O CENTRO HISTÓRICO DE MIRACEMA

O que é um centro histórico de uma cidade? É tudo aquilo que um dia foi história e, certamente, onde tudo começou. Correto. Então o centro histórico de Miracema seria na Praça Dona Ermelinda e seu entorno?

Certo? Não. Pelo menos no ponto de vista de algumas pessoas da cidade o Centro Histórico é tão somente a Rua Direita, que anos atrás era o pulmão do município e hoje, infelizmente, o que resta são os poucos casarões que embelezam a atual Rua Marechal Floriano.

Em coluna especial, no meio deste ano, sugeri que este nome, Marechal Floriano, fosse retirado e que a Rua Direita se dividisse em quatro partes, cada uma levando o nome de um dos heróis da emancipação, ou seja, “Os Quatro Diabos”.

Uns gostaram e outros me criticaram, mas é apenas uma opinião de um miracemense ausente e você pode ter a sua que não contestarei em hipótese alguma.

O centro histórico não tem mais os bazares, como a casa Cacheado, os armazéns, como o do Seu Pinheiro, as sorveteiras, como a do Abdo, os bares, como Pracinha, Leader, Mocambo...

O Vavate saiu e deixou o Zé Careca, que deixou os filhos e hoje o espaço não é mais aquele tradicional ponto de encontro de boêmios e amantes da sinuca, também já contei aqui neste pedaço.

O centro histórico não tem mais as lojas de materiais de construção do Neffá e do Jofre, não tem mais o magazine Lolinha ou os hotéis Palace e Braga, isto sem contar com o que já fechou um pouco mais acima, como a Fábrica de Tecidos, o Café Moka, o Hotel Barros e a famosa casa do Garcia, onde um jacaré empalhado era o destaque na fachada da loja.

Se a Rua Direita é o centro histórico o seu entorno deveria ganhar a mesma homenagem, porém, tem sempre um porém, não há mais a sociedade musical, de XV de Novembro, ali na Rua das Flores.

A “Furiosa” hoje é saudade. Ainda bem que a Sete de Setembro está em pé, mas em seus salões não há mais "arrasta pé" no famoso salão do Primavera Clube. O cinema Sete, logo abaixo, já faz parte do acervo da saudade.

O supermercado Magacho, do bom Clandírio, também não está mais no centro histórico, aliás, não está em lugar nenhum, ele se foi quando o seu proprietário também deixou este mundo de meu Deus.

Bem, ainda resta o Bazar Leader, que está de pé e com cara moderna e hoje tem nome e estrutura diferente daquela que um dia foi a única da cidade a atender toda região. Aliás, diga-se de passagem, o Rei dos Barateiros também sobrevive e a Samaritana está de pé e a ordem, felizmente um parágrafo otimista.

Nos tempos modernos o chamado Centro Histórico de Miracema já não “bomba” mais, usando o linguajar dos mais jovens, aliás, estes não desfilam pelas calçadas e nem sentam nos degraus do Crédito Real, que deu lugar a Caixa Econômica, a espera do par perfeito.

Nos tempos atuais apenas o barulho dos carros de som, dos jovens descolados, fazem ruído no único ponto de encontro da Rua Direita, o Kiskina Bar.

A Praça Dona Ermelinda foi modificada, deram a ela a cara dos anos 30, e o jardim, belo e bem cuidado, continua o mesmo.

O futuro não foi legal com o chamado Centro Histórico de Miracema, de história mesmo, repito, só sobraram alguns casarões, muito pouco para quem ganhou o apelido magnânimo de seus apaixonados moradores.

Não podemos culpar quem quer que seja, afinal isto é o progresso e como ninguém “brigou” por isto no momento certo o tempo passou e a história do município só pode ser vista através de fotos ou por narrações de contadores de causos ou por historiadores apaixonados pela nossa Miracema.

Comentários

Gilberto Dantas disse…
Muito boa e gostosa crônica, meu amigo Adilson. Fica realmente muito difícil escolher um lugar.Lembro que existe um pequeníssimo monumento lembrando a emancipação de Miracema em frente à Miragás, na rua Direita.Mas como miracemense honorário vou dar o meu pitaco: Voto na Praça Da. Ermelinda e seu entorno (que englobaria a rua Direita),onde tudo começou. Feliz Ano 2011 para você e toda sua maravilhosa família.Gilberto Dantas
Unknown disse…
O que há de mais marcante na historiografia miracemense é o nome dona Ermelinda, não é mesmo?
E,a meu ver, o conjunto arquitetônico formado pela Igreja,Prefeitura,Corêto,Jardim e acrescida de seu entôrno formado por residências e pontos comerciais( `Padaria do Garibaldi,Farmácia do Scílio,Bar do Seu Vicente,Tiro de Guerra,etc ) é que animam,dão vida e justificam a Praça que leva seu nome.
Nêste perímetro, verificou-se, no decorrer dos tempos, muitos acontecimentos históricos que escreveram uma parte significativa do município.
Adilson Dutra disse…
Eu concordo com Gilberto e o César, a Praça Dona Ermelinda tem um Q todo especial para ser o Centro Histórico da Cidade.
Abraços a todos
AngelMira disse…
Bela crônica, caro Adilson, que relata alguns importantes motivos que justificam a existência do Centro Histórico de Miracema. Como disseramos comentaristas acima, bem comentados, o Centro Histórico, oficialmente, engloba todas essas regiões. Qualquer hora divulgo no blogue o mapa do centro histórico de Miracema tal como reconhecido p Município e pelo Estado do RJ.

A Rua Francisco Procópio, onde ficava o supermercado do Clandírio é parte do Centro Histórico e talvez um dos conjuntos, naquela calçado, mais conservados.
Angeline disse…
Existe uma demarcação da área que é reconhecida oficialmente como centro histórico. Ao que me parece envolve toda a área sugerida por aqui até agora.

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