Gol feio não tem valor, mas gol perdido é comemorado

Um gol, segundo Dario, não é feio, e, confirma o Dadá Maravilha, feio é perder o gol. E tem aquela história, da Copa 1970, aquela jogada que Pelé não fez, contra o Uruguai, e ainda aquela jogada mítica, copiada por muitos e acertadas por muitos, contra a Tcheco-Eslováquia, lembram daquele chute do meio campo? 

Pois é, tem aquele gol de mão, aquele gol com a ajuda do gelo, marcado pelo Dé Aranha, outro com ajuda do apito amigo, e muitos feios que deveriam nem ser citados ou gravados para os programas da noite ou do dia seguinte. 

Gol é gol, jogada bonita é apenas um detalhe, segundo Dario, o que vale é bola na rede para os comentaristas especializados. Eu, como muitos centro avantes ou atacantes do nosso futebol, já fiz muitos gols bonitos, gols em impedimento, gols feios, gols de tudo quanto é jeito, mas não me recordo de nenhum golaço aço aço aço que poderia ter sido narrado pelo espetacular Jorge Cury. 

Já vi muitos gols feitos, aqueles que "até a vovó faria", sendo desperdiçados por craques ou artilheiros, como nos últimos jogos do Flamengo, no ano passado, quando os cabeças de bagre do time fizeram de tudo para não fazer um gol sequer nos grandes rivais. Já vi companheiros chorando por um gol perdido, já vi histórias contadas, mentindo, sobre um gol que ninguém viu mas que o goleador garante ser verdade. 

Agora, cá prá nós, que ninguém nos ouça, sair de campo comemorando um gol perdido, daqueles chamados "feitos", vi, pela primeira vez, no sábado, na pelada do primo Márcio Baby, em Laje do Muriaé, contra os veteranos de Vitória/ES. 

Sentado estávamos, eu mais dois companheiros de Leopoldina, assistindo a bela pelada, e em uma jogada de gênio, de atacante que sabe das coisas, Hamilton Marques, meu velho e querido amigo Bita, recebeu o cruzamento, matou na caixa, chapelou o primeiro, chapelou o segundo e... 

No momento em que estava ele e o goleiro, um branco, ou seria falta de pernas ou raciocínio devido ao pedo da idade e do calor forte da tarde de sábado, Bita olha para o arqueiro e manda nas mãos do camisa um com um peteleco digno de um molecote de cinco ou seis anos. 

Mas, sem querer dar uma de entendo ou ser defensor do amigo Bita, a jogada foi digna de ser narrada por um Waldir Amaral e assinada pelo Marcelinho Carioca, lembram daquele gol de placa lá em Santos? Pois é, se entra seria igual, mas como a torcida era de apenas dez ou quinze amigos, o melhor  mesmo foi ele perder o "golaço aço aço" porque quem iria aguentar o pós pelada? 

Beleza, professor Hamilton, vai entrar na história. Será que alguém gravou? 

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