OS BONS TEMPOS DA “LATINHA” II


Prometi e aqui estamos novamente a contar os bons momentos deste repórter e, de acordo como combinado iniciamos com o papo com Telê Santana, no Hilton Hotel, em São Paulo, antes do jogo final das Eliminatórias para a Copa de 1986, contra a Bolívia, no Morumbi.

Passei o dia inteiro no hotel, levado pelo José Maria de Aquino, e por lá um grande movimento entorno dos craques e da comissão técnica. Falar com os jogadores era praticamente impossível, mas com este jeito simples e com cara de quem não está fazendo nada por ali, fiquei colocado com o Robério Gata Mansa, o assessor de imprensa da CBF, que foi com a minha cara e me deu guarida para encostar na turma e no bar do hotel.

Por ali, sempre às escondidas, passaram Sócrates, Careca, Renato, Leandro e Mozer, com quem abri um papo falando de Miracema e de sua visita a cidade, em 83, com a seleção carioca de juniores. Mozer disse que se lembrava e nos tornamos “amigos de infância”. Sócrates, amigo de Zé Maria, foi avisado de minha presença, tomando uma cerveja no balcão do bar, e por ali apareceu e, ao pegar o copo para filar o gole, foi puxando assunto e a prosa fluiu numa boa.

Fiz grandes entrevistas para a Difusora e para a Princesinha, de Miracema, mas precisava falar com Telê Santana, treinador brasileiro, que não dava bola para imprensa e não queria papo com ninguém. Já era tarde e Telê chegava de uma partida de tênis, na quadra do hotel, e não parou para conversa diária com os repórteres, entrou reclamando e chamando todo mundo de chato.

Sócrates o esperou na porta do elevador e disse: “Professor, aquele rapaz andou dois mil quilômetros (exagero) só para conversar com o senhor e vai deixar o cara na saudade?”

- Ele é de onde? Perguntou Telê.
- Sei não, pergunte a ele, disse Sócrates.

Eu cheguei, me apresentei como sendo de uma rádio interiorana, de Miracema, interior do Estado do Rio, e que pretendia pelo menos cinco minutos de conversa com ele e que já havia gravado com Sócrates, Mozer, Renato e Leandro.

- Logo vi, você estava no bar e só entrevistou a turma que gosta de uma cerveja, por isto estão fazendo força para eu falar contigo. Mas vamos lá, vou conversar com a sua rádio.

Chamei o treinador para sentar, ele espantou e riu da minha audácia, liguei o gravador, antes eu testei para ver se não tinha esquecido de acionar a tecla de gravar e iniciamos um papo de quase meia hora falando sobre o time, sobre Minas Gerais, pescaria, tênis e muitos assuntos que o treinador não falava em suas entrevistas diárias aos companheiros de imprensa.

Despediu-se com um abraço e com uma palavra de carinho para este repórter, que no dia seguinte reproduziu tudo aquilo, sem editar, pelo telefone público e os ouvintes da Princesinha ficaram felizes por terem ouvido uma exclusiva com Telê Santana, o mais badalado treinador naquela época de futebol arte e brilhante de nossa seleção.

Tem ainda os vexames dos meus convidados, as alegrias de torcedores que levei para papear com seus ídolos, as aventuras em estádios acanhados por este Brasil do Futebol. Aguardem.

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