fazia questão de gastar o que fosse preciso para realizar seu sonho de infância, que era ter um time só para ele. “O patrãozinho não joga bola, tem deficiência no andar e por isto trouxe quem sabe para jogar em seu time de futebol”, comentava um criado, craque dentro e fora do campo. O tempo passou e todos os escravos foram libertados e aqueles mais chegados a Dom C

RÁDIO E TEVÊ NO IMAGINÁRIO DO TORCEDOR

Todo brasileiro, apaixonado por futebol e arte, tem na mente uma frase ou um texto do dramaturgo e cronista esportivo Nelson Rodrigues. Tricolor alucinado, criador da célebre frase, “O Fla x Flu começa quarenta minutos antes do nada”, Nelson Rodrigues fez parte da minha infância, ele escrevia suas crônicas no O Globo e no Jornal dos Sports, criação de seu irmão Mário Filho, e talvez tenha tido influencia de seus textos no momento em que me decidi ser um cronista, não com a verve do gênio, mas com uma sutileza sempre encontrada em seus artigos. Nelson Rodrigues pode não está em moda, mas sua opinião sobre o videoteipe, “o videoteipe é burro”, está na crista da onda. Os árbitros brasileiros estão loucos para retornar ao tempo antigo, quando os jogos eram transmitidos apenas pelo rádio e não tinha esta imensidão de câmaras flagrando os erros de “suas senhorias”. É tira-teima prá lá, ângulo invertido prá cá, e um punhado de armas contra a nossa imaginação e contra os senhores de preto. Cer

O TEMPO PASSA RÁPIDO DEMAIS

Os anos estão passando muito rapidamente, imagine você, amigo blogueiro, que lá se vão quarenta e cinco anos, em que sentado nas arquibancadas do Maracanã, levado pelo meu saudoso pai (Zebinho), vi Almir, que depois se tornou um bom amigo, detonar o timaço do Milan, do conterrâneo Amarildo, debaixo de uma chuva tipo "arrasa quarteirão", e levar o Santos FC a conquistar o seu segundo título mundial interclubes. Um jogo feio, truncado, onde a força física dos santistas superou o talento dos italianos. Almir jogara na vaga de Pelé, que voltou da Itália, onde o Santos perdera o primeiro jogo pelo placar de 4x2, contundido. O Milan fez 2x0 e o jogo parecia definido, mas Almir comandou a virada, 4x2, e os jornais daquela época destacaram a bravura do "Pernambuquinho", apelido do ex-craque de Vasco e Flamengo, sem deixar uma pitada de maldade com a fera do Santos, tido com um jogador que usava doping para entrar em campo. A tempestade acendeu o Santos, que conseguiu virar

O NETO DO BEBETO

O fato se deu na casa do neto de um amigo (céus, meus amigos já têm netos!). Garoto de cinco anos. Diz o jovem avô coruja (tem 50, antigamente avô tinha pra mais de setenta, não era, não?), bem, diz o avô que o menino, desde o primeiro natal, ainda no colo, ficava deslumbrado com a árvore que todo ano aparecia na sala. Com quatro e cinco já ajudava e colocar os badulaques todos. Pois foi em janeiro do ano que está terminando que o Joaquim (nome do neto e não do avô) – mais precisamente no dia 6 – reclamou com aquela autoridade de cinco anos já completados: - Mas vai desmanchar a árvore de novo? (e quase chorando) Porque que todo ano tem que desmanchar a árvore? Por quê? Era hora do café da manhã, todo mundo reunido. Pai, mãe, irmãos mais velhos: senhores de 10 e 14 anos. E todos se entreolharam. - É uma tradição, meu filho. - Tradição? Perguntou o Joaquim que não tinha a mínima idéia do que fosse uma tradição. - Tradição. Não sabia o que era aquela palavra esquisita, mas devia ser cois

