Causos de viagens - Dois hermanos no Bernabeu


Alguns amigos me cobram por não falar de Miracema nas últimas colunas, e a eles respondo, sem medo de ser feliz, que contei o que sabia e teve até "licença poética" para contar algumas passagens interessantes da cidade, acontece que meu chip de memória está cheio, meus causos estão encerrados e não dá para falar sem repetir assunto ou personagens, como já tem ocorrido já faz algum tempo. 

Por isto resolvi mudar o rumo da prosa, falei de viagens, casos verdades e alguns também com a já conhecida "licença poética", e o que é licença poética, segundo os autores de novelas e contos, são versões de casos reais, com um preenchimento por conta do autor mas sem fugir da realidade, como nos meus casos contados por aqui, todos reais, mas as vezes alguns diálogos são colocados para ilustrar as histórias contadas. 

Como por exemplo esta, em Madrid, onde vi Zidane, Ronaldo. Roberto Carlos, Beckhan e outros craques galáticos daquele Real Madrid que vi, ao vivo e a cores, no Estádio Santiago Bernabeu, sentado em um lugar privilegiado, a dois metros do campo de jogo, onde o ingresso custou, para a Espn nada é claro, mas para os dois irmãos que estavam ao meu lado, dois espanhóis, a bagatela de 145 Euros, e isto no já distante ano de 2005.

Assistíamos, eu e a turma de premiados do concurso da Espn Internacional, Real Madrid x Atlético de Madrid, o maior clássico da cidade, tipo Fla-Flu ou Corinthians x Palmeiras, ou Gre-nal, Atle-tiba ou Galo x Raposa, entenderam bem? Pois é, final do primeiro tempo os dois manos subiram até o bar para buscar sanduíches e cerveja, fizemos o mesmo e lá fomos nós buscar algo para matar a fome. 

E foi neste retorno que descobri que a educação do Europeu é bem diferente da nossa, os dois estavam sentados na nossa fileira, tentarei explicar: Um na cadeira 140 e outro na 143, ou seja, um, eu, Marina e o outro, e estavam dividindo o sanduba e a cerveja de longe, no sacrifício e então se deu um entendimento entre nós. 

Em um "portunhol" que dava para nos entendermos, disse ao que estava a meu lado.  - Cambiamos de lugar, fique ao lado do hermano, disse eu. 
Ele, mostrando o bilhete, com o número da sua cadeira, me disse: - Não, não podemos cambiar, compramos estes números e devemos ficar neste lugar.
- Tipicamente civilizado, lá no Brasil você compra um lugar marcado e quando chega tem um cara em pé, tomando conta de sua cadeira, disse eu tentando novamente convence-los a trocar de lugar e se sentarem juntos. 

Depois da interferência de nossa guia, que falou com ele, em espanhol correto, de nossa intenção, eles resolveram trocar e se sentaram juntos, e, para minha surpresa, o mais velho subiu novamente as escasas e voltou com dois belos sanduiches de Jamom, o presunto de pata negra, o melhor do mundo, e um baita copo de cerveja e outro de refrigerante, e daí até o final do jogo parecíamos amigos de infância e nos entendemos bem até hoje, falamos pelas redes sociais porque aqueles quarenta e cinco minutos do segundo tempo foram suficiente para nos entendermos e trocarmos endereço de e-mail. 

Entenderam como é a tal "licença poética", o fato é real e o diálogo fica por conta da nossa imaginação e correção. Vou continuar contando outros causos até que volte a "terrinha" para carregar novamente o chip da memória. 

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