A missa dos domingos

Marina me acorda e diz: - Levanta que está na hora da missa. Eu, que sonhava com minha mãe, me assustei, levantei rapidamente e fui procurar a roupa branca para ficar no altar, ao lado do Padre Alberto, como "coroinha" da Santa Missa. - Onde está a .... Nem terminei de falar e Marina chegou e perguntou: - O que você está procurando?

Caí na real e acordei de verdade. - Você estava falando sozinho ou eu entendi que estava sonhando mesmo acordado? As duas coisas, respondi meio envergonhado. - Eu estava sonhando de verdade, pensava em minha mãe e nos padres holandeses que fizeram história em Miracema e até hoje moram em meu coração. 

E, podem ter certeza, nenhum de nós, que viveu estes dias e frequentou o catecismo com as professoras Climene Moreira e Áurea Bruno, jamais tirará do coração a lembrança destas doces criaturas, "senhoras de Deus", divinas mestras que, ao lado dos padres Alberto, Luiz, Antônio e André, fizeram minha vida religiosa ser o meu porto seguro e a minha lição de família e amizade. 

Claro que faltei muitas missas para descer de "casca de palmeira" pelo morro da igreja. Claro que faltei muitos catecismos para ir para o Rink jogar aquele "racha" com os amigos, mas tenham certeza de que os ensinamentos dos padres e das catequistas estão guardados e até hoje, juro, ainda não consigo responder as perguntas da missa na nova nomenclatura, está tão incutida na minha mente que não dá para esquecer nem mesmo do "dominos vobis com". 

Como esquecer das missas da Semana Santa? Como esquecer das matracas batidas nas procissões e das giradas do turíbulo, que é o utensílio que carrega a brasa e as três colheres de incenso para serem espalhadas pelo altar e abençoar toda a igreja e os fieis? Como esquecer das lições de religiosidade, que na minha opinião era também uma lição de vida, ministrada pelos padres holandeses? 

Sim, deixa uma saudade incrível no peito e na mente mas me deixa também feliz e cheio de esperança que um dia eu verei novamente uma igreja lotada e com fieis apenas voltados para a celebração e não para ostentação de jóias e celulares modernos, além claro, de hoje ser um grande desfile de modas. 

Missa das Crianças, as nove da manhã, era uma festa da garotada, como hoje, e ninguém queria ficar nos bancos do meio da igreja, a preferência eram os laterais, perto das portas de saída, para que o movimento do entorno da Igreja de Santo Antônio não fosse perdido e em qualquer movimento dos amigos a escapulida era mais rápida e a reunião na portas era o que havia de melhor, principalmente na hora do sermão do Padre Alberto. 

Sem gargalhadas, por favor, relembre estas passagens de sua vida em silêncio e com orações para Ele, os padres holandeses, e para nossas mestras queridas e saudosas Climene Moreira e Áurea Bruno e que Deus abençoe a todos vocês neste domingo de missa na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, aqui na minha Campos dos Goytacazes. 

Comentários

Adilson Dutra disse…
Obrigado, fiquei emocionado com uma mensagem, do amigo daqui (Josélio Rocha) que em lágrimas me enviou um áudio choroso e emocionado. Abraço
Patricia disse…
Show meu irmão. Linda crônica.
Anônimo disse…
Padre Antônio chaves a vovó de Sol. E era mesmo.Ela iluminava a vida
Anônimo disse…
Eu fiz uma viagem no tempo.
Adilson Dutra disse…
Corrigindo pra você, mana> Chamava a Vovó de Sol.

Postagens mais visitadas deste blog

Miracema de luto - Faleceu Dr Roberto Ventura

Revendo textos - O nosso invicto Rink E.C.

Encontros & Reencontos - 90 Anos do Zé Maria