ENCONTRO SEMANAL DO MODERNO COM O ANTIGO

Desce um chope, sai um frango picadinho e torradinho, desce mais dois chopes, desce um amendoim sem casca e a discussão vai em frente. Sábado chuvoso, mas um calor típico de verão e a conversa já passara por todos os cantos do planeta bola, mas teimosamente não saia do passado e as comparações eram inevitáveis. Por raros momentos a prosa saia da esfera doméstica, às vezes o Chico, que não viveu o auge do nosso futebol, tirava o foco sobre Braizinho, Milton Cabeludo e outros, para nos lembrar que em décadas passadas a capital do Rio produzia craques aos borbotões. Todos os sábados, pela manhã, a turma se reúne no Snob’s para falar do velho e nobre esporte bretão. Eu, que quando em vez participo do papo, fico esperando a deixa para entrar ou não na roda, que muitas vezes é formada por experts, aqueles que já jogaram, e muito, e vez por outra apenas por leigos ou não chegados à redondinha no gramado, são apenas conhecedores via televisão ou induzidos por comentaristas, que no caso não é o

JOSÉ, O MODESTO E NADA CARMO TREINADOR

Hoje é dia de homenagear a todos aqueles comandantes de times de bairros, distritos, povoados, etc e tal, que um dia se nomearam treinador e sentiram na carne o que é dirigir um time avulso. Muitos amigos, como Zé “Modesto” do Carmo, Geraldo, Adilson, Beirute, Botão, Chiquinho Maracanã, Ailton e outros desconhecidos de todos nós, um dia tiveram causos, como este, mas jamais tiveram a notoriedade que tem um Luxemburgo, Joel Santana e até mesmo Alexandre Gama, que pegou o ônibus e sentou-se à janela logo na primeira parada. O time de Laranjais até que ia bem no campeonato, mas nunca tinha ido tão longe como naquela competição regional. A cidade, digo, o distrito, estava orgulhoso do feito e o assunto lá pelas bandas de Batatais era só um: O sucesso do Laranjais. O time azul, não vestia laranja, era composto por jogadores esforçados, o melhorzinho era mediano e não havia craques vestindo a camisa endeusada pelos moradores. O time, segundo Do Carmo, tinha determinação e valentia. “Todos se

Nossos craques eternos

Para não falar da Turma do Funil, do Bloco Levanta Povo, da turma do Fogaréu, do Mané Badeco, do Zé Faca, vou parar por aqui para não me esquecer de ninguém e ser cobrado na próxima vez que por aqui chegar, volto a minha velha rotina de relembrar os bons jogadores, alguns craques e aqueles esforçados imprescindíveis, que passaram pelo futebol da terrinha e que hoje estão por algum canto contando histórias e pedindo testemunho de quem os viu jogar no Municipal ou no Campo do América, já que a memória de nosso povo, aqui e acolá, só está aberta para o que viu, ou vê, na telinha da televisão. RUBINHO - Ele e Bizuca foram os grandes goleiros da cidade, mas Rubinho era o meu favorito. Quieto, educado, até pequeno para a posição, Rubinho "Camelo" era um monstro dentro da área e excelente debaixo das traves. A gente tem conversado pouco ultimamente, prometi a ele que teríamos um dedo de prosa lá no seu cantinho, mas a dívida ainda será paga. Joguei com ele, assisti bons jogos n

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Um dia chego a casa mais cedo, tive um dia cheio e enervante no trabalho, e encontro uma cerveja na geladeira, um petisco fresquinho sobre a mesa e uma pergunta: O Flamengo joga hoje? Com a resposta afirmativa minha mulher faz outra pergunta. Posso convidar uma amiga para assistir contigo? Ela, sabendo que não gosto de dividir o sofá com mulheres, em dia de futebol fica bem claro, jogou um charme e, a cerveja era chantagem, para que pudesse aceitar o pedido todo especial, que diga-se de passagem aceitei sem nenhum contragosto, afinal era a Deca, nossa prima, que estava na cidade nos visitando e queria ver o seu Flamengo jogar. Deca é daquelas que sabe tudo do esporte, assim como a minha mana Teresa, que compra pacote do “paga prá ver” do Brasileiro, do Carioca e até do Paulista. Deca, a nossa Angélica, é fera como o mano Zé Renato. Sabe tudo sobre qualquer esporte e tem sempre uma resposta pronta e assunto diverso, sobre o mundo dos esportes, para colocar em discussão, e não perde uma.

