TODAS AS COPAS DE MINHA VIDA - II

Paramos, o primeiro capítulo, em 1970. O espetacular time brasileiro levantou o terceiro título no México e deixou saudades em todos nós e espalhou a fama do futebol tupiniquim por todos os continentes. Hoje seguimos com a narrativa sobre o maior evento esportivo do planeta bola, a Copa do Mundo de Futebol.

A Holanda assombrava o mundo em 1974 e eu, aos vinte e quatro anos, estava noivo e de casamento marcado com Marina, com quem divido as alianças há 34 anos. O emprego na Vepasa era excelente e os dez salários recebidos me deram a chance de comprar uma TV novinha e assistir, no meu quarto, o segundo título da Alemanha, que mais uma vez bateu o maior favorito da Copa, desta vez em casa, diante de milhões de alemães extasiados com o futebol dos bávaros.

Argentina/1978 a Copa da Ditadura Militar e da frustração de muitos brasileiros, este que vos fala inclusive, que fizeram planos para ver de perto a primeira Copa do Mundo e foram impedidos pela segurança e por alguns membros do exército brasileiro, temendo algo de ruim em território platino. O Brasil foi bem e todos admitem que os donos da casa ficaram com o titulo por manobras militares extra-campo e até hoje os brasileiros e consideram campeões morais.

Esta copa não foi de boa lembrança para mim. Desempregado, após a crise mundial do petróleo, que provocou o fechamento da revenda Ford em que trabalhava, e com o Ralph a tira colo. Vivi momentos de grande angústia e as dívidas se acumulavam após o fechamento da Friolândia, um comércio de frios onde tudo deu errado.

Antes do final da Copa de 1978 um “pai’ novo aparecia em minha vida - Neffá Murched El-Kury, que não deixou a peteca cair e me levou para trabalhar com ele em sua loja de material de construção.

Vimos juntos a decisão de Buenos Aires na minha televisão colorida, uma das primeiras da cidade, que foi comprada em dez suaves prestações e deixou um lastro de inveja para muitos amigos e figurões da cidade.

A televisão a esta altura tomava conta do país e a Globo se fazia presente em todo o território nacional. Um dos comentaristas enviados a Espanha, para cobrir a Copa do Mundo de 1982, era o meu amigo e conterrâneo José Maria de Aquino, que recebeu homenagens da cidade na mesma proporção que o time de Telê Santana, o grande favorito para o título de Campeão do Mundo.

Gisele já chegara e o emprego no Banerj também já era realidade. A vida deste cronista começara a mudar e a volta por cima estava se completando. Só faltava o Brasil cravar a vitória para a alegria da turma que se reunia no Mocambo, do saudoso amigo Nêgo, após o fechamento do banco.

A final eu vi em casa, naquela TV colorida, já com imagens mais nítidas, mas o final foi como a de um filme de triste: Eu e Ralph, o primogênito, choramos copiosamente ao final do jogo contra a Itália, em Barcelona, lamentando os gols de Paolo Rossi e as falhas nas conclusões de Zico, Sócrates e Cia ltda.
Após um terremoto na Colômbia, onde seria realizada a Copa do Mundo de 1986, o grande circo do futebol voltou ao México e pela primeira vez amigos meus foram ver de perto a mais famosa contenda futebolística do planeta. João Moreno e Geneci Pestana Alvim foram até o país azteca e viram de perto a vitória dos argentinos e os gols antológicos de Maradona naquele jogo contra a Inglaterra.

E como detalhe importante o Leandro já chegara e o escriba aqui já estava com residência fixada em Campos, que ainda não era dos Goytacazes, e desta vez a Copa do Mundo foi vista no prédio do Banerj e as televisões já tinham polegadas a mais.

Finalmente realizaria meu sonho de ver, in loco, uma Copa do Mundo. Fiz previsões e provisões economizando o bastante para ver a Copa de 1990, na Itália. Porém, tem sempre um porém, no dia 16 de março daquele ano o então presidente da República Fernando Collor de Melo, juntamente com a nefanda figura da Ministra Zélia Cardoso, me levaram, na marra, os oito milhões de cruzeiros da passagem e da hospedagem para ver a primeira fase da copa.

Com certeza não foi um bom ano para ver os jogos da copa e por isto não curti muito mais uma vitória da Alemanha, em final contra a Argentina, mas pelo menos isto me deixou aliviado, os platinos perderam mais uma final.

Ainda tem mais um capítulo. Aguarde.

Comentários

Anônimo disse…
Eu me lembro do papai e do vovo ouvindo a copa de 58 naquele rádio do bar. Saudades

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