Histórias de viagem gente causos = parte 2

Seguindo com as narrativas de causos e fatos de viagem vamos hoje a Paris, Florença e Varsóvia para contar causos ocorridos com brasileiros residentes neste lugares ou companheiros de viagem. 
No saguão do Íbis em Paris - Sentado, fingindo ler o Le Figaro, olhava as imagens de um jogo da Champions League do dia anterior, saboreando um bom vinho, da casa, no hotel em que ficaríamos, em Paris, vejo um homem, bem vestido, andando de um lado para outro e olhando fixamente para onde eu estava.

Pensei. Será que quer falar comigo? Tem pinta de inglês e deve estar me confundindo com alguém. Dei um tempo, e, ao terminar a taça do vinho que tomava, chamei a garçonete e pedi uma jarra, pequena, do mesmo vinho. Estava dando margem para o desconhecido se aproximar e o convidei para uma taça.

Ele, tomando coragem, chegou e foi logo perguntando: 
- Eu te conheço de onde? Em bom português e muito sério. 
Ofereci o vinho, ele aceitou, e respondi. Sou Adilson Dutra, sou de Miracema, moro em Campos, interior do Estado do Rio de Janeiro. 

- Estava certo. Falei com minha esposa que te conhecia e até mostrei a sua foto no site do jornal de Campos, leio sempre a sua coluna em O Diário. Sou de Vitória, no Espírito Santo, moro em Campos há muitos anos e sou dono da franquia da Loja Taco na cidade. 
Antonio e Andréa, dois belos companheiros de viagem durante toda excursão a França, Inglaterra, Holanda, Bélgica e Alemanha. Bacana ter conhecido o casal, que até hoje mantém contato conosco por aqui. 

A camisa do Toti em Florença - O amigo Cacá Motta me indicou uma loja de material esportivo, em Florença, dizendo que era a melhor da Europa e eu poderia comprar camisas de futebol com um preço justo e sem falsificação. E, no primeiro momento livre na cidade de Micheângelo, encontrei a loja e fui pesquisar preços, queria ter uma camisa da Seleção da Itália e procurei o cara do cartão dado pelo Rodolfo, o filho de Cacá. 

Conversei dois minutos com o balconista, simpático e conhedor profundo do futebol do Fiorentina, falamos de Sócrates, Edmundo e de outros brasileiros, como Julinho, que passaram pelo time Viola, mas ao chegar a definir a compra o brasuca me disse.

- Gostei do senhor, sabe tudo de futebol, é fã de Sócrates, que vinha sempre aqui, na cantina ao lado, para ler um livro e saborear um bom vinho, e, por favor, me espere lá na cantina que vou levar a camisa para o senhor. 

Fui até a bela cantina, já acompanhado do novo amigo Denis, saboreamos vinhos e massas e em pouco tempo chegou o brasileirinho querendo me vender a camisa do Toti, o número dez da Azurra, por 50 Euros. 

Lá na loja é 70 Euros e trouxe esta para o senhor. Mentiroso, na loja eram 35 Euros e o cara, além de mentiroso, era um farsante e larápio. Disse a ele que não queria e que voltaria lá para comprar a da loja. 

- Vamos negociar, esta não é da loja, é minha particular, tenho a do Sócrates e a do Edmundo e vendo todas por 150 Euros, insistiu. 

Como não quis muita conversa o cara me deu a camisa e pediu para que eu o desse 10 Euros e tudo resolvido.  Tenho esta camisa até hoje em minha coleção. 

O angu em Varsóvia - Bandeira, um engenheiro cearense, bom de prosa e ótimo compannheiro de viagem, estávamos juntos durante os quinze dias no Leste Europeu, resolvei inovar e gastar seu inglês em um restaurante em Varsóvia, na Polônia. E, olhando o cardápio, me perguntou:

- Jornalista, vai de quê? Eu quero coisa nova, não quero macarrão nem bacalhau, disse.
Eu e Marina pedimos o nosso tradicional prato de massas, um para casa um, e o Bandeira e sua esposa trocaram prosa, em inglês, com a garçonete e fizeram o pedido especial, segundo eles, um "manjar dos deuses". 

E nada de vir a comida do casal, nosso macarrão chegou, saboreamos com prazer, a massa caseira do Leste Europeu é fantástica, pedimos uma outra taça de vinho e outro refrigerante para Marina e nada do "manjar dos deuses" sair. 

E, finalmente, após quase meia hora, chegou o almoço do casal. Um treco com três pedacinhos, mais parecendo aqueles tabletes de Caldo Knorr, e um outro prato, que para mim era Carpaccio, e os dois se assustaram com o tamanho e com o tipo de comida. 

Marta, a esposa, perguntou a Marina. - Que coisa é esta, Marina?
E Marina pediu para provar e mandou na hora. - Pra mim isto é polenta, Marta, sem dúvida alguma. 

Prove e comprove. E o do Bandeira é uma carne crua, tipo aqueles peixes japoneses, que os franceses adoram. 

E o prato era mesmo angú frito, sem dúvida alguma, polenta era elogio e a tal de carne crua, segundo a garçonete polonesa, era um Carpaccio francês.
Pagamos, a minha conta foi a metade da deles, e eles foram para o Burger King, na praça, debaixo de neve, comer um sanduba. 

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