MEUS AMIGOS INVISÍVEIS

Eu convido você para um passeio comigo. Não um giro por algum lugar, mas um passeio virtual e mental para relembrar alguma coisa que vivemos juntos nestes longos anos de amizade e companheirismo.

Você se lembra dos bons bailes no Aero Clube? Lembra quando a gente subia as escadas já sabendo o que nos aguardava por lá? Bons conjuntos, lindas meninas e moças malucas para se esconderem dos pés duros. Será que estou falando com um destes? Eu ficava só na espreita, a espera de um deste se aproximar de uma garota bonita para eu entrar na dança. Sabe por quê? Eu conto.

Eu dançava muito bem e tinha um jeito especial de levar a menina no meio do salão. Elas sempre davam um jeitinho de fugir do rapaz cintura dura e me chamar, com um gesto ou um sinal, para a próxima contra dança. Você ficava me olhando com cara de malvado e ficava p... da vida comigo, não é mesmo?

E nas peladas do Ginásio, você, um becão desastrado, sempre ficava de fora das escolhas, feitas no “par ou impar”, mas não desistia nunca. Lembra-se daquela tarde chuvosa, quando faltou gente prá caramba para o “racha” do dia? Isto. Você nem foi olhado, ficou de fora enquanto um dos times jogava com um a menos. O líder da turma só gargalhava e, você, cabeça de bagre, nem era notado.

Mas você, meu caro companheiro, pode ter sido um dos principais personagens do primeiro Festival da Canção, promovido pelo Grêmio Estudantil Alberto Oliveira, o GEAO. Este festival marcou época na cidade. Eu sei que fizeste um tremendo esforço para que tudo desse certo e levou os créditos por total merecimento. É meu amigo, o tempo passou depressa e lá se vão mais de quarenta anos do primeiro Fecami, que foi realizado no Cine XV.

Você jogou no Vasquinho? Eu me lembro muito bem do amigo, bom de bola você não era, mas gostava de treinar, como ninguém, e sabia como encaixar a força com mediana qualidade técnica. O Bizuca, nosso treinador, sabia tirar proveito de sua vitalidade, né mesmo?

Não dá para esquecer os momentos, bons por sinal, vividos no Rink, no Colégio Nossa Senhora das Graças, onde muitos de vocês conviveram comigo e vivenciaram ótimas passagens desta turma maravilhosa que formávamos. Os “rachas” na quadra do jardim foram memoráveis e alguns se revelavam com maior qualidade, você foi um destes, não? Claro que foi, sempre modesto, mas não adianta esconder de todos nós, que sabemos como você jogava bem o futebol de salão.

E você aí, que um dia brigou com seu futuro cunhado só porque ele queria beijar na boca de sua irmã? Que pecado! Isto não pode. Foi correndo avisar sua mãe, isto mesmo, falou com a mãe, pois se falasse com o pai ele viria correndo prá pegar a guria pelos cabelos na frente de todo mundo lá nos degraus do Banco de Crédito Real.

Rapaz, o tempo passa, mas a memória continua acesa. Participamos juntos dos bailes de carnaval, aqueles matinês lá no Primavera, você sempre descia para tomar umas e outras no Bar Rio Branco, eu não bebia, mas ficava na minha e nunca fiz vexame no salão.

Você sim, meu amigo, já caiu embriagado, aos pés da sua paquera, e “apagou” em frente a obra da casa do Vavate, ali na Rua Direita, depois de cheirar uma lança com mais força. Tá lembrado? Esqueceu? Eu não, meu chapa, lembro de tudo isto, mas tenho certeza que você também. Eita tempo bom aquele, né mesmo? Ninguém cobrava nada de ninguém e nossos pais eram durões, mas perdoavam estes deslizes de juventude.

Um dia, meu amigo, você fez troça do amigo desajeitado e sem graça, que tentava dançar lá no Grêmio do Nossa Senhora das Graças, o nosso Geao, riu do rapaz e quando foi dançar, com aquela sua garota favorita, tá ligado? O cara que tomava conta do som botou um disco do Simonal, com aquelas músicas mais animadas, e você se descontrolou e fez como o amigo que você debochara momentos antes, tive que socorrer para que não passasse vergonha. Tá lembrado?

Quem são estes personagens? Devem estar se perguntando. Eles existem e marcaram minha vida com amizade e carinho e por isto deixo a sua imaginação funcionar e se sinta um destes citados por aqui. O texto é uma homenagem, sincera, a todos os amigos que dividiram comigo momentos de felicidades. Obrigado a todos vocês.

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