Nossos eternos e gloriosos arqueiros

Sentado, sozinho, em minha poltrona favorita, assistindo a uma desta centenas de partidas de futebol que a minha tevê, por assinatura, me dá semanalmente,  assisto a uma jogada bonita, proporcionada pelo brasileiro Jussiê, que vi crescer aqui no Goytacaz, hoje no Boudeaux, da França, contra o goleirão belga, Mignolet, do Liverpool, da Inglaterra, que me mostraram duas coisas: Ainda existe arte no futebol atual e ainda existe espaço na minha memória para buscar alguns nomes que já me deram a alegria de ver uma baita defesa como a do goleiro belga. 

A jogada foi linda, o Jusiê, bem ao estilo Bebeto, aplicou um bonito voleio, sem tirar o pé direito, que servia de apoio do chão e com o esquerdo mandou lá no alto do gol do Liverpool, em lances normais era "saco", mas Mignolet foi, como dizem hoje, como um gato, buscar em uma "ponte" sensacional, coisa rara nos dias de  hoje e que víamos apenas quando os goleiros dos anos 50 e 60 jogavam sem luvas ou outras indumentárias secundárias e inexistentes no tempo da bola capotão. 

Puxando a brasa para minha sardinha, sem esquecer do Genuíno, do Milton Cabeludo, do Toninho Barão, do Edil e do Vadeco, que eram mestres neste tipo de jogadas, eu também já proporcionei um belo lance deste em um jogo entre Esportivo x Miracema, lá no Municipal de Miracema, o lançamento veio da esquerda, do Vilmar, e peguei da entrada da área, de voleio sensacional, e, como um "gato", Zil, goleiro do Miracema, foi lá buscar no alto do seu gol e até o sizudo Geraldinho, que jogava sempre sério, veio falar comigo elogiando o lance. 

Vi outras jogadas destas, lá mesmo, na terrinha, pararem nas mãos dos arqueiros da cidade, vi Rubinho Camelo fechar o gol e deixar Genuíno irado por não ter feito um golzinho sequer, vi Bizuca parar o ataque do Esportivo ou do Miracema com defesas de fazer um Jéferson, hoje nosso melhor goleiro brasileiro, com inveja e pensando em fazer igual, vi Geneci e Ze Geraldo, ambos Pestana, dizendo que não gostavam de jogar no gol e, quando faziam, eram dos melhores do meu tempo.

Vi Vermelho, lá de Palma, pequenino para a arte de ser goleiro, jogar como Pompéia, aquele do América, que voava como um Constelation, avião da Ponte Aérea Rio/São Paulo na época, ganhar aplausos no Maracanã e por onde jogava. Vi o baixinho, isto mesmo, menos de 1,60m. Mansur, jogar um jogo complicado, na Usina Santa Maria, pelo Torneio Murilo Portugal, e o time do lugar jogando bola pelo alto e ele, o nosso Mansurzinho, fechando o gol e garantindo a vitória da AAM por 1x0 em terreno alheio. 

Vi Zé Navalha, o cunhado do Bizuca, aprender com o mestre a arte de ser goleiro e garantir muitas vitórias do nosso Vasquinho, do nosso Esportivo e muito pouco pela nossa Associação e muito pelo nosso TG 217, que sem medo de ser feliz, formou um dos melhores times da cidade nos anos 60. 
Ah! Vi Tote, o barbeiro, fechar o gol em dois ou três jogos e tomar dezenas de frangos em outras dezenas de jogos, mas vi, com estes olhos, o goleiro do Polaca ser chamado para jogar no Paduano e chegar lá e  ficar sem coragem de entrar em campo e, quando entrou, foram só 30 minutos de jogo e um adeus com sonora vaia. 

Goleiros e atacantes que marcaram suas passagens pelos nossos gramados e que sempre que posso puxo a prosa em qualquer boteco da terrinha para que jamais se esqueçam dele, como jamais vou esquecer do Genésio, nosso goleiro do Banerj e em quem marquei um gol antológico que já contei por aqui e um dia, quem sabe, conto de novo, e como esquecer do Beretinha, que sempre me conta um causo legal para entrar na coluna, que foi sucessor do Genésio, enquanto acidentado, no nosso Banerj e nas peladas do Moreno. 

Comentários

TADEU MIRACEMA disse…
Você vivenciou tudo isso e relembra com grande prazer e até saudades. Tudo o que escreveu praticamente resumindo a Miracema. O que a turma de hoje contará daqui uns anos? Nada! O futebol do interior está praticamente falido. Se está ruim o profissional, podemos imaginar o amador.
Adilson Dutra disse…
Por isto o Guguta Moura me pediu: "Adilson, pelo amor de Deus, não pare de contar nossas histórias, hoje ninguém tem mais nada pra contar". Valeu, obrigado amigo, por estas e outras continuo contando os causos, embora muitos, rssss, acham que aumento ou invento. hahahah

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