Um ônibus a serviço da juventude: Rio Ita e suas histórias



Olhando ma postagem, na página do Facebook dos conterrâneos de Miracema, colocada pelo José Rivelino Benedito Bocafoli, ilustrada por uma bela foto de um ônibus amarelo, imediatamente voltei ao tempo de "carioca" e me vi dentro dele com vários amigos estudantes e ávidos por um final de semana em Miracema. 

Sim, o ônibus da Viação Rio Ita Ltda, criada por Osvaldo Cardoso Lima, o Suísso, e por José Ferreira Lima, por volta de 1954, me confirma o amigo e padrinho Julinho Cardoso Lima em mensagem via Facebook. A empresa cresceu e ganhou status importantes na região e no interior fluminense, José Ferreira Lima vendeu sa parte para Altamiro Soares e logo em seguida outros sócios apareceram para fazer da Rio Ita tudo aquilo que a gente conheceu até seu desfecho final. 

O grande Suisso, uma das mais brilhantes mentes para negócios da cidade, ainda teve Waldemar Torres, Marcelo Tostes e Hamilton Leite como parceiros e a Rio Ita rodava  da velha capital Niterói e Rio de Janeiro fazendo a integração destas cidades com Miracema, Pádua, Itaperuna, Itaocara e praticamente servindo todo o lado do então Norte Fluminense. 

Claro que não vou aqui contar a história da empresa, não pesquisei o suficiente para falar sobre isto, mas me lembro muito bem das nossas idas e vindas do Rio, ou Niterói, principalmente nos feriados prolongados, quando era preciso colocar carros extras para atender a grande procura dos jovens paduanos e miracemenses que vinham atrás das namoradas ou das festas nas cidades. 

Quantas vezes este escriba veio deitado no chão, escondendo dos fiscais nas estradas? E quantos garotos ficaram sem final de semana na cidade natal por não encontrar passagem? Claro que você, que me lê agora, pode ser um destes e você também pode ter sido um morador das pensões da velha capital, Dona Cecília Padilha  e Dona Judite Neiva foram "mães" de muitos e cada um destes rapazes e moças até hoje garantem que se não fossem estas senhoras protetoras a vida de estudante em Niterói seria bem pior. 

Alemão, Hamilton, Zé Pretinho,  Ernesto Menega ou Antônio, não querendo citar só estes mas já citando como exemplos de grandes motoristas e leais companheiros, coo Julinho, Sebastião Lopes e muitos outros, são inesquecíveis e ficarão sempre na lembrança de todos nós, não queria esquecer ninguém, mas o espaço é pequeno e quem sabe eu faça uma ampla matéria para recordar todos estes guerreiros das estradas? 

Minhas últimas lembranças, como usuário constante da Rio Ita, foram na metade dos anos 1970, quando comecei a namorar Marina, em Santo Antônio de Pádua, e dependia do Niterói/Miracema para voltar para casa, se não tivesse carona somente este carro nos levaria de volta, porém, tem sempre um porém, nunca tinha horário certo e a previsão de passar às onze da noite sempre foi "furada". 

Apenas um caso verdade para recordar esta grande parceria minha e dos meus amigos com a Rio Ita. Festa em Pádua e uma grande turma esperava o tal Niterói/Miracema, cujo horário variava entre meia noite e uma hora da manhã, mas naquele sábado, por ser um feriado de 13 de junho, dia de Santo Antônio, o carro teve problemas com super lotação ou mais paradas do que as previstas, e nada de chegar até lá pelas duas da madrugada. 

Alguém gritou? "Vamos a pé?". Noventa por cento topou, meninos e meninas de Miracema ganharam a estrada e partimos determinados a fazer os 15 quilômetros no famoso "via canela". Andamos conversando e em ritmo normal, de quem deseja mesmo passar o tempo para pegar o ônibus em algum lugar do trecho, mas a caminhada foi ficando mais séria, até uma lanterna apareceu não sei de quem, e quando vimos já era quase quatro da manhã e nada do ônibus. 

Ali, onde hoje está o Miracema Campestre Clube, praticamente na penúltima curva para chegar a cidade, o ônibus surgiu e sabe o que aconteceu? Não parou porque ninguém fez sinal, parecia que todos haviam combinado em terminar o percurso a pé, seja lá o que Deus quiser.

Depois de longo tempo chegamos a terrinha, exaustos,  mas felizes por encerrar o trajeto na boa e sem algum problema, foi o único dia em toda nossa trajetória de estudante ou trabalhador que dispensamos o serviço da Rio Ita, mas quem fez esta caminhada garanto que agora está lembrando comigo a nossa mais dura aventura de quem foi apenas namorar ou paquerar em Santo Antônio de Pádua. 

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