O DILEMA: TORCER OU NÃO TORCER

Foi uma noite diferente para o torcedor alvinegro, principalmente para aqueles que estiveram na noite de quarta-feira no Maracanã para ver uma decisão reunindo dois pequenos e simpáticos clubes do Estado do Rio de Janeiro. Por aqui, na cidade de Campos, quem ficou lotou bares e quiosques na certeza de que teriam uma festa alvinegra, com um toque de alvianil, isto mesmo, alguns campistas alvianis desfraldaram as bandeiras do Goytacaz FC para saudar (seria?) o arqui-rival, que buscava mais uma vez o título sempre almejado por eles. Nos bares da Rua Formosa, próximos ao Estádio Ary de Oliveira e Souza, a movimentação era a de um Fla x Flu. Torcedores ansiosos por uma noite de festa reservavam desde as primeiras horas da noite uma cadeira ou um lugar próximo do aparelho de televisão. – O jogo é da Globo! Gritava um alvianil que antecipava a sua torcida pelo Madureira. – O Madura é tricolor e como um bom tricolor (Fluminense) vou torcer pelo time da capital. Assim, em boa paz e em harmonia

MARK OLAF, UM AMIGO SUL AFRICANO

O amigo Mark Olaf, alemão naturalizado sul-africano, me escreve uma carta, isto mesmo, uma carta, que me foi entregue lá em Miracema, no último final de semana, por minhas irmãs. O detalhe interessante foi a forma com que Olaf endereçou a missiva, da forma que o ensinei, na década de 70, quando trabalhamos juntos no Hotel Regente, em Copacabana. Naquela época eu brincava que para falar comigo, na terrinha, bastava procurar pelo Adilson Penacho, e que se mandasse uma carta para o Penacho, no Bar do Zebinho, Miracema/RJ, ela chegava até a mim. Dito e feito, o amigo me enviou as noticias da sua terra, em abril deste ano, e a dita cuja, com o endereço aprendido aqui no Brasil, e a tal carta chegou. Atrasada, mas chegou. Mark Olaf faz um convite para que eu vá, com toda a família, acho que ele pensa que estou rico e que tenho “bala na agulha” para sair do Brasil com cinco pessoas e bancando todas as despesas aérea. “A hospedagem eu garanto”, diz o sul-africano, acreditando que eu possa mesm

Futebol é uma lição de geografia

Esta foi uma semana muito especial para este velho escriba. Bota especial nisto, afinal o meu Leandro, o Leandro Dutra, aqui do O Diário, terminou a faculdade e dentro de poucos dias irá receber seu diploma de jornalista.  Aquele diploma que eu sempre sonhei e, por vários motivos, não pude recebê-lo, como muitos jovens de meu tempo que tiveram que optar por trabalhar para sustento próprio e deixar de lado a carreira tão desejada. Olhando para ontem, e bota ontem nisto, me vejo no quarto de costura de minha velha casa, em Miracema, onde minha mãe, Lili, sentava com toda calma do mundo para tomar-me a lição do dia.  Eu adorava, mamãe tinha sempre um bolo, um chocolate ou um salgadinho preparado para cada dia de estudo, olha que eu só era ruim em matemática, as outras matérias eu tirava de letra, e a geografia, que era “decoreba” pura, eu era fera.  As capitais do mundo eu aprendi lendo as páginas esportivas de O Jornal, que o velho Vicente Dutra assinava e que chegava no

FIGURAS E TIPOS INESQUECÍVEIS

O Erasmo Tostes conta  muito bem deste assunto, em seu livro,  mas é preciso reviver também alguns nomes incríveis da cidade, como o Adão, o  Paraoquena, um negro valente e trabalhador, que quando tomava além da cota, mistrurada aos remédios controlados que tomava,  saía pelas ruas a correr e a brigar com quem lhe ofendesse.  A ofensa, entendida pelo Adão, era um simples “Paraoquena pé de pato, comedor de carrapato”.  Outro simplório tipo era o Raul, dono de uma voz bonita e de uma cabeleira grisalha e alinhada. Raul, conhecido também por Juquitinha, era outro que se empombava com os gritos da garotada, mas jamais correu atrás de alguém ou tentou agredir quem quer que seja, apenas se aborrecia e deixava de lado aquele que não gostasse de ouvir o seu cantar. Foram tantos personagens que marcaram nossa infância e juventude, que poderia ser transcrito em quatro ou colunas semanais. Joel do Hospital, tão bem descrito pelo médico Carlos Sérgio Barbuto em uma crônica espetacular, era outro t

FERIADO DA INDEPENDENCIA

Nestas últimas visitas a Miracema, como temos feriados neste país, tive a oportunidade de conversar com dezenas de amigos, conhecer outro tanto e criar novos contatos com outras dezenas de pessoas. Ando, como todos sabem, de esquina em esquina, de bar em bar, não em busca da bebida, mas por conversa diferente que tenho aqui no meu canto, em Campos dos Goytacazes. Rodo a procura de novas idéias, de novos causos e de outros assuntos diferentes daqueles que tenho na minha memória e no meu computador. No feriado de 7 de setembro, abro aqui um parêntesis para me queixar da pouca importância que nossos patrícios dão a esta data, mas abrindo um outro parêntesis eu destaco a grande concentração de conterrâneos, miracemenses ou visitantes, na nossa Rua Direita durante toda a sexta-feira e, apesar da música desagradável aos meus ouvidos, fiquei ali na Kiskina ouvindo o funk da rapaziada e conversando com meu velho e bom amigo Homerinho Feijó, cujo neto e seu amigo de infância me surpreenderam ca

DOMINGO DAS MÃES UM DOMINGO DE AMOR

Hoje tem campeonato brasileiro, um prato cheio para que todas as mães do Brasil tenham um dia de explicações sobre ausências ou retiradas estratégicas. Os fanáticos terão desculpas esfarrapadas para saírem de casa mais cedo, logo após o almoço da “mama” e partirem com tudo para as arquibancadas dos estádios deste país do futebol. Hoje é dia de almoçar, beijar, abraçar e dar carinho àquela que nos colocou no mundo, felizes são os torcedores que ainda podem sentar à mesa para um bate-papo gostoso com a mãezona, mas tudo bem, eu já tive o meu tempo e hoje aprecio os filhos fazendo o mesmo com minha mãe dois, a minha esposa Marina. O Leandro, que é jornalista esportivo e tem uma paciencia de Jó, há quinze anos vem tentando, sem sucesso, explicar para sua mãe o que é um impedimento. Há oito, tentava explicar a diferença entre Dida e Cafu, e que nem todo cabeça de bagre, digo cabeça de área se chama Dunga. Não obteve sucesso aí também. Mas eis que me lembro de quando meu pai levou a Dona Li

XERIFES, ARTILHEIROS E O ETERNO

Tem muita gente que me lembra nomes e passa informações sobre este ou aquele jogador, miracemense ou que passou por aqui, quando este escriba ainda corria atrás da bola. Anoto tudo no bloco da memória e vou sacando folha por folha com o passar dos dias. Hoje, por exemplo, após passar quatro dias na terrinha, muitos foram lembrados e outros citados algumas vezes, mas não fazem parte do meu repertório ou jogaram em tempos mais atuais e não tive o prazer de ver jogar. Durante o carnaval pude conversar com o Rubinho, o Tiara, o Júlio, o Totonho (do Paraíso), o Renato (lá de Flores) e aos poucos o bloco vai ganhando forma e os pitacos vão chegando devagar, mas sempre com muita saudade de todos aqueles que um dia contaram à história do nosso alegre futebol dentro das quatro linhas. DOIS XERIFES – Brecó, um zagueiro não muito alto, era o símbolo de um time raçudo, aquele formado pelo Altino Monteiro, lá na Usina Santa Rosa. Brecó jogou também no Miracema e no Operário, mas foi com o Polaca, n

A MÚSICA CLÁSSICA E O ERUDITO FUTEBOL

Sou um cara que adora música, tenho formação musical e por alguns anos soprei um trompete, aquele famoso piston das bandas de música tradicionais, fui crooner de conjunto, hoje bandas de rock ou de músicas modernas, e, sempre que posso vejo bons programas culturais na tevê. A TVs Sesc e Senado proporcionam ótimos momentos musicais, para quem gosta da música clássica ou erudita. Quando vou a São Paulo acompanho meu guru, José Maria de Aquino, na peregrinação artística cultural, que sempre termina em um ótimo restaurante em algum ponto nobre da cidade. Ou seja, nada de presenciar somente futebol. Certo dia o Célio Silva me convidou para ver Santos e Botafogo. Felizmente não vi a virada santista sobre o alvinegro carioca por 2 a 1. Olha, naquele dia era possível até ficar em casa, na do Zé Maria, claro, com meus olhos atentos a campanha de recuperação do Náutico, que goleou o Juventude por 4 a 1, mas não, aceitei o convite de Lídia, esposa do Célio, para ver um espetáculo no Museu do Ypi

AINDA TEMOS ESPERANÇAS?

Minha terra tinha palmeiras, será que ainda as têm? Minha terra tinha brilho intenso. Está perdendo a luz? Minha terra tinha gente de bem. Será que estão se dissipando? Minha terra tinha Ventura Lopes. Minha terra tinha Melchiades Cardoso. Minha terra tinha capitães corajosos. Minha terra tinha políticos arrojados. Onde andam estes respeitáveis cidadãos? Infelizmente Ventura Lopes, Melchiades Cardoso e todos aqueles valentes e abnegados conterrâneos não estão conosco, fazem reuniões eternas em outra morada e, acredito gargalham com tudo o que acontece por aqui após setenta anos de uma separação conquistada a ferro e sangue. Nas minhas andanças pela “Santa Terrinha”, agora se escasseando, encontro amigos que me falam do passado, me falam de coisas lindas acontecidas no futebol, nas artes e na política miracemense. Hoje recordar o passado é uma constante, mas falar do futuro parece ser proibido por aqueles que ainda estão por lá. Por que não falar de um presente ruim e comprometedor? Acr

ARRUMANDO O ARMÁRIO DA GARAGEM

Se dar-te um beijo é pecado, eu quero morrer de amor... Assim dizia, em uma de suas belas trovas, o professor/poeta Osmar Barbosa, um dos grandes sábios que passaram pelo Colégio Miracemense nas décadas de 60 e 70, de onde saiu para brilhar na serra friburguense. Se amar-te é perder a vida... Completava o poeta nesta mesma trova de amor, não se sabe a quem dedicada, e por mim e pela turma da Gráfica Normalista, liderada pelo meu tio Ary, inserida em um de seus livros, “Para as mãos do meu amor”, que hoje achei amarelado, empoeirado, mas ainda com páginas livres dos arranhões ou riscos de lápis ou caneta de um depedrador qualquer. Ao arrumar o armário da família, na garagem de meu prédio, além da bela surpresa de encontrar o livro de Osmar Barbosa, tive a felicidade de achar uma partitura de um dobrado, pena que eu não toque mais o meu piston, se não os moradores do Condomínio Itaparica, aqui em Campos, fechariam as janelas, desceriam à rua e me apedrejariam sem dó ou piedade, afinal o

UM PAPO COM AIRTON MOREIRA

Parece que foi ontem, mas lá se foram quarenta anos, se a memória não prega uma peça neste escriba eu sou capaz de jurar que foi no final dos anos 60, ali por volta de 1968, quando ainda servia o TG 217, lá na terrinha, que conheci um dos mais fantásticos conterrâneos meus. Airton Moreira, treinador do Cruzeiro EC, de Belo Horizonte, o homem que montou aquela fabulosa máquina de jogar futebol e que desbancou o extraordinário Santos FC, de Pelé & Cia Ltda., com uma incrível goleada, no Mineirão, 6x2, e, em virada histórica, no Pacaembu, e faturou a Taça Brasil ao vencer por 3x2 após 0x2 no intervalo do jogo. Airton, mais simples e menos badalado do que os irmãos Zezé e Aymoré, ambos chegaram à seleção brasileira (Aymoré foi campeão no Chile, em 62), mas com uma bagagem também carregada de sucesso. Quem gosta de futebol não se esquece do timaço do Cruzeiro, que tinha Raul e sua famosa camisa amarela, Procópio, um xerife que também fez sucesso no Fluminense, um meio campo de dar invej