O melhor carnaval do interior do Rio, certo Serginho?
Assim que cheguei por aqui, em outubro de 1985, um amigo do banco me disse: - Em Campos, naquele tempo ainda não havia sido agregado o sobrenome "dos Goytacazes", tinha o segundo melhor carnaval do Rio de Janeiro e o melhor do interior fluminense.
Claro que discordei, poderia ser o maior desfile de agremiações carnavalescas do interior, blocos, bois, que não são pintadinhos como os nossos, etc e tal, porém... tem sempre um porém, faltava animação, organização e, principalmente, não havia carnaval de rua como na minha Miracema.
O tempo passou e nós dois deixamos de participar das coberturas dos carnavais, nunca houve horário, nem para começar ou para terminar os desfiles e nós, radialistas e jornalistas, ficávamos à mercê dos donos dos blocos e da boa vontade das agremiações para sair pela Avenida XV de Novembro. Foi tanto atraso que me aborreceu até o dia do basta e Serginho também decidiu parar.
E aí, no ano seguinte, ele me chamou e disse: - Vou a Miracema para comprovar, ou não, se lá realmente tem o melhor carnaval do interior, como você sempre apregoa nos microfones da Campos Difusora.
E não é que ele foi mesmo? Eu não acreditava, tanto que quando me pediu o endereço da casa dos meus pais, ficaria hospedado por lá, no Zebinho Dutra, eu disse apenas para ele me procurar na rua ou quando chegasse a cidade perguntasse pelo Adilson Penacho ou pelo Adilson do Zebinho.
Bingo! O cara veio e quando parou na rodoviária, para fazer as perguntas sobre como chegar à minha casa (do Zebinho), desceu e perguntou: - Onde acho a casa do Adilson Dutra? Ele tem um apelido e não sei qual, ele trabalha no Rádio e no Banerj, falou Serginho para o motorista de táxi, que depois fiquei sabendo que era o meu saudoso amigo Valdir Chocalho.
E o Valdir explicou, mostrou onde entrar e que era melhor estacionar o carro e seguir a pé porque na Rua Direita estava tendo desfile e ele não conseguiria passar, isto era por volta das sete da noite de domingo de carnaval. E o visitante já ficou espantado e parece que de cara já comprova tudo o que falei.
Ele, seguindo orientação, parou o carro, tirou a bolsa e andou até a esquina do antigo correio, que na época era um mercado da família Chiapin, e fez novamente a pergunta a um folião. - Sou de Campos, venho para encontrar com o Adilson, aí o Valdir já havia falado que eu era o Penacho, onde é que moram os pais dele?
E o amigo o levou até lá em casa, na época meus pais moravam na Av Nilo Peçanha, próximo ao Cenecista, e o entregou a família. O Jucão, também morando no andar superior, entrou e participou da primeira roda de samba lá no quintal, que estava animada com a presença do Fernando Nascimento, e o esquenta ficou melhor,Serginho é um baita intérprete e puxamos alguns sambas.
Saímos pela Rua Direita acompanhando os blocos de embalo e fomos atrás do carro do Fogaréu e botei o amigo na cara do gol, o Bolinha o pegou pelo braço, levou até a carroceria e, de lá, Serginho mostrava toda a sua alegria.
E assim foi nos dois dias que ele passou comigo na cidade, festa total, muita cerveja, muita animação e, principalmente, uma improvisação total durante o dia e um Clube XV totalmente lotado e a banda, animada e afinada, mostrava para o campista que ali, em Miracema, tinha realmente o melhor carnaval do interior fluminense e estamos conversados.
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