Resposta para um intruso curioso

Estava eu sentado e saboreando uma esfirra, no balcão da Kiskina, lá na terrinha, em uma prosa legal com dois amigos da velha guarda, o assunto era as viagens que fizemos ao longo de nossas aposentadorias, quando fomos abordados por um quarto amigo com uma pergunta: “O que vocês veem quando viajam, eu não vejo nada demais nestes passeios”, mandou sem ao menos dizer bom dia! 

Fiquei um pouco calado, procurando uma palavra para responder, mas como sou o mais radical do trio de viajantes esperei pelos dois antes de me pronunciar. O silêncio irritou o chegante, que insistiu na pergunta e queria a resposta dos amigos, mesmo que estes estivessem com a boca cheia e falar com a boa cheia é falta de educação.

Como ninguém falou fui obrigado a dar o meu recado para o apaixonado por Miracema, segundo ele mesmo diz, e  que não sai da terrinha por nada neste mundo. Naqueles dois minutos em que esperei para responder não pensei em outra coisa que não fosse mostrar, com palavras, o que nós, os amantes das viagens,  encaramos por onde passamos, seja aqui ,no Brasil ou lá fora, no exterior.

Acabamos o lanchinho matinal e por isto ficamos livres para continuar a prosa. Chamei os amigos para caminhar um pouco pela Rua Direita em direção ao Jardim de Miracema, para que eu mostrasse ao nosso contestador algo que comparasse com o que vimos em nossas viagens por aí por este mundo de meu Deus.

Saímos da Kiskina e apontei para frente, o prédio onde está o INSS, e apontei para cima, o andar de cima do prédio onde estávamos, a residência de Dr. Assed Efren Kik, e disse para ele: Em qualquer lugar do mundo estes prédios estariam tombados pelo patrimônio histórico e estariam pintados, reformados e usados como ponto turístico. Citei o exemplo de Varsóvia, 95% destruída durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, que foi reconstruída exatamente como era e hoje é um pólo turístico que atrai milhões de visitantes durante o ano.

Fomos subindo e fui mostrando o que a cidade tem e comparando com o que vimos em nossas andanças, os dois companheiros concordavam comigo e o “intruso” já começava a questionar e a fazer perguntas incríveis, como: “Lá fora vocês não veem calor humano como a gente vê aqui”, aproveitou a oportunidade de dar o seu pitaco ao ver que, de dez em dez metros, um amigo parava o quarteto para um abraço e para um olá.

Certo, mas não saímos daqui par sentir o calor do nordestino, do sulista, do nortista ou dos europeus, saímos para ver os castelos, os cassinos, os museus, as praças como esta nossa daqui, estávamos chegando a Praça Dona Ermelinda, meu local preferido na cidade, que se estivesse em qualquer capital da Europa seria bem melhor tratada do que hoje, veja só, mostrei ao “intruso” o descuido que a municipalidade tem com a nosso Fonte Luminosa (no dia em que vimos estava bem descuidada);

Este jardim é belo e poucos lugares tem um como este, disse eu e, finalmente, recebi um oba e um sorriso do nosso contestador. Este jardim, esta praça, se fosse lá no Sul Brasileiro, estaria funcionando dia e noite jorrando água e mostrando a beleza da fonte inaugurada na década de 60 pelo então prefeito Altivo Mendes Linhares. Hoje, não sei porque, está ali servindo apenas de enfeite e nos dando motivos para recordações.
Andamos um pouco mais e chegamos até a Igreja de Santo Antônio, que está em reforma e torcemos para que seja restaurada de acordo com o que era e que os responsáveis abram as portas para visitação e que a secretaria de turismo da cidade a use como cartão postal de Miracema.

Aí fiquei sabendo que a Prefeitura deixou o tradicional prédio, em frente a minha velha residência, e foi para o antigo fórum, na Av Nilo Peçanha. E o prédio velho, o que será? Um museu? Um local de visitação e de turismo? Perguntei ao contestador e não obtive resposta.

Aliás e a propósito, onde está o “intruso”? Os meus dois companheiros estavam comigo e o quarto, aquele que contestou nosso gosto por viagem, já tinha se mandado sem sequer dizer adeus. E então eu pergunto daqui, para quem possa me responder: O que temos no velho prédio da Prefeitura, um museu? Um local de visitação turística? 

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