As canções de Sabat'o



Na sua despedida de Campos, onde ficou por algum tempo comandando o basquete masculino do Automóvel Clube, Zé Boquinha me presenteou com um CD de Sérgio Augusto Sarapo, Sabad’o, onde o cantor/compositor conta, em detalhes seus momentos em Santa Bárbara do Oeste, que me fazem recordar da minha infância/juventude lá na terrinha.
Ouvi, pela primeira vez, ao lado do amigo que se despedia. Fiquei encantado com que lia, nas letras impressas na capa do CD, e a cada verso, a cada música, as lembranças da minha terra aflorava, para espanto do Zé Boquinha, que ficou perplexo com minhas comparações.
Coloquei o CD novamente prá rodar, ladeado de amigos da velha guarda, e começamos a enumerar as coincidências que marcam vida de um cidadão de Santa Bárbara do Oeste, como José Roberto Lux  e este que vos fala, Adilson Dutra, nas canções de Sérgio Augusto.
Logo de cara, na música que abre o disco, que ao invés de “Minha Santa Bárbara” poderia ser “Minha Miracema”, as lembranças da farmácia, da igreja, do jardim e até um bar, que na letra original seria do Bachim, mas na minha versão poderia ser do  meu saudoso pai, Zebinho. 
Quando fui até  Americana, cidade bem próxima de Santa Bárbara do Oeste, visitei a Sorveteria Popeye, para saber se realmente tinha algo a ver com a sorveteria do Abdo. 
O Popeye é bem maior, porém, tem sempre um porém, tem o mesmo clima de amizade no ar e um ponto de encontro de jovens e dos casais da cidade. Será que na saída do cinema ali também era o ponto de encontro da turma do Sérgio e do Zé Boquinha?


Na faixa três parece que encontro meu amigo Edil, lá de Venda das Flores, que nos deixou cedo demais, com sua bela história e toda trajetória de boleiro, namorador e um baita camarada. Sérgio Augusto Sarapo conta, em sua letra, a história do Zé Maria, que namorava às quintas-feiras, mas infernizava na área e sua chuteira não tinha medo de cara feia, como as do Edil.


Não sabia se chorava. Não sabia se ria. Não sabia se chamava meus amigos para ouvir “Causos e Coisas”, “Pharmácia” ou “Lingua do P”, mas tinha certeza de que eles, se ouvissem “Amigos” desceria de cada uma das faces lágrimas de saudades do Professor Nézio.
O poeta lembra do seu ginásio, do seu basquetebol, da Usina e do jogo de botão, o suficiente para voltar no tempo e ver o Seu Nézio nos ensinando as primeiras lições de basquete na quadra do ginásio ou nos banhos de ribeirão nas águas do Santo Antonio, lá na Usina Santa Rosa, onde amigos se reuniam para o nado vespertino.
Mas ao ler a letra de “Bailes”, cá prá nós, a coincidência aumentou e a certeza de que as cidades de Miracema e Santa Bárbara podem estar distantes, mas seus filhos viveram as mesmas emoções, as mesmas sensações nos aero clubes de nossas vidas.
“Escuta, moço, que é que você tem no bolso? Como é que fica quando a música parar?” Você vivenciou ou não esta situação? Parece até o velho Edmundo tomando conta dos bailes do grêmio ameaçando os alunos com suspensão por estar em situação vergonhosa, segundo ele.
A resposta parecia estar pronta, mas Sérgio Augusto foi feliz no complemento: “Onde já se viu dançar com drops Dulcora no bolso?” 

Amigo, alma de guri voltando ao tempo. Tempo em que batíamos um pinho, eu, Luiz, Guilherme e Zé Maria e outros, sentados nos bancos do jardim, após cabular uma das aulas de artes ou religião.
É, meu amigo José Roberto Lux, nada como ser da geração 50/60. Nada como viver intensamente nossa infância ou juventude. Nada como ser feliz quando criança para não ser um estúpido qualquer quando adulto. 
Só prá fechar nossa conversa desta semana aqui no Dois Estados, cante comigo “Auto falante 9 de julho”, que me remete ao Cine Sete e ao cineminha do Zé de Assis, além, claro, do Jorge Ripada e seu serviço de sonorização da Praça Dona Ermelinda. Ali, ao lado do Mocinho e do Nicanor, aprendi a locução e onde aprendi os boleros. Aquele galpão e aquele coreto são os mesmos da Praça 9 de Julho. 


Um abraço poeta e “conterrâneo” Sérgio Augusto Sarapo, você cantou para sua Santa Bárbara do Oeste, mas seu amigo desconhecido está cantando suas poesias para nossa inesquecível Miracema. 

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