HISTÓRIAS DE FLAMENGO E BOTAFOGO

Domingo de Botafogo x Flamengo é dia de reunião de família, lá na “terrinha” e de grandes emoções em outros lugares deste imenso país do futebol. Arthur Emílio e Rafael, pai e filho, botam o retrato do velho Olavo na parede e pedem proteção a todos os santos que passarem no momento das orações. Maria Celeste prepara o tira-gosto, que muitas vezes não é servido tal é a tensão na varanda do quintal da Rua Nova.

A cerveja, que chega geladinha lá do armazém do João, volta prá geladeira à espera de um gol do Fogão, que sempre é comemorado de joelhos com pai e filho abraçados como se fosse um agradecimento ao Olavo, que lá de cima olha por filho e neto com aquele olhar de quem passou por aqui e viveu momentos bem melhores com o seu Botafogo.

Domingo de Botafogo x Flamengo é dia de tirar do armário a camisa de Mauro Galvão, presente que Marquinho ganhou do afilhado de casamento e que até hoje guarda para ocasiões especiais. Hoje, domingo, não tem jogo decisivo e não é jogo especial, mas para Sebastião Marcos, meu afilhado, lá em Sto Antônio de Pádua, este jogo não é qualquer um e tem presença de estranhos em seu terraço lá no Dezessete, afinal o Zé Antonio está com o manto rubro-negro e quem perder é responsável pela conta da cerveja, pois a carne e os quitutes ficam por conta da Angélica.

Duas histórias e dois personagens distintos, mas a vida de flamenguistas e botafoguenses é contada assim em dia de clássico e, principalmente, quando este envolve fuga do rebaixamento ou decisão de título, e hoje um, Botafogo, precisa vencer para fugir da degola, outro, Flamengo, tem que somar pontos para se aproximar do Palmeiras, que deu bobeira no meio de semana e está na alça de mira dos perseguidores.

Daqui pra frente um relato dos clássicos maravilhosos entre Botafogo e Flamengo, que sem dúvida marcaram para todos nós, amantes do bom futebol, principalmente quando em campo estavam Nilton Santos, Dida, Garrincha, Didi, Zico, Júnior, Leandro, Manga, Raul, Paulinho Valentin, Zagalo, Henrique, Babá e tantos outros craques que passaram pela bela história destas duas maiores forças do futebol brasileiro.

Só deu Mané Garrincha - Se o Botafogo empatasse, adeus ao título carioca de 1962. Mas com um time daqueles (Manga, Paulistinha, Jadir, Nilton Santos e Rildo, Aírton e Édson, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagalo), o alvinegro era favorito contra o Flamengo. Tarde de gala no Maracanã e o Brasil ligado na partida, que começou com uma investida fulminante de Dida, a bola raspando a trave de Manga.

A pressão rubro-negra durou até que Garrincha, ganhando de Jordan, chutou cruzado e rasteiro no canto, sem defesa para Fernando: 1 a 0. Aos 35min, Amarildo, mesmo com estiramento na coxa, toca para Garrincha, que dribla dois, cruza para Quarentinha que emenda para o gol: 2 a 0. O Botafogo estava à vontade, imprimia ao jogo um ritmo cadenciado, na base do toque. Aos 2 minutos do segundo tempo, Garrincha fecha o placar, 3 a 0. E tome festa alvinegra.

O jogo da forra - E a vingança veio, nove anos depois daquele 15 de novembro de 1972, pelo Campeonato Carioca. O primeiro gol foi aos 6 minutos de jogo: Nunes, emendando cruzamento de Adílio. Aos 27, tabela de Nunes e Adílio, a bola que estoura na defesa e volta para Zico fazer 2 a 0. O Botafogo não consegue passar do meio-de-campo. Aos 33, Lico aumenta, 3 a 0. Seis minutos depois, Adílio faz o quarto, escorando de cabeça uma falta de Zico. “Seis, queremos seis”, grita a torcida rubro-negra.

Quando a bola sobrava para Jairzinho, único remanescente do Botafogo vitorioso, a torcida silenciava em respeito aos 3 gols que fizera naquele dia. Aos 29 minutos, Rocha derruba Adílio na área, Zico bate o pênalti com raiva e converte: 5 x 0. Faltando 3 minutos, Adílio centra da esquerda, Zico sobe na área, Jorge Luís rebate para fora, mas na medida para Andrade, o camisa 6, que fulmina no ângulo esquerdo de Paulo Sérgio. O 6 a 0 estava devolvido.

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