As lições do mestre Alcir Fernandes de Oliveira, o Maninho

Não sou um estudioso convicto do futebol, mas gosto de ler, ouvir e conversar sobre táticas com os entendidos e sobre esquemas modernos, praticados pelos grandes treinadores do futebol de hoje. As vezes me pego comentando, comigo mesmo, os sistemas usados pelos técnicos brasileiros, no Brasileirão, e pelos europeus, nos Nacionais de lá e na Champions League, e escrevo no meu arquivo de computador o que penso a respeito deles. 

Gosto muito do Tite, não de suas convocações "apadrinhadas", e vejo nele um técnico moderno, estudioso e competente, o Carille, do Corinthians, aprendeu muito com ele e está subindo na carreira por ser humilde. Gosto do trabalho do Mano Menezes, só manchou sua bela carreira quando "fugiu" do Flamengo com medo de não salvar o time do rebaixamento. Gosto do Luxemburgo, que quando teve humildade e jogadores de ponta foi um baita estrategista, e de outros que não vou citar por falta de espaço porque onde quero chegar é em um passado distante. 

Quero chegar nos anos 60 e na minha Miracema, que me perdoem aqueles que acham que falo demais na minha terrinha, e, chegando lá, eu chego a Alcir Fernandes de Oliveira, o Maninho, um craque quando jogador, até Telê Santana elogiou o lateral do Ribeiro Junqueira, de Leopoldina, que brilhou na Zona da Mata Mineira, e um técnico talentoso e bem acima do seu tempo, eu diria até que era um visionário. 

Vejo hoje todos, eu disse TODOS, os times de ponta do mundo jogando ao estilo Maninho, quando meu técnico no Tupã e na Associação Atlética Miracema, armava seu time sem laterais de ofício, hoje José Mourinho, no Manchester United, e Antonio Conte, no Chelsea, usam atacantes velozes como alas, e Manino usava Manoel Lima por ali, e atacantes velozes, que a gente chamava de centro-avantes, pelos flancos, como fez comigo e com Ném. 

Conversava muito com o Maninho sobre táticas e sistemas de jogo, aprendi muito com ele e usei todos estes ensinamentos para fazer meus comentários no rádio. Certo dia, fazendo comentários para a Rádio Brasil, de Campinas, em um jogo aqui em Campos, Americano x Ponte Preta, o chefe da equipe de esportes da rádio campineira pediu para eu falar com ele no final da partida porque iria me fazer uma proposta. 

Conversamos por mais de vinte minutos, ele tentando me convencer a ir para São Paulo e eu respondendo que não poderia porque meu salário no Banerj era bom e eu não trocaria por nada. "Tenho vinte anos de rádio e estou acostumado a trabalhar com profissionais gabaritados, mas nunca ouvi um comentário como o seu, contou o jogo de forma clara, sem rodeios e mostrou todo o jogo em apenas quinze minutos, quero você na minha equipe", dizia ele. 

Aquilo me deixou cheio de vaidade, uma emissora que tinha Osmar Santos,  o maior narrador paulista de todos os tempo, como mentor e proprietário, querendo levar um cara do interior do Rio? Me enchi de orgulho e pensei comigo mesmo, eu sempre penso comigo, que Maninho realmente sabia das coisas e foi um baita professor. Suas análises, seus palpites em dias de jogos que assistimos juntos, foram assimilados por mim e hoje, tenho certeza absoluta, se vivo fosse ou se novo fosse, estaria em destes times de ponta do Brasil e não faria feio. 

Alcir Fernandes de Oliveira foi meu incentivador, foi um grande professor e hoje, no futebol moderno, nada é diferente daquilo que ele fazia, em Miracema, nos anos 60, e que conversava comigo nos anos 80/90, quando me transformei em comentarista, repórter e narrador, suas lições foram bem captadas e hoje lhe sou grato e o futebol ficou mais fácil para mim. 

Comentários

Beleza de homenagem ao Maninho. Bem ao seu estilo franco, sincero. Gostei bastante.
Adilson Dutra disse…
Obrigado,Saint Clair, ele merecia uma destas, meu amigo querido e saudoso. Me ensinou muito.

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