Um álbum de figurinhas
Conversando
com meu guru, Ermenegildo Sollon, que esta semana está saudosista demais,
entrei na onda e lembrei ao velho jornalista os grandes momentos da infância,
quando, ele na década de 50 e eu na década de 60, corríamos de padaria em
padaria atrás das balas que traziam figurinhas de jogadores de futebol.
Meu avô,
o velho Vicente Dutra, sempre me protegeu nesta hora e, com o apoio da Vó
Maria, soltava sempre uma graninha para as balas recheadas de craques paulistas
e cariocas. – Você teve sorte, eu tinha que ralar os joelhos nas calçadas
engraxando sapatos dos freqüentadores da missa de domingo, na Igreja Matriz,
diz o grande Sollon.
Acredito que todos os garotos daquela época eram fissurados pelas figurinhas do Dida, do Pepe, do Zagalo, do Vavá, do Delém, Garrincha era carimbada, assim como a do Rei Pelé, mas tinham aquelas fáceis, como do Tomires, Pavão, Beline, que eram disputadas no “jogo do bafo”, onde meninos de mão grandes levavam vantagem sobre os das mãos pequenas. As meninas tinham um fraco pelas figurinhas de artistas do rádio e a briga pela do Francisco Carlos, o Broto da Juventude, era intensa.
Na década de 70, por volta de 77/79, saíram uns card’s bonitos, cartolina das grossas, em um chiclete famoso na época. Eram belas figurinhas, bem no estilo europeu, e lá estava eu, novamente, curtindo o velho vício de infância. A Marina, minha mulher, brigava e dizia que era bobagem e jogava dinheiro fora. Retrucava dizendo que era para o Ralph, meu filho mais velho, que já estava crescendo e precisava cultuar seus ídolos.
– Mas ele tem apenas três anos de idade e seu time muda mais do que eu de vestido. Quem é o craque este ano? Dizia toda nervosa.
Conversando
com meu guru, Ermenegildo Sollon, que esta semana está saudosista demais,
entrei na onda e lembrei ao velho jornalista os grandes momentos da infância,
quando, ele na década de 50 e eu na década de 60, corríamos de padaria em
padaria atrás das balas que traziam figurinhas de jogadores de futebol.
Meu avô,
o velho Vicente Dutra, sempre me protegeu nesta hora e, com o apoio da Vó
Maria, soltava sempre uma graninha para as balas recheadas de craques paulistas
e cariocas. – Você teve sorte, eu tinha que ralar os joelhos nas calçadas
engraxando sapatos dos freqüentadores da missa de domingo, na Igreja Matriz,
diz o grande Sollon.
Acredito
que todos os garotos daquela época eram fissurados pelas figurinhas do Dida, do
Pepe, do Zagalo, do Vavá, do Delém, Garrincha era carimbada, assim como a do
Rei Pelé, mas tinham aquelas fáceis, como do Tomires, Pavão, Beline, que eram
disputadas no “jogo do bafo”, onde meninos de mão grandes levavam vantagem
sobre os das mãos pequenas. As meninas tinham um fraco pelas figurinhas de
artistas do rádio e a briga pela do Francisco Carlos, o Broto da Juventude, era
intensa.
Na década de 70,
por volta de 77/79, saíram uns card’s bonitos, cartolina das grossas, em um
chiclete famoso na época. Eram belas figurinhas, bem no estilo europeu, e lá
estava eu, novamente, curtindo o velho vício de infância. A Marina, minha
mulher, brigava e dizia que era bobagem e jogava dinheiro fora. Retrucava
dizendo que era para o Ralph, meu filho mais velho, que já estava crescendo e
precisava cultuar seus ídolos.
– Mas ele tem apenas três anos de idade e seu
time muda mais do que eu de vestido. Quem é o craque este ano? Dizia toda
nervosa.
O mestre Sollon tem suas
idéias sobre o assunto: “Naquele tempo as figurinhas carimbadas, difíceis,
tinham valor maior do que ações da Vale e da Petrobrás na bolsa do abafa. Eram
difíceis porque as editoras colocavam poucas nos envelopes”.
Na porta do Cinema Sete,
uma espécie de Trianon, com todo respeito, para Miracema, os garotos se
ajoelhavam e faziam renhidas disputas enquanto aguardavam o momento de entrar
para ver a matinê das tardes de sábados e domingos. Pelé e Garrincha eram as
mais disputadas, mas no “bafo” ficava difícil de arrumar uma figurinha
arrumadinha para colar no álbum, afinal passavam de mão em mão e sempre
sofrendo com o cuspe e a areia passada nas mãos para dar maior pressão.
Veja só o diálogo travado
entre Sollon e seu neto, apaixonado por futebol, mas que não curte a idéia de
colecionar figurinhas dos craques do Brasileiro
- Vô, não dá, tá
tudo furado.
Olha aqui. O Henrique e o Diego Cavalieri não estão mais no
Palmeiras. O Gil, o Fernandão e o Abel, não são mais do Inter. O Cícero e o
Gabriel se mandaram do Fluminense. Onde eu coloco o Ramires e o Marcelo Moreno,
que eram do Cruzeiro? E o Roger, que era do Grêmio?
- E o que vou fazer
com o Alex Silva, o Hernanes, do São Paulo, o Thiago Neves, do Fluminense,
o Danilinho, do Atlético, que ouvi na rádio deverão se mandar até o fim de
agosto?
- Sabe, vô, valeu,
mas não quero esse álbum furado. Desculpe se te deixei frustrado.